sábado, 31 de julho de 2010

A desgraça número 3




A desgraça número 3 na vida do leiturista de luz é... CHUVA! (Veja AQUI as outras 2).

Imagina a situação:

Você é leiturista de luz. Acorda na segunda-feira de manhã e descobre que está chovendo. Não há escolha: veste o uniforme, a capa de chuva por cima e a mochila pendurada de lado. Segura o guarda-chuva e o aparelho de leituras na mesma mão, porque na outra, você precisa segurar a canetinha pra digitar as leituras.

O vento é tão forte que vira o guarda-chuva do avesso 3 vezes seguidas, o que é o suficiente pra quebrar duas varetas e também pra você sentir vontade de quebrar aquele chinês que te garantiu que o guarda-chuva dele era bom.

Assim que o guarda-chuva quebra, a chuva aumenta muito, lógico! Você procura um lugar pra se esconder, mas, não há um só toldo ou telhado que possa te servir de abrigo naquela rua.

Pra melhorar, a rua é de terra.

O jeito é continuar trabalhando.

Você abre a tampa de um relógio pra fazer a leitura e ele está totalmente embaçado por causa da chuva.

Na casa seguinte, o relógio de energia fica dentro da garagem e você tem que olhar a leitura pelo furo no portão. Impossível! Por causa do tempo chuvoso, a garagem está muito escura e não dá pra enxergar a leitura. Você toca a campainha, mas, ninguém está em casa.

Você começa pensar: “Meu Deus, quantas leituras eu vou ter que pegar quando voltar aqui amanhã?”

Não devia ter perguntado!

À sua frente há uma sequência de pelo menos 15 casas com relógio de luz digital. Quando você chega no primeiro deles pra marcar a luz, dá um raio e acaba a luz da rua. Consequentemente, os relógios digitais se apagam.

A chuva fica cada vez mais forte. Pra atravessar a rua sem molhar os pés é quase impossível: a enxurrada é mais larga que o Rio Amazonas.

Só há duas opções: vestir um escafandro e mergulhar ou abrir o guarda-chuva e voar feito a Mary Poppins.

Como seu guarda-chuva está quebrado e você não tem um escafandro, você arrisca dar um salto sobre a água.

Você cai em cima de alguma coisa gelatinosa. Olha pro chão e descobre que matou um lambari com os pés.

O temporal é tão forte que a impressão que se tem é de que a qualquer momento a Arca de Noé vai cruzar a esquina.

Sua roupa está encharcada e pesa mais que costeiro de travesti rica no Carnaval do Rio.

A cada segundo de trabalho, você tem mais certeza de que odeia chuva!

Na última casa da rua, o relógio fica do lado de dentro. Você bate no portão e uma empregada atende:

- Pois não!

- É a leitura da luz.

- Só um minuto.

A empregada abre o portão. Lá de dentro, a dona da casa, enrolada num edredom, tomando café quente, beliscando bolachinhas amanteigadas, estirada numa “poltrona do papai”, diz:

- Oi, moço. Chuvinha boa, não?

Se controlando pra não mandar ela tomar no meio do rabo, você diz:

- A senhora me desculpe, mas, pra mim não tá boa não!

- Que isso, moço?! Fazia mais de dois meses que não chovia. Pense nos pobres agricultores. A gente não pode ser egoísta. Temos que nos colocar no lugar dos outros.

“Temos que nos colocar no lugar dos outros”. É brincadeira?

Você agradece e vai embora.

Claro, depois dessa última leitura é óbvio que a chuva pára. Quando você coloca os pés na calçada, ouve a “madame” gritar lá de dentro:

- Ai, não acredito!

- O que foi, senhora? – a empregada pergunta.

- A energia elétrica voltou de repente e pifou a minha televisão nova de 72 polegadas! CHUVA DESGRAÇADA! AHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Pois é: chuva nos olhos dos outros é refresco!






quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Limite do Humor

Quando o SBT anunciou o retorno da apresentadora Hebe Camargo após um problema de saúde, o humorista Danilo Gentili chamou o episódio de “O Retorno da Múmia”.

Após ser ferozmente criticado pela imprensa, ele explicou que, com a morte da Dercy Gonçalves, a Hebe herdou todas as piadas de velho.

Ultimamente, tem se discutido muito se o humor deve ter limites.

Eu não sou humorista, mas, como a minha intenção neste blog é escrever textos com uma boa dose de humor, também tenho essa preocupação com o limite do que é humor e do que é ofensivo.

Tenho 1,73 m de altura e calço 43 (às vezes, 44). Quer dizer, meu pé é enorme pra minha pouca estatura.

Pra se ter uma ideia, quando eu nasci, meu pé já era tão grande, mas, tão grande, que eu não pude fazer o teste do “pezinho”.

O tempo foi passando, a adolescência acontecendo e começaram os problemas: a galera zuando com a minha cara. Ou melhor, com o meu pé!

Imagina você chegar na piscina do clube, aquela menina linda vir conversar com você e de repente um dos seus amigos grita:

“- Ô, Paulo! Veio nadar de pé de pato, hoje?”

E aí a menina olha pros seus pés e “racha o bico” de dar risada.

Roxo de vergonha, você pula na piscina. Aí, outro besta grita:

“- Cuidado! Não vai bater os pés se não vai dar maremoto na rua de baixo.”

Piada vai, piada vem. Um dia você quase vira herói.

“- Se um meteoro vir de encontro à Terra, é só o Paulo plantar bananeira que os pés dele formarão um escudo protetor e estaremos salvos!”

Imagina um adolescente super tímido sendo alvo desses tipos de piada.

Tinha dia que eu ficava tão irritado que perdia as estribeiras e acabava mandando todo mundo à merda. Mas, aí, sempre tinha alguém que falava algo assim:

“- Nossa! Paulo. Não sei como você pode ser tão desequilibrado com um pé deste tamanho!”

No fim, eu acabava rindo junto com a galera.

E era o melhor que eu fazia, afinal, estávamos entre amigos e todos tinham uma característica peculiar, digna de ser alvo de piada.

O Oscar e a sua baixa estatura;
O Danianderson e a sua careca;
O Haroldo e o seu cabelo de Valderrama;
O Flavio e a sua barriga de boneca gorda de shorts branco;
O Toshiro e o seu mini p... (deixa pra lá!)

Pensando bem, acho que o humor não tem limite. Tá mais pra algo 8 ou 80:

Se fizer rir é humor!

Se não fizer rir não é humor!

Mas, isso, é cada um que tem que decidir.

Agora, antes de terminar, um conselho: se você não tiver intimidade com a pessoa que você pretende fazer a piada, não faça!

Veja o que aconteceu com uns caras que mexeram com meu bisavô o “Pé Grande”:

 Clique AQUI


terça-feira, 20 de julho de 2010

Sem Noção - 3







Tem gente que fala cada absurdo que eu fico me perguntando se a pessoa tá falando sério.

Antes de ser leiturista de luz, eu trabalhava numa fábrica de fios elétricos (que coincidência, não?).

Entrava as 22:00h e saía as 7:00h do dia seguinte. O que significa que eu tinha que (tentar) dormir de dia.

Como eu era solteiro e morava com meus pais, não podia reclamar das visitas constantes que eles recebiam no horário que eu tinha pra dormir.

Um dia aparecia aquele meu tio gordo, dono de uma potência vocal que humilharia o Pavarotti.

Num outro, aquela vizinha sempre bem-humorada, cujo riso era mais alto que o piado de 20 gralhas com TPM brigando por comida.

Sem contar a minha irmã que entrava no quarto de 10 em 10 minutos pra passar creme nas mãos.

Graças a minha paciência “dalailâmica” eu não dizia nada. Afinal, o quarto também era dela. Só que chegou um dia, em que não aguentei mais e com muita educação falei o seguinte:

- Puta que o pariu! Será que dá pra parar de abrir e fechar esta merda desta porta?!

E ela me respondeu:

- Você é um ignorante! Não vê que eu tenho problema de pele ressecada?

E será que ela não via que eu precisava dormir?

Como gritar e falar palavrão não surtiu efeito, resolvi usar a técnica da argumentação:

- Já que você precisa passar o creme nas mãos quase toda hora, por que você não o coloca lá dentro do banheiro, ou na cozinha, ou na sala, ou na casa do cara...

- Você é um chato!

Depois, a minha mãe diz que eu tenho mania de perseguição.

Num dia de muita raiva, cheguei a pensar seriamente em substituir o creme da minha irmã por ácido clorosulfônico. Mas, depois, pensei bem e concluí que não valeria a pena: o frasco de creme seria corroído em questão de segundos.

Definitivamente, ficar sem dormir é algo que não faz bem à saúde.

Cheguei a emagrecer 17 quilos. Vivia estressado, irritado e o meu mau-humor crônico era comparável ao mau humor do meu vizinho (homossexual 110% passivo como ele mesmo se define) no dia em que ele foi impedido de participar da Parada Gay por causa de um problema de hemorróida inflamada.

Até que um dia, meu primo, que hoje é o meu chefe, me convidou pra trabalhar com ele:

- Apareceu uma vaga. Tá a fim de ser leiturista?

- Tô.

- Tem que começar amanhã.

- Tão rápido? Mas, eu preciso de pelo menos uns dias pra sair lá da fábrica.

- Se você quiser, dá pra trabalhar nos dois empregos: de dia na leitura e de madrugada na fábrica.

- Oloco! Não dá não!

Aí, ele me veio com essa:

- Por que não? Você dorme?

Como assim “você dorme?”?

- Lógico que durmo, eu não sou robô.

- Ué. Dorme de sábado.

Pausa para um adendo:

“Angelão era moto taxista. Costumava varar noites acordado trabalhando sem parar, à base de rebite de caminhoneiro, álcool e pó. Pó que ele passava no rosto todos os dias pra tentar disfarçar a cara de zumbi. Certa vez, ele ficou 3 dias seguidos trabalhando sem dormir. Foi parar no hospital com pressão alta e quase morreu. Agora, se nem ele que era sem noção aguentou ficar sem dormir, imagina se eu, que necessito dormir pelo menos 6 horas por noite, iria conseguir?”

Então, eu larguei a fábrica de fios e fui ser leiturista.

E foi então que eu fui ter contato com gente ainda mais sem noção.

Havia uma casa que dava pra ver a leitura da luz do lado de fora. Mas, a sua dona, resolveu colocar um portão de chapa que tampava a visão. Eu disse a ela então:

- Se a senhora fizer um furinho no portão, do tamanho de uma moeda de 10 centavos, dá pra ver a leitura sem precisar entrar.

- Ah, tá bom, vou mandar fazer.

No mês seguinte, quando cheguei em frente a casa tomei um susto: o furo no portão era tão grande que parecia ter sido feito por um tiro de bazuca. Daria pro Jô Soares passar folgado pelo buraco. E a dona da casa veio me perguntar:

- Oi moço. Precisa entrar?

- Não, senhora. Dá pra ver de fora.

- Se precisar, eu abro o portão.

- Não, não precisa.

O pior é que isso já faz 2 anos. E todas as vezes que eu vou fazer leitura lá, ela me pergunta se dá pra ver de fora.

Por que será que ela não acredita em mim?

Pra completar, hoje, uma criança chegou pra mim na rua e disse assim:

- Moço, você vai cortar meu relógio?

- Não. Eu não corto relógio. Eu só faço leitura.

- Mas, porque os “seus amigos” vivem cortando o relógio da minha casa?

- Eles só cortam se não pagar a conta.

- Tá louco! Vocês só pensam em dinheiro!

Virou as costas e foi embora.

Tô começando a achar que o verdadeiro sem noção dessa história toda sou eu, que continuo nessa vida de leiturista.

Ai!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A Balada do Flautista






A apresentação do Corpo Municipal de Teatro de Atibaia (do qual faço parte) será Domingo, dia 18 de julho, às 20:00h, no Centro de Convenções, em Atibaia.
A peça é “A Balada do Flautista”.
Censura 12 anos e entrada gratuita.
IMPORTANTE: Os ingressos devem ser retirados antecipadamente na SECRETARIA DE CULTURA E EVENTOS, NO FÓRUM DA CIDADANIA - AVENIDA NOVE DE JULHO, 185 - PISO SUPERIOR - ATIBAIA –SP,  a partir das 9:00h do dia 12 de julho, segunda-feira. (CORRAM, POIS JÁ ESTÁ HAVENDO MUITOS PEDIDOS).
MAIORES INFORMAÇÕES: (11) 4414-2053 /4414 2139
Convido a todos que são de Atibaia, região, ou que tenham a possibilidade de se deslocar até aqui.
Estou ensaiando todos os dias, inclusive aos domingos, por isso, não estou conseguindo atualizar o blog. Peço desculpas aos que me acompanham.

Prometo que depois do dia 18, volto com tudo pra escrever novas e divertidas histórias/estórias aqui!

Um abraço a todos e até lá!


PAULO SERGIO “O LEITURISTA”