quinta-feira, 26 de novembro de 2009

ATENÇÃO: Ninguém presta atenção! 3




A Karen, minha cunhada querida (essa sim) escreveu um texto muito bacana no seu blog sobre a falta de atenção das pessoas nos dias de hoje. O texto se chama "Ansiedade ou Falta de Educação?" e o seu blog é http://www.kcommeuspensamentos.blogspot.com/ .


Inspirado no seu texto, resolvi escrever sobre o mesmo assunto.

Certa vez, aproveitei o meu horário de almoço para ir até a ótica pegar os meus óculos. Chegando lá, o atendente disse que ele teria que buscá-lo numa outra unidade da loja, que ficava ali perto.

Sentei e fiquei esperando. Um tiozinho que também aguardava, começou a puxar assunto:


- Bom dia, garoto!


- Bom dia!


- Posso te fazer uma pergunta?

"Xiiiiiiii! Lá vem!"

- Claro!

- Quanto vocês cobram para instalar um telefone residencial?

- Desculpa, senhor, mas, eu trabalho na ELEKTRO, companhia de energia elétrica.

- Eu sei! Tô vendo o seu uniforme. Por isso mesmo é que perguntei!

"???????????????????????????????"

- Então, senhor, é que a ELEKTRO trabalha com eletricidade e eu sou leiturista de luz. Quem deve saber sobre instalação de telefone é a Telefônica.

- Eu sei! Mas, eu só quero saber quanto vocês cobram pra instalar um telefone residencial.

Muitas dessas coisas que vivo, eu sei, são difíceis de acreditar. Às vezes, chego a pensar se não estou fazendo parte de um Reality Show ou daquelas pegadinhas do SBT. Outras vezes, penso se o meu modo de falar não é claro o suficiente.

- Olha, senhor, isso é só com a Telefônica mesmo!

- Tá bom! Muito obrigado, viu!?

O cara ainda ficou puto comigo. E, com certeza, deve ter espalhado por aí que eu era um mal educado que não quis passar informações pra ele.

Mas, pior do que esse tipo de gente que ACHA que sabe de tudo e não presta atenção em nada, são aquelas pessoas que nos largam falando sozinhos.

Lembrei até de um fato curioso. Na adolescência, eu tinha um amigo que era assim: ele falava horas sobre a sua vida e quando eu queria falar da minha por dois minutos, ele, simplesmente, mudava de assunto, comentava sobre alguém que passava ou saía andando!

Hoje, por um desses mistérios da vida, ele é formado em Psicologia! (A profissão onde o mais importante de tudo é saber ouvir!)

Agora eu aprendi: quando estou perto de gente que não vai me ouvir, fico quieto e jamais puxo conversa. Mas, aí, tenho que ouvir o irônico e desagradável comentário:

- Pô, Paulo! Você tá falando muito hoje, hein?! Ha! ha! ha! ha!

Minha vontade é mandar a pessoa tomar no c...!

Mas, não adianta. Ela não iria ouvir.

Adoro conversar. E conversa pra mim é uma via de mão dupla. Enquanto um fala o outro escuta e depois rola a troca. Se for só pra ouvir a outra pessoa falar é melhor ir a uma palestra bem interessante.

Concordo com o que a Karen escreveu no seu blog, a culpa é da ansiedade. Tenho uma amiga que quando me encontra, começa imediatamente a contar tudo o que está se passando na sua vida e não pára nem para respirar!

O pior é que no MSN é a mesma coisa. Quando estou comentando a primeira coisa que ela escreveu (e olha que eu digito rápido!) ela já está no vigésimo quinto assunto!

Agora, se isso dela não respirar pra falar comigo acontecia quando a gente estudava junto e se via, praticamente, todos os dias, imagina agora que não nos vemos há 6 meses!

Vai terminar a conversa Roxa!

Se terminar!

sábado, 21 de novembro de 2009

Aniversário de Criança - 2


Horácio e Wilma, um casal de amigos da minha esposa, poderiam perfeitamente alugar um salão para fazer o aniversário de 9 anos da filha caçula Angélica.



Mas, como enriqueceram a pouco tempo, sentem uma enorme necessidade de exibir a casa nova que compraram. E é por isso que a festa ocorre lá.



Na entrada, há um segurança pegando os convites. Minha esposa, depois de procurar um pouco, diz:



- Caramba! Acho que deixei na outra bolsa.



- Ai, que pena! - respondo fingindo decepção. - Então, o jeito é ir embora, né?



Mas, não dá tempo. Lá de dentro, Wilma avista minha esposa e grita:



- Daaaaaaaaaaani, queriiiiiiiida!



- Oi, Wilma!



Trocam beijinhos. Wilma pergunta:



- Tá tudo bem aí?



- Ai, Wilma, esqueci o convite.



- Imagina! - e virando-se pro segurança, diz:
- Essa daqui é VIP, meu filho, não precisa de convite.



Elas entram abraçadas. Sigo atrás, mas, sou barrado pelo porteiro troglodita.



- Seu convite, senhor.



- Mas, eu estou com ela!



- Sem convite não entra, senhor.



- Então, que se dane!



- O que disse, senhor?



- Eu disse: Dani! Oh, Daaaaaaaaaaaaaani! - gritando.



Elas olham pra trás, Wilma pergunta:



- Quem é ele?



- Meu marido.



- Nossa! Ô segurança, pode deixar ele entrar!



Ajeito minha roupa e entro puto! Mas, como desgraça pouca é bobagem, uns garotos que jogam futebol na sala, acertam uma bolada bem no meio do meu nariz!



Wilma grita:



- Vinícius, bola aqui dentro, não! Vai quebrar meus vasos chineses!



Vinícius é um filho que Wilma teve antes de se casar com Horácio. Dizem as más línguas, que Wilma engravidou após um tremendo porre num suspeitíssimo baile de carnaval e que, por isso, nem ela sabe quem é o pai do garoto.



Meu nariz arde tanto que sai até lágrimas dos meus olhos. Minha esposa pergunta:



- Você tá bem? Quer molhar rosto?



- Quero molhar a garganta! Garçom!!!



O garçom vem e pego uma Long Neck geladassa! Parece que a festa finalmente vai começar.



Tomo um gole. Gosto estranho. Tomo mais um gole. Resolvo ler o rótulo da garrafa que diz: "Zero por cento de álcool".



"Ir para uma festa e tomar cerveja sem álcool é como ir à pizzaria e comer pizza vegetariana;

É como ir numa churrascaria rodízio e só comer salada;

É como pegar a suíte master do motel e comer uma boneca inflável..."



- Paulo! Vamos!



Minha mulher me desperta do devaneio.



A casa é enorme: tem 3 andares e tantas escadarias que é possível pagar uma promessa por dia.



Segundo Wilma, o melhor da festa "está" nos fundos.



Nos fundos há uma churrasqueira apagada, uma piscina enorme enfeitada com flores e um bando de gente conversando assuntos interessantíssimos!



Um grupo de mulheres debate temas como: o salão que faz a melhor escova, o modelo do vestido que a Taís Araújo usou no último capítulo da novela, a cor do sapato que vão usar no próximo Reveillon...



Já um grupo de homens, grandes empresários, travam uma discussão ferrenha para ver quem tem o carro com a maior potência e desempenho nas pistas.



O mais estranho é a ausência das crianças numa festa de criança.



Ouço Wilma comentar:



- Contratei uma moça que se veste de palhaço para entreter as crianças. Estão lá na quadra de esportes.



Resolvo ir dar uma olhada na palhaça. Ela tenta de todas as formas chamar a atenção da criançada.



Primeiro, distribui folhas, lápis e giz de cera para elas desenharem. Mas, as crianças, lideradas por Vinícius, resolvem amassar as folhas pra brincar de guerra de bolinhas.



Em seguida, ela começa a encher aquelas bexigas em forma de salsicha e a modelá-las fazendo diversos objetos e animais. Mas, o Vinícius acha mais legal estourar as bexigas.



Depois disso, ela tenta fazer um teatrinho de fantoches. No começo, as crianças até que prestam atenção. Só que o Vinícius vai lá, arranca o boneco da mão da palhaça e estraga tudo!



Começo a desconfiar que sei de quem Vinícius é filho: filho do capeta!



De repente, a palhaça se levanta com uma cara de poucos amigos, pega a sua bolsa e retira de dentro uma corda!



"Meu Deus! Ela vai amordaçar o Vinícius!"



Mas, a palhaça diz:



- Quem quer pular corda?



"Que pena!"



Wilma aparece e chama todo mundo pra dançar. Eu, que adoro dançar, sou o primeiro a chegar onde está o som. Mas, a música que toca é da Xuxa. Mais precisamente, aquela que diz: "Cabeça, ombro, joelho e pé, joelho e pé..." E cuja coreografia consiste em colocar as nossas mãos na parte do corpo cantada na música.



O foda é que sempre tem aquelas tias cinquentonas, recém separadas, que não fazem exercícios físicos há anos, mas que querem mostar que continuam arrebentando nas pistas. Aí, resolvem fazer a coreografia da música, só que na hora do "...joelho e pé, joelho e pé..." suas mão não chegam nem na canela. Aí, elas forçam e dão um mau jeito na coluna.



Começo a pensar que se o mundo realmente for acabar em 2012, a tal festa já é o começo do fim!



Alguém grita:



- Uma menina caiu na piscina!



Todo mundo corre, mas, ninguém faz nada. Arranco os sapatos e pulo na água. Pego a menina e ela reclama:



- Me larga!



- Mas, eu tô te salvando!



- Me larga, eu sei nadar!



A menina é a aniversariante, Angélica, que de angelical não tem nada! Pois, além de me xingar, ainda me acerta um chute nos "países baixos".



Saio da piscina encharcado, com o saco cheio e, agora, dolorido. Wilma me oferece roupas de Horácio, mas, como ele é ainda menor que o Pequeno Pônei, elas não servem em mim.



O jeito é pegar um uniforme de garçom.



Já com o uniforme de garçom, passo próximo ao grupo de empresários e um deles pede:



- Ô Campeão, pega um uisquezinho pra mim!



A festa está "tão boa" que sinto vontade de chorar! Resolvo ir pra cozinha e me esconder lá. Como estou de uniforme não sou barrado na entrada.



Um dos garçons olha pra mim e diz:



- Ei, folgado, vai ficar parado aí?



- Mas, eu não sou garçom. Eu sou o cara que entrou na piscina e pegou o uniforme emprestado.


- Ah, é mesmo!



- Escuta, você não tem nada de salgado pra comer aí? Não aguento mais comer docinho, já tô até com azia!



- Só um instante!



O garçom vai e volta com uma bandeja repleta de escargot!



- Credo, cara! Eu não vou comer lesma! Me arranja qualquer coisa "normal" aí, uma bolacha Cream Cracker que seja!



- Olha, eu também não gosto de comida chique, por isso, trouxe um lanchinho de casa!



- Ah é? E o que é?



- Pão com mortadela!



- Hummmmmmmmmmmmm! Eu topo!



- Eu vendo!



- Dou 10!



- 20!



- 15!



- Fechado!



O garçom vai buscar o lanche. Quando vou pegar minha carteira no bolso, descubro que ela ficou na calça molhada.



Saio dali o mais rápido que posso. Volto pra festa e já estão servindo o bolo. "Graças a Deus!"

Mais um pouco e já poderia ir embora.



Vinícius e outros garotos da idade dele (12, 13 anos) passam correndo. Entram na casa e sobem as escadas. Minha intuição diz que devo segui-los.



Ouço atrás da porta do quarto de Vinícius, os garotos cochichando e rindo muito. Depois de um tempo, Vinícius diz:



- Vamos descer!



Eu me escondo num banheiro ao lado. Depois que eles descem, entro no quarto e me deparo com uma verdadeira relíquia: a Playboy da Xuxa!



Começo a vislumbrar quanto dinheiro poderia ganhar leiloando aquela raridade na Internet.



Mas, logo em seguida, desanimo. Imaginando quanto poderia perder caso a Xuxa me processasse.



Pelo menos eu mataria a minha curiosidade. Quando vou abrir a revista, minha esposa aparece:



- Vamos embora!



-Ai, que susto! Por quê?



- Quebrou o salto do meu sapato. Vamos sair antes que alguém perceba!



- Justo agora!



Pego minhas roupas e saímos "à francesa". Já na rua, estendo o braço, grito "Táxi!" e imediatamente um táxi amarelo aparece. (Como nos filmes americanos).



Dentro do táxi, me sinto finalmente salvo! Mas, o motorista muda o trajeto e começa a seguir por um caminho escuro, vazio e sinistro.

- Ei, o senhor está indo pra direção errada!



Ele não diz nada. Pára o táxi e desliga os faróis.



Meu coração bate mais alto que a bateria da Beija-Flor!



O taxista desce do carro e desaparece. Resolvo descer também enquanto Dani fica no carro.



Não se vê muita coisa. De repente, surge uma luz no céu. Um disco redondo e enorme se aproxima e para sobre o táxi.



O óvni projeta uma luz azul e o carro, juntamente com a minha esposa são abduzidos!



- Nãããããããããoooooooooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



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- Paulo, o que foi? Acorda!



- Hã?!



- Você teve um pesadelo?



- Hã?! Você não vai acreditar!



- Depois você conta. Agora, levanta e vai trocar de roupa pra gente ir logo?



- Ir aonde?



- Almoçar na casa do meu cunhado.



- Nããããããããããããoooooooooooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


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Essa é uma histórica fictícia, qualquer semelhança com pessoas e situações reais é mera coincidência.
Ou não!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Leiturista?



Outro dia me perguntaram por que o meu blog se chama "P S: O Leiturista".


"P S" são as iniciais do meu nome: Paulo Sergio.


"O Leiturista" é o nome da minha profissão atual: leiturista de luz.


Como todos já devem saber, trabalho na rua e uso uniforme. Mas, o que talvez não saibam é que sempre sou confundido com profissionais de outras áres.


Começando com o leiturista de água.


Às vezes, calha do leiturista de água passar no mesmo dia que a gente, só que um pouco mais cedo. Aí, quando tocamos a campainha de algumas casas, começa a confusão:


- Quem é?


- Leiturista da luz.


- Já passou hoje.


- Impossível, senhora.


- Já passou hoje sim! Até deixou a conta!


- Então, quem passou foi o leiturista da água. Eu estou fazendo a leitura da luz.


Silêncio eterno...


O portão automático se abre. Eu entro, tiro a leitura e quando estou saindo a mulher pergunta:


- E a conta?


- A conta não sai na hora, senhora.


- Como não? Mudou o sistema? Sempre saiu!


- A conta que sai na hora é a de água, senhora. A conta de luz só vem daqui a uma semana. E quem entrega é o carteiro.


A mulher faz aquela baita cara de desconfiada e diz:


- Sei!


Provavelmente ela pensa que eu não entreguei a conta pra ela porque não quis.


Só não sei o que eu ganharia com isso.

Aí, pra completar a confusão, a senhora entra e o seu marido pergunta:


- Quem era?


- O leiturista da água.


- De novo? Mas, já passou! Ei, moço!


As pessoas desconfiam de tudo, mesmo.


Outro dia, parei ao lado de um carro estacionado pra amarrar o meu sapato, quando uma mulher gritou da janela:


- Ei! Você chamou pelo menos?


- Como, senhora?


- Você por um acaso me chamou aqui em casa, antes de multar o meu carro?


- Não, senhora, eu não...


- Pois, devia! Eu moro aqui faz 35 anos e só parei o carro aí 2 minutos pra pegar um documento que esqueci e...


- Senhora! Só uma explicação: eu sou leiturista de luz, portanto, não vou multar o seu carro.


A mulher ficou muda. Depois de "3 anos" analisando meu uniforme, ela perguntou:


- Mas, você sabe se eu posso estacionar aí?


Se ela que mora na rua há 35 anos não sabe, porque é que eu, um leiturista, iria saber?


Aliás, acontece um negócio muito engraçado com a gente. As pessoas sempre acham que a culpa da conta delas vir alta é nossa. Ou seja, elas acham que nós não sabemos fazer leitura direito.


Por outro lado, elas acreditam que a gente sabe de coisas que nem Freud poderia explicar.


Na quarta-feira de manhã, mal saí na rua pra fazer leitura e já vieram me perguntar por que rolou o "apagão" na terça-feira à noite.

E eu é que ia saber?


Outro dia foi engraçado. Passei na porta de um campo de futebol onde estavam vários garotos uniformizados. Um deles, de uniforme verde, virou pra mim e perguntou:


- Vai ter jogo?


- Você tá perguntando pra mim?


- Tô! Vai ter jogo ou não vai?


- Sei lá!


Continuei andando e ouvindo a conversa dos moleques. O goleiro chegou pro garoto de verde e disse:


- Você é tonto?! Por que você perguntou pra ele se ia ter jogo?


- Ah, pensei que ele fosse o juiz.


Jamais imaginei ser confundido com juiz de futebol.


Pelo menos não xingaram a minha mãe!


Agora, o mais comum mesmo é ser confundido com guarda municipal.


Todas as vezes que paro próximo a uma avenida ou rua movimentada, as pessoas dos carros que passam por mim colocam rapidamente o cinto de segurança.


Acho até que merecia receber um pagamento do governo por contribuir indiretamente com a segurança no trânsito.


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Corpo Municipal de Teatro de Atibaia






Quem deseja ser ator, cantor, dançarino, músico ou ter qualquer outra profissão relacionada a arte no Brasil, sabe o quanto isso é difícil.


A começar pelo preconceito de quem está ao nosso lado.


A pessoa pergunta:


- Vai prestar vestibular pra quê?


- Pra Artes Cênicas.


- Noooooossa!


- Por que "Noooooossa!" ?


- Sei lá. É que conseguir ser ator de TV é tão difícil?


- Mas, eu quero ser ator de Teatro.


- Xiiiiii! Pior ainda! Ator de Teatro vive duro!


Você desiste das Artes Cênicas e presta Letras. Três ou quatro anos depois você está formado, mas, não consegue pegar aulas porque não aparece concurso público na área e as escolas particulares exigem experiência.


As contas não param de chegar e você precisa arranjar um emprego digno. Resolve mandar um currículo pra uma fábrica de rolhas que te contrata no dia seguinte.


O tempo passa e as perspectivas de subir de cargo dentro da empresa só descem.


Você recebe o pagamento no quinto dia útil e no dia seguinte, ele já acabou!

Um dia você acorda e percebe que mesmo não sendo ator, você é um duro!


Surge um grupo novo na cidade e você decide arriscar. Antes do teste você treme como vara verde, mas, no final é aprovado. Feliz, você espalha a notícia aos quatro ventos.


A partir daí, as pessoas começam a te perguntar sobre o Curso de Teatro. E aqui é importante destacar que existem três grupos de pessoas:


O Grupo dos Interessadíssimos


São aquelas pessoas que conseguem ficar mais empolgadas e excitadas com o curso do que você mesmo. Geralmente, elas te perguntam uma coisa atrás da outra, como se você tivesse a "bagagem teatral" da Fernanda Montenegro pra poder responder. Além disso, elas repetem sempre as três frases abaixo:


"Quando tiver apresentação, não esquece de me chamar, hein!?"


"Quando você ficar famoso, vê se não esquece da gente, hein!?"


"Quando você trabalhar com o Tiago Lacerda, pede um autógrafo com dedicatória pra mim, hein!?"


Com certeza, é o melhor grupo!


2º O Grupo dos Falsos Interessados


São aquelas pessoas que não entendem o verdadeiro sentido de você estar fazendo Teatro.


- E o Teatro, como vai?


- Ah, tá super legal e...


A pessoa te interrompe e com um sorriso de quem tem muita sabedoria ela diz:


- Que bom! Fico feliz por você! Acho que o Teatro vai ser muito bom pra você que vai dar aula.


"INFERNO!!!!!!!!!"


Se você quisesse ser professor você estaria fazendo Teatro ou investindo numa pós-graduação?


Para essas pessoas, Teatro não passa de uma terapia ou uma espécie de "cursinho para falar bem em público".


3º O Grupo dos Interessados em te ridicularizar


São aquelas pessoas que te perguntam sobre o Teatro só pra ter o prazer de te dizer uma frase destrutiva após a sua resposta.


- E o Teatro, como tá?


- Legal!


- Só isso!? Fala mais!


Você não quer falar porque sabe como aquela pessoa é. Mas, como ela insiste você começa. E, no decorrer da sua fala você vai se soltando e contando sobre o andamento das aulas, com a ingênua esperança de convencer o seu ouvinte de que fazer Teatro vale a pena. Aí, no ápice da sua empolgação, ele vira e pergunta:


- Mas, você acha que isso dá futuro?


Essas pessoas são do tipo que sempre perdem as ótimas oportunidades de ficarem quietas!


Pra piorar, você fica sabendo que ela está falando de você por trás:


- Onde ele tá com a cabeça pra fazer Teatro? Puta perda de tempo! Coisa ridícula!


Sua vontade é pegar essa pessoa e enfiar uma rolha em sua goela, mas, decide que a melhor atitude é não mais tocar no assunto "Teatro" com ela.


Num belo dia, sua peça entra em cartaz e você, obviamente, não convida aquele inconveniente para assistir.


A peça "arrebenta a boca do balão". Essa pessoa lê no jornal as excelentes críticas sobre a peça e sobre a sua atuação. Então, um dia vocês tem a infelicidade de se cruzar na rua. Ele chega "P" da vida pra você e questiona:


- Pombas! Por que você não me chamou pra assistir a sua peça?



Conclusão: Pra fazer arte, tem que ser artista!


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Como escrevi no meu perfil, desde agosto faço parte do Corpo Municipal de Teatro de Atibaia. Abaixo está uma foto da galera:






Quem tiver interesse em ler a primeira matéria publicada sobre o grupo, clique aqui: http://www.atibaianews.com.br/ver_not.php?id=8387&ed=Cultura&cat=Cultura