Estava atrasado para o curso de Teatro e ainda precisava tomar banho. Abri a porta do armarinho do banheiro e coloquei meu celular lá dentro, com pressa. Ele escorregou e caiu. No que tentei pegá-lo no ar, ele bateu na minha mão e voou pra dentro da privada.
Ele acendeu sua luz azul e iluminou o vaso sanitário como um aquário marinho. Foi até bonito!
Ele acendeu sua luz azul e iluminou o vaso sanitário como um aquário marinho. Foi até bonito!
Mas, eu precisava ser rápido se quisesse salvá-lo. O valor sentimental que ele carregava era muito maior do que o seu valor em dinheiro. Imediatamente, enfiei a mão lá dentro e o retirei “ainda com vida”.
Desesperado, peguei a primeira coisa que vi na frente para enxugá-lo. Quando me dei conta de que era uma toalha de rosto, saí voando para a cozinha e joguei o celular na mesa.
Tá certo que a água estava limpa, mas, não deixava de ser a água de uma privada.
Só sei que quanto mais corria, mais cagadas eu fazia.
Abri o celular, retirei a bateria e coloquei tudo na janela pra secar. Peguei a toalha de rosto e joguei fora. Na mesa passei álcool gel, detergente e desinfetante.
Tomei banho, troquei de roupa e fui pro curso. Quando cheguei na esquina de casa, lembrei do celular. Voltei correndo. Encaixei a bateria e liguei. Ele deu alguns apitos como se estivesse engasgado, mas, acabou funcionando. Saí rapidamente e quando estava quase chegando no ponto de ônibus, o “maldito” passou.
Resolvi usar a minha raiva pra subir a pé mesmo.
O celular tocou. Era a minha mulher.
- Sabe o que eu tava pensando?
- O quê?
- Você vai achar que é desnecessário, mas deixa eu terminar de falar.
De repente, fui atravessar uma esquina e uma bicicleta que vinha na contramão a 300 km/h bateu no meu braço jogando o celular longe. Quando o cara já tava lá nos Cafundós do Judas, virou pra trás e disse:
- Desculpa aí!
Pensei: “Cacete! Será que a Volta Ciclística de São Paulo tá passando aqui em Atibaia de novo?”
Abaixei pra pegar o celular. Cadê? Era noite e a luz do poste estava queimada. Continuei procurando e encontrei o que mais temia: um bueiro. Comecei a pensar no pior.
Um tiozinho, dono de uma loja, que havia assistido a tudo, apareceu com uma lanterna. Chegamos perto do bueiro e o iluminamos. Ufa! Não havia caído lá dentro. Agradeci ao bom homem e já estava recomeçando a minha procura quando vi um mendigo sair andando com um celular na mão muito parecido com o meu.
- Ei!
O cara nem deu bola. Corri até ele e disse:
- Esse celular é meu.
- Prova!
Puta merda! Essa resposta eu não esperava. Não tinha jeito, eu teria que negociar com ele.
- Cara, eu te dou uma grana e você me devolve o celular. Pelo amor de Deus! Ele é velho, mas ganhei de presente da minha mulher. Se eu aparecer sem ele, ela vai ficar muito chateada e...
- Quanto você tem aí?
- Hã? R$10,00.
- O quê? Cê tá pensando que eu sou otário. Esse celular vale bem mais do que isso.
- Cara, pelo amor de Deus!
- Mostra a carteira!
- Não!
- Mostra!
- Te dou R$30,00.
- Humm. Tá melhorando.
- R$50,00 e não se fala mais nisso.
- Fechado.
Quando fui dar a grana pro cara, o senhor da lanterna gritou:
- Achei!
Olhei pro mendigo com o olhar fuzilante. Ele encolheu os ombros, abriu os braços e disse:
- Ah, se esse celular não é seu, então é do cara que te atropelou de bicicleta. Eu vi cair no chão.
Voltei pra pegar meu celular. Agradeci mais uma vez o senhor e segui pro meu curso. Tentei ligar pra minha esposa pra retomarmos a conversa.
“Seus créditos expiraram”.
Parei num orelhão. Quebrado. Outro, também. Só 5 orelhões depois consegui ligar pra ela. Caixa postal.
Fui pro curso. Mais tarde, quando cheguei em casa, minha esposa já estava dormindo. O que era muito estranho, já que ela sempre me espera chegar. Tentei acordá-la.
- Hummm! Amanhã a gente conversa – ela disse.
No outro dia, ela estava de cara fechada. Perguntei o que estava acontecendo.
- Ontem você desligou o celular na minha cara e ainda pergunta!
- Não desliguei na sua cara. É que...
Contei toda a história. Quando terminei, ela retomou o assunto do dia anterior:
- Então, como eu tava dizendo ontem: sabe o que eu tava pensando em te dar de presente de casamento?
- Um carro?
- Não. E não adianta você dizer que não precisa, que é besteira. Eu quero te dar isso. Pronto e acabou!
- Não vai me dizer que é uma bicicleta de corrida?
- Pára de palhaçada! Promete que não vai reclamar?
- Prometo! Diz logo o que é!
- Seu presente é...
- Já sei! Aliás, quem tá lendo essa história também já sabe.
- O que é então?
- Um celular.
- Errou! É um CD do Latino.
- O quê?????!!!!!
- Tô brincando. É um celular mesmo.
Hahaha
ResponderExcluirDepois de derrubar o celular na privada, vc ainda perdeu 50 reais pra um mendigo!
Por isso que celular é um mal necessário!
Adorei a figura do mendigo com notebook!
Ri demais!
Parabens!
Abraço Paulo!
P.S. se depois de tudo vc tivesse ganho mesmo o cd do latino, aí sim fecharia o dia com chave de bosta.
ResponderExcluirKaren, o celular é um mal necessário mesmo. E na hora que a gente mais precisa, ou acaba o crédito, ou acaba a bateria ou não tem sinal.
ResponderExcluirAbraço!
Ledier (Ricardão), se ela me desse mesmo o CD do Latino, eu encararia como um pedido indireto de separação.
ResponderExcluirAbraço!
kkkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
"olhar fuzilante pro mendigo"
kkkkkkkkkkkkkk
muito bom!!
Thainã, valeu de novo. rs!
ResponderExcluirrsrsrsrsrsrs! xD
ResponderExcluirmuito bom! ;D
Nana, obrigado!
ResponderExcluirAbraço!