sábado, 25 de setembro de 2010

O Futuro do Brasil


Ontem, eu estava numa cidade vizinha à minha fazendo leitura de luz. De repente, comecei a ouvir atrás de mim uma voz de criança chamando insistentemente:

- Moço! Ô moço! Moçô! Moço! Ô Moço... 

Resolvi olhar e vi um menino de aproximadamente 6 anos segurando metade de um cabideiro de madeira que ele apontou em minha direção e disse assim:

- Olha, moço. A minha metralhadora!

E eu:

- Hã?

- Eu sou do BOPE!

- Nossa!

- Você vai cortar a minha luz?

“Nem que eu pudesse!” – pensei.

Acredito que muito do que somos hoje tem a ver com a influência que recebemos quando criança.

Logo, pensei: “O que os pais têm na cabeça pra deixar o filho de 6 anos assistir Tropa de Elite?”

Mas, depois, fiquei imaginado a seguinte situação:

O pai foi embora de casa. A mãe, sozinha, tem que trabalhar fora, cuidar da casa e ainda por cima educar/controlar o filho que é terrível!

Depois de conversar, brigar, chorar, bater e ameaçar estrangular a criança, a mãe resolve tomar uma atitude que pode ser a sua única saída: manda uma carta para o SBT.

Por sorte, ela é contemplada. No mês seguinte, a Super Nanny vai até a sua casa. Parece que dessa vez o problema com o filho será resolvido.

Puro engano!

O garoto é tão capeta, mas tão capeta, que no segundo dia de gravação a Super Nanny tem uma convulsão nervosa e sai numa camisa de força direto pra um manicômio em Franco da Rocha.

A mãe desconsolada apenas chora. O que fazer com aquele menino incontrolável?

De repente, ela percebe que o garoto está muito quieto. “Já deve estar aprontando alguma”- ela pensa.

Quando entra na sala, ela tem uma surpresa: o filho está vidrado em frente a TV. Quase nem respira de tão quieto. E o que ele está assistindo? Tropa de Elite!

A partir desse dia, para o filho ficar quieto, a mãe compra muitos DVDs de filmes para ele assistir. Mas, não é qualquer filme. Só filmes violentos e sanguinários.

- Filho, come tudo!

- Não quero, sua desgraç...

- Olha a boca! Se você comer tudo a mamãe vai colocar um filme super legal pra você assistir.

- Qual?

- Jogos Mortais 5!

- Ah, que bosta! Eu já vi todos! Não vou comer nada!

- Mas, filho...

- Não, mãe! Já falei que não gosto de ver filme repetido!

- Tá bom! A mamãe vai colocar outro filme que você vai amar!

- Tem bastante violência contra as pessoas?

- Tem muita!

- Que filme que é?

- O filme da Propaganda Eleitoral Gratuita!

- Oba!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Ontem, liguei o computador e a primeira notícia que li foi: “Tiririca pode se eleger com mais de 1 milhão de votos.”

Novamente fiquei pensando: “Com a influência que as crianças estão tendo hoje, que futuro elas terão? Que futuro o Brasil terá?”

Depois, a gente ainda ouve: “Pior do que tá não fica.”

Ah, fica, viu?! Fica sim! Pode apostar!





sábado, 18 de setembro de 2010

Gente que não entende




Dia 06/09 foi o Dia do Sexo. Tema que foi um prato cheio para os humoristas.

À meia-noite desse mesmo dia, Oscar Filho escreveu algo mais ou menos assim no twitter: “- Agora que o Dia do Sexo já acabou, eu vou fumar um cigarro.”

Teve gente que entendeu a piada.

Mas, teve gente que não entendeu e ainda ficou espantada escrevendo coisas desse tipo pra ele: “- Nossa! Você fuma?”

Ninguém é obrigado a entender tudo o que lê. Porém, antes de ler o que alguém escreve, é preciso ter noção se aquilo preencherá as nossas expectativas como leitor. Tipo assim:

Se você quer ler um livro com o objetivo de rir, provavelmente vai buscar autores como Mario Prata, Luis Fernando Veríssimo e não um Nelson Rodrigues.

Agora, se você quer ler assuntos sérios, por que é que você vai seguir um humorista no Twitter?

A característica principal dos humoristas é a ironia. Ou seja, não dá pra levar ao pé da letra o que eles dizem.

Mas, tem gente que não entende!

A minha mãe é a pessoa que mais amo na vida. Mas, ela é desse tipo que não entende.

Outro dia eu tava revoltadíssimo com a falta de grana. Reclamava que meu emprego era um bosta, que eu ganhava pouco, que eu precisava arranjar outra coisa pra fazer ou pelo menos conseguir um bico pra aumentar a renda. Aí, no ápice do meu protesto, minha mãe virou pra mim e disse assim:

- Por que você não vai fazer trabalho voluntário?

Meu Deus do Céu!

Ok! Trabalho voluntário é uma ação muito bela. Mas, se a questão é ganhar dinheiro, ele não é a melhor opção.

Outra mania da minha mãe:

A gente tá sentado na sala e ela vem da cozinha com um copo de suco de frutas na mão dizendo:

- Quer?

- O que é, mãe?

- Suco.

Putz, é óbvio que é suco! Eu quero saber suco de que!

Quando eu era solteiro e morava com ela, eu chegava pra almoçar e perguntava:

- Mãe, o que tem pra comer?

- Arroz e feijão.

Put... que o... par...! Isso eu já sabia! Eu estava me referindo ao acompanhamento, à mistura, a outra coisa que não era o básico arroz com feijão!

Eu explicava isso pra ela na boa, mas, não adiantava nada. No dia seguinte acontecia a mesma coisa.

E o pior é que não era ironia. Minha mãe falava sério mesmo.

Aqui na minha cidade há a Pedra Grande, uma montanha que é um dos pontos turísticos de Atibaia. Quando adolescente, eu e minha turma costumávamos fazer trilha até o pico dessa montanha.

Certa vez, fazia algum tempo que a gente não ia até lá, então, eu cheguei pro pessoal e falei:

- O que vocês acham da gente subir na Pedra Grande no feriado?

E o Oscar virou pra gente e disse:

- Beleza! Eu vou de carro!

Todos riram da piada.

Acontece que no dia marcado, o Oscar não apareceu. Então, nós subimos a montanha sem ele. Chegamos ao topo e depois de algumas horas, resolvemos descer. De repente, avistamos um fusca azul calcinha chegando. Quem era?

O Oscar!

Quer dizer, o que era piada virou realidade.

É por isso que eu digo: nunca leve ao pé da letra o que diz um humorista.

Mas, não adianta. Tem gente que não entende...


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Máquina de Camisinhas

Um projeto elaborado há mais de 4 anos poderá ser em breve implantado pelo Governo Federal.

Trata-se da colocação de máquinas de camisinhas nas escolas de ensino médio da rede pública.

Pais, educadores e alunos já discutem o assunto.

Li uma matéria recente, que uma psicopedagoga disse ser totalmente contra a instalação dessas máquinas, pois isso estimularia as crianças a uma vida sexual precoce e ativa.

Acreditando que isso seja verdade, os velhinhos do asilo da minha cidade pedem que essas máquinas “milagrosas” sejam instaladas o mais rápido possível na instituição que os abriga. Depois, é só alegria!!!

E mais: caso a psicopedagoga tenha razão, será o fim das clínicas de tratamento de impotência sexual! Pra que fazer tratamento? Basta instalar a máquina de camisinhas no banheiro de casa que o broxa, digo, o cidadão ficará “estimulado” pro ato sexual!

Imagina a situação:

- Espera um pouco, benhê!

- O que foi, querido?

- Preciso de um estímulo. Vou dar uma olhadinha na máquina de camisinhas e já volto!

- Não precisa. Eu tirei uma foto da máquina. Dá uma olhada. (entrega a foto da máquina pro marido que olha e já fica excitado).

- Uau! Que máquina! Vem aqui, vem querida!

- Ai, Onofre! Quanto fogo! Assim você me mata! Ui...

Falando sério. Embora pesquisas recentes apontem que jovens entre 13 e 19 anos têm uma vida sexual ativa, eu acredito que as máquinas não estimularão ninguém a fazer mais sexo. A maioria da garotada vai pegar a camisinha pra encher feito balão ou pra colocar água e jogar em quem passa na rua.

É importante salientar que as escolas não são obrigadas a aceitar as máquinas, porém, terão que promover campanhas e discussões sobre educação sexual e prevenção.

O assunto é polêmico e gera opiniões divergentes. O que é muito bom! Afinal, não se deve fechar os olhos pra algo que todo mundo começa a gostar mesmo antes de começar a praticar.

Fechar os olhos pra realidade não resolve problema algum!

Veja este exemplo:

João Carlos era o tipo de homem que proibia o assunto sexo dentro de casa. De modo que sua filha, Lalinha, cresceu quase que totalmente desinformada.

Quando completou 18 anos, Lalinha foi ao baile pela primeira vez na vida. Estava acompanhada de sua prima Samara, um ano mais velha e mega descolada. 

Depois de beber um bocado, Samara, que tinha excessivo fogo no rabo, começou a aconselhar sexualmente a sua prima: 

- Lalinha, nunca tenha medo nem vergonha de falar e de fazer sexo! Não é errado! Só mais uma dica importante: sexo só com segurança!

9 meses depois, nasceu o filho de Lalinha, cujo pai era o segurança do baile!




sábado, 4 de setembro de 2010

Entrelinhas






Ultimamente, o tempo anda muito seco em todo o Brasil.

Aqui em Atibaia não é diferente. E eu, que trabalho na rua, sinto bastante os efeitos desse clima desértico.

O vento já não é constituído apenas de ar, agora também contém uma espécie de areia fina. O que me garante uma esfoliação fácial diária.

Na última quarta-feira, em especial, o nível de umidade do ar estava tão baixa que dei um espirro e saiu um tijolo.

Já tô pensando em abrir uma olaria.

Nesse mesmo dia, eu estava fazendo leitura de luz num setor com mais de 600 leituras.

Tirando o ar seco, o calor infernal, o fato de ser 3 horas da tarde e eu ainda não ter almoçado e a sede terrível que eu estava sentindo, tudo parecia bem.

Até que um sujeito engraçadinho parou do meu lado e perguntou o seguinte:

- Você tá marcando direito ou tá “chutando” a leitura?

Virei pra ele com a expressão mais sinistra que pude fazer e com toda a calma do mundo respondi:

- Se fosse pra “chutar” a leitura eu ficaria em casa, sentado no sofá porque é mais confortável!

O homem deu um sorriso tão amarelo que a cor se expandiu por todo o seu rosto como uma icterícia. Depois, virou as costas e foi embora calado.

Fiquei muito feliz! Afinal, até aquele dia eu nunca havia mandado alguém pra puta que o pariu com tanta categoria!

O bom de escrever é que a gente desenvolve a capacidade de falar o que quer nas entrelinhas.

E o bom de ser leiturista de luz é que a gente desenvolve a capacidade de ser tão paciente e tolerante quanto um monge budista.

OU NÃO!!!