segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A Pergunta




Hoje, fui fazer leitura de luz numa cidade vizinha à Atibaia. No meio do roteiro, bati palmas numa casa e o mesmo tiozinho que me atende há 4 anos perguntou:

- Ah, é você que tá fazendo leitura aqui hoje?

- Sim. – respondi tranquilamente. Embora minha vontade fosse responder:

“- Não. Eu sou o CLONE do leiturista que veio no mês passado. Tá ligado naquela novela do Vale a Pena Ver de Novo?”

Esse tiozinho, todos os meses, me faz as mesmas perguntas. Sinceramente eu não sei se é carência misturada com falta de assunto ou se ele sofre algum tipo de amnésia parecida com a da moça do filme “Como se fosse a primeira vez”, que, aliás, passou hoje na Sessão da Tarde.

Enquanto eu fazia a leitura, ele perguntou:

- Você é de Atibaia?

Bom, se ele perguntou se eu sou especificamente de Atibaia é porque eu mesmo já falei pra ele outras vezes que sou de Atibaia. E se ele sabe que sou de Atibaia, por que ele me pergunta se eu sou de Atibaia?

Respondi:

- Sim, de Atibaia.

Embora quisesse responder:

“- Não, sou de Marte. Mas, a minha mãe, que é mulher, é de Vênus.”

Mas, vai que ele me responde:

“- Ah, mas, na tua placa tá escrito: Atibaia- SP.”

Aí, eu olho pra trás e há uma placa de carro pendurada em mim!

Não! Seria muita loucura!

Antes que ele me fizesse mais perguntas repetidas, me despedi falando muito, pra não o deixar retrucar, e sai andando dali rapidamente.

Terminada a leitura, lá pelas 2 horas da tarde, sentei no ponto de ônibus, suado, empoeirado, cansado, com fome e com sede, quando eis que surge a minha frente ele: o tiozinho das perguntas cretinas.

- Opa!

- Opa.

- Você já terminou?

- Já.

- Tá esperando o ônibus pra Atibaia?

Primeiro: eu sou de Atibaia!
Segundo: naquele ponto de ônibus só passa ônibus para Atibaia. Nem circular da cidade passa ali.

- Tô!

- Quantas leituras você tinha hoje?

- 513.

- 513?!!!

- É.

- E dá tempo?

- Dá. Eu comecei bem cedo.

- E já terminou?

- Sim. Tô esperando o ônibus pra voltar pra casa.

- Mas, você volta depois?

- Não, eu já terminei a leitura hoje.

- Mas, então volta outro no seu lugar à tarde pra terminar.

- NÃO! EU JÁ TERMINEI AS 513 LEITURAS DE HOJE!!!

Depois desse breve momento de exaltação da minha pessoa, abri a mochila e apanhei um livro chamado “Como Conquistar as Pessoas”. Quase enfiei o livro na minha cara pra mostrar pro tiozinho que eu estava lendo e não queria papo.

Silêncio... que durou apenas 20 segundos!

- Você gosta de ler?

- Não, minha mãe tem LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e diz que dói muito.

Ah! Peguei ele!

- O quê? Sua mãe não sabe ler?

- Ai! Esquece!

- Eu acho difícil ler.

Eu também! Ainda mais com o senhor do meu lado enchendo os pacovás!

- Eu tô acostumado desde criança.

- O que você tá lendo?

- “Como Conquistar as Pessoas”?

- Pra quê?

- Pra tentar me relacionar melhor com as pessoas.

- Com todas as pessoas?

- Ah... Talvez. E por que não?

- Mas, com todas as pessoas?

- É! COM TODAS AS PESSOAS! - voltando a ficar irritado.

- E você acha sinceramente que dá pra se relacionar bem com TODAS as pessoas?

Fiquei olhando pra cara daquele infeliz, com a pergunta dele ecoando na minha mente. E acho que se o meu ônibus não tivesse chegado naquele exato momento, eu teria jogado o livro no lixo.

E agora eu pergunto a você: teria ele razão?


sábado, 15 de janeiro de 2011

Propaganda Enganosa - 2


Uma mulher veste uma calça de lycra branca e anda de bicicleta toda sorridente por um parque florido. Vai para casa e algum tempo depois alguém buzina a sua porta. Ela aparece vestida de uma microssaia e desce escorregando pelo corrimão da escada de entrada da casa. Na calçada, vira uma estrela e dá um salto no colo do namorado bonitão que a rodopia no ar.

Agora imagine que essa mulher está menstruada.

Quando eu assisto propaganda de absorvente íntimo, fico com a impressão de que aquela mini fraldinha pode resolver todos os problemas da humanidade.

Onde foi parar a TPM da mulher da propaganda?

E como ela consegue usar roupas branquíssimas (provavelmente lavadas com Vanish), saia, andar de bicicleta, virar estrela e tudo o mais sem deixar escapar uma só gota ou sem o absorvente sair do lugar?

- Ah, mas é que os absorventes agora vêm com abas maiores.

Nossa, mas, então o modes dela deve ter a envergadura de um pterodáctilo!

Outra coisa que não entendo: por que quando eles fazem o teste de absorção do absorvente o líquido é sempre azul?

Certamente estão querendo expandir o público alvo e agora investirão nas mulheres Avatar.

Sem falar que eles afirmam com tanta convicção o poder de absorção do negócio que eu imagino que se uma mulher usando um absorvente pular numa piscina olímpica em 15 segundos a piscina ficará vazia.

Falando em piscina, que tem água, lembrei agora de guarda-chuva.

O cara que inventou o guarda-chuva é o maior engana-trouxa do mundo!

Se você tem que descer de um carro pra entrar em casa e abre o guarda-chuva, ele até resolve.

Agora, quem é obrigado a trabalhar na rua debaixo de chuva (como eu) sabe muito bem que o guarda-chuva não serve pra nada.

Mesmo que o guarda-chuva tenha o tamanho de um guarda-sol, suas pernas e seus pés vão ficar encharcados!

Seu tronco e seus braços ficarão ensopados por causa do vento que sopra na horizontal.

A única coisa que realmente ficará seca é a sua cabeça.

Mentira!

O vento virará o guarda-chuva do avesso três vezes seguidas e 3 varetas vão estourar. Você vai jogar aquela merda fora e chegará em casa com o cabelo parecendo um ninho de pomba com incontinência urinária.

Pior é o nome: guarda-chuva.

Esse objeto na verdade só serve pra agravar o caso de quem sofre de bursite no braço que o segura. Porque na verdade, quem “guarda a chuva” toda no próprio corpo é você.

ODEIO guarda-chuvas!!!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Pequeno Pônei - parte 5

Quando eu tinha 12 anos e o videocassete era o “último grito” em tecnologia, estava assistindo a um filme na casa do Pequeno Pônei quando, subitamente, ele se levantou e disse:

- Vou ao banheiro.

- Você não vai parar o filme? – perguntei.

- Não precisa. Depois eu volto ele.

Rebobinar fita de videocassete era algo bastante demorado, ainda mais se compararmos com o DVD de hoje. Era muito mais fácil parar o filme e esperar o Oscar voltar. Mas, quem é que convencia aquela mula teimosa?

Fiquei assistindo ao filme sozinho quando, de repente, a imagem congelou.

- Ué?!

Como eu não sabia mexer naquele aparelho, fiquei ali esperando o Oscar voltar pra ele ver o que havia acontecido. Mas, de repente, começou a passar o filminho da Sessão da Tarde na TV, em seguida, SBT, Band, Cultura... os canais mudavam sozinhos!

- O que tá acontecendo?

Um minuto depois, o Oscar voltou pra sala.

- Pô, Paulo, porque você tirou o filme?

- Cara, eu nem sei mexer no videocassete.

- Cacete, Paulôôô! Então por que você mexeu?

- Não, mexi, caramba! Tô falando!

- Puta merda! Agora meu pai vai me matar porque você estragou o vídeo.

- Ah, Oscar, vai tomá no...

- Olha o quadro!

- Ai, desculpa, Deus!

Explicação: Na sala da casa do pai do Oscar havia um quadro com a imagem de Jesus Cristo. E nós dois, todas as vezes que falávamos palavrão (e falávamos muito) na frente do quadro, pedíamos desculpa pra Deus.

Ficamos ali discutindo quase meia hora por causa do bendito videocassete. O Oscar apertava tudo quando é botão e o negócio não funcionava. Aí ele me acusava e eu ficava super nervoso porque não tinha feito nada e porque não podia falar palavrão na frente do quadro.

Quando estava prestes a matar aquele equino do Oscar com minhas próprias mãos, ele começou a gargalhar mais alto do que o Bira do Programa do Jô.

- O que foi? – perguntei puto.

Atrás do sofá que eu estava sentado assistindo ao filme, havia uma pequena janela de onde o Oscar ficou apontando o controle remoto e mudando de canal.

Isso lembra algo?

Não!

Então, vejam ou revejam este vídeo que vocês vão entender o que eu tô falando...

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