segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sem Noção




Dias atrás, o meu cunhado (que não é o cunhado mala) me perguntou o seguinte:


- Paulo, você já tomou a vacina contra a nova gripe?

- Ainda não. - respondi - Pra minha faixa etária começa em maio, se não me engano.

Aí, ele fez a "pergunta sem noção":

- E você gosta de tomar vacina?

O que responder pra ele?

“- Acho que não, inclusive quando eu tinha 5 anos e tomei aquela vacina contra paralisia infantil, eu cuspi.”

Eu não respondi isso, claro. Mas que é verdade é. Eu recebi as gotinhas, fingi que engoli e quando cheguei na rua, cuspi no chão. E como achei aquilo bonito, resolvi contar pra minha mãe que deve ter ficado com vontade de me estrangular.

O pior (ou melhor) é que eu tive que tomar a vacina de novo. E dessa vez, a minha mãe falou assim:

- Abre a boca! Quero ver se você engoliu desta vez.

Eu era muito sem noção!

Voltando a pergunta cretina...

Penso que há coisas na vida que a gente faz porque é preciso fazer e não porque gostamos.

Por exemplo: o que a gente faz depois que o “ciclo do Activia” se completa?

Limpa o fiantã! Vai dizer que a gente faz isso porque gosta?

O máximo que alguém pode responder é que não gostaria de ficar sujo, óbvio. Mas, isso não significa que o ato de passar o papel na porta de saída, seja algo prazeroso. Ainda mais se o papel for de má qualidade, daqueles que curam hemorróidas “lixando-as”.

As pessoas falam cada coisa às vezes, que eu fico na dúvida se elas realmente são seres sem noção ou se estão tirando uma da minha cara.

Dias atrás, li o Blog do Luan e um dos tópicos da última postagem dele me motivou a escrever sobre isso: conversas sobre carros.

Putz! Não há nada mais inútil do que conversas sobre carros.

Tem cara que vê um carro passando na rua e diz a marca, o modelo, o ano que foi fabricado, a bitola do parafuso que segura a placa e muitas outras informações que só seriam úteis no caso do cara ser mecânico de automóveis.

Uma vez, estava lendo uma matéria numa revista, que as mulheres entrevistadas tinham que responder a uma pergunta mais ou menos assim: “- Qual foi a pior coisa que já te aconteceu num encontro?”

Uma garota respondeu algo parecido com isso:

“... Jantamos num restaurante maravilhoso. Já estávamos saindo havia dois meses e eu estava super a fim de algo mais. O cara era lindo. Ele me levou para o alto de uma montanha cuja paisagem era deslumbrante. O clima era perfeito para uma noite inesquecível. Num determinado momento, ele me pediu para voltar pro carro. Quando tudo parecia caminhar para o desfecho perfeito, ele girou a chave e ficou por 15 minutos me mostrando o ronco do motor do carro dele.”

Juro por Deus que se eu fosse mulher e um cara fizesse isso comigo, eu virava sapatão só de raiva!

Pra fechar:

Tem um cara que trabalha comigo que vou chamar de Fulano.

Fulano ama carros e quase todas as vezes que a gente se encontrava ele vinha comentar sobre a Fórmula 1.

O pior é que toda vez eu falava pra ele:

- Olha, na boa, eu não gosto de Fórmula 1.

Mas, ele dava uma risadinha e continuava falando.

Até que eu comecei a falar mais sério e mais grosso:

- Olha, na boa, eu ODEIO Fórmula 1.

Mas, ou ele me ignorava ou estava querendo me causar um ataque de nervos, pois continuava o assunto.

Certa vez, comentei sobre isso com outro cara que trabalha comigo. (Vou chamá-lo de Ari).

- Ô Ari, não aguento mais o Fulano!

- Por quê?

- Pô! Já falei 200 vezes pra ele que eu DETESTO Fórmula 1 e ele continua falando no assunto.

Então, o Ari me respondeu o seguinte:

- É o Fulano é foda! Mas, também você viu o que o Rubinho fez na última corrida? Pelo amor de Deus, o cara é muito ruim e...

Aí foi o Ari que ficou falando no assunto.

Sem noção!



quinta-feira, 22 de abril de 2010

Mania de Perseguição



(sugestão do Jander: histórias do tempo de criança)






Quando eu tinha uns 12 anos, ia todos os dias ao clube nadar, jogar basquete e encontrar os amigos.

Nessa época, havia um bando de caras que ficavam sentados na esquina da minha casa e não iam com a minha cara. Especialmente um deles (que eu prefiro ocultar o nome, pois, não sei que fim levou o traste).

O fato é que todas as vezes que eu tinha que passar na esquina, eu escolhia o lado em que eles não estavam sentados.

Só que depois de muito, mas, muito tempo, os “espertalhões” perceberam a minha tática, dividiram a turma e sentaram-se nos dois lados da esquina. Quando eu fui passar pra ir embora pra casa, escolhi o lado que me pareceu menos pavoroso, rezei uns 12 terços em 20 segundos, abaixei a cabeça e fui.

Um deles, o que não ia com a minha cara mais que os outros, esticou as pernas pra eu tropeçar. Por sorte, eu estava atento e pulei as pernas dele.

O tempo foi passando e o moleque foi provocando. Ele fazia coisas como passar em frente a minha casa e atirar pedras na janela da sala.

Um dia, eu estava indo pra casa e ele e mais um molequinho estavam jogando bola na rua. Quando eu passei, ele deu uma “bicuda” na bola que explodiu na parede do lado da minha cabeça.

Meu sangue ficou tão quente que se eu segurasse um boi pelo chifre, em poucos minutos ele se transformaria num churrasco. E bem passado!

Virei pro maloqueiro e berrei sem pensar:

- O que que é? O que que você quer comigo? Caralho!!!

Ele se assustou com a minha reação. E pra falar a verdade, eu também!

- É, você passa aqui e nem cumprimenta a gente!

- Se eu olho pra cumprimentar, vocês dizem que eu tô encarando, se eu não olho, vocês dizem que eu sou metido! Resolve logo o que vocês querem porque eu não sou palhaço!

Aí, o bestão “mijou pra trás”.

- Não, sabe o que é? É que eu vou pegar aquele amigo seu que joga vôlei e é muito metidinho!

- Beleza! Então você mesmo vai falar isso pra ele. Tchau!

Nunca mais o “malandrão” mexeu comigo. Aliás, nem a turma dele também.

Ah, e o amigo ao qual ele se referia não jogava vôlei, jogava basquete. Sabe quem era? O Oscar. (Sim, ele jogava basquete!) E o mais engraçado é que o Oscar nem sabia da existência desse cara. Vai entender...

Por causa dessa fase de perseguição dos caras da esquina, eu fiquei meio neurótico com esse negócio das pessoas olharem pra mim.

Quando eu tinha uns 14 anos, havia um tiozinho que todas as vezes que eu passava, ele ficava me encarando!

E não era um olhar comum, era um olhar muito diferente do que eu já havia visto antes. Muito sinistro!

Comecei a desviar do tiozinho, também.

Uma vez, eu e o Oscar fomos andar de bicicleta até um lugar aqui da cidade onde as pessoas que saltam de Asa Delta da Pedra Grande pousam. Quando fui à padaria pra comprar um refrigerante, ouvi alguém dizer:

- Ô, menino!

“Ah, não! Era ele!”

- Eu?

- É! Faz um favor pra mim? Compra cigarro na padaria.querendo me dar duas notas de 50 reais.

- Eu sou menor de idade. Porque o senhor mesmo não compra?

- Porque o dono não quer vender pra mim!

- Ah, sinto muito!

Fomos embora e o Oscar me perguntou por que eu não quis comprar cigarro pro tiozinho.

- Primeiro porque eu sou menor. Segundo, porque aquele tiozinho me olha de um jeito estranho. Sei lá, acho que ele é viado!

O tempo foi passando e um dia, colocaram um telefone público de concreto na esquina de casa. Eu estava subindo a rua e na minha frente ia o tiozinho de olhar estranho. De repente, o homem deu uma baita cabeçada no concreto e gritou:

- Ai, meu Deus do Céu!

“Aposto que tá bêbado. Bem feito!”- pensei.

À noite, eu fui comentar com a minha vizinha o que havia acontecido:

- Ô Sirlei, sabe aquele homem que fica parado na esquina?

- Sei.

- Então, hoje ele tava subindo a rua e deu uma puta cabeçada no orelhão de concreto.

- Coitado!

- Coitado nada! Devia tá “chapado”. Não gosto daquele homem, ele fica encarado a gente. Foi merecido!

Nesse momento, minha vizinha começou a “rachar o bico” de dar risada e eu perguntei:

- O que foi?

- Ai, Paulo Sergio, você tem certeza que o homem fica te encarando?

- Absoluta! Por quê?

- Porque ele é cego!

Na verdade, o cego era eu!

Vivendo e aprendendo!



sexta-feira, 9 de abril de 2010

Dança de Salão e Afins

(sugestão da Isabela: dança)





Houve uma época em que passei por um longo período de abstinência afetivo-amorosa-sexual.

Ou, vulgarmente falando:

Tava a um tempão sem pegar ninguém!

Minha sorte começou a mudar quando, em meados de 1998, dois professores de dança de salão da cidade,  Alex Moreno e Marcio Brajon, me chamaram para fazer suas aulas de graça.

Por que de graça?

Porque ambos eram meus amigos e enfrentavam o mesmo problema em seus respectivos cursos: muitas mulheres para poucos homens.

Tudo bem que eu não era uma solução definitiva para a questão, mas, já era um homem a mais no curso.

Modéstia a parte, eu levava bastante jeito pra coisa. E foi nessa época que eu percebi o quanto uma mulher aprecia um homem que sabe dançar.

Nas aulas, na hora de formar casais, algumas meninas só faltavam brigar para dançar comigo. E antes que alguém pense: “Também, era o único homem!”, eu digo que havia outro cara sim, chamado Rogério (nome fictício).

E o Rogério também dançava muito bem. Só que as meninas continuavam preferindo dançar comigo. Só havia uma explicação para isso: não era por causa da dança que eu era o preferido.

Minha auto-estima foi às alturas! Não tinha tido tantas mulheres aos meus pés. E quando eu já estava me sentindo o verdadeiro galã da novela das 8, a verdade veio à tona. Uma das meninas chegou pra mim e disse:

- Ah, Deus me livre dançar com o Rogério!

- Por quê? – perguntei – Ele não dança bem?

- Dançar ele dança. O duro é aguentar o mau-hálito dele!

E eu me achando...

O tempo foi passando e num belo dia, o Márcio me promoveu a monitor da sua turma. Enquanto ele dava aula eu assessorava o pessoal com mais dificuldade.

Foi uma experiência muito enriquecedora. Tudo ia muito bem até aparecer uma certa aluna. Essa aluna, como posso dizer? Bem...

- Pense na pessoa mais antipática que você conhece;

- Pegue o mau-humor crônico do João Gilberto;

- Imagine um caranguejo com labirintite bêbado.

- Agora, junte tudo isso numa pessoa com o olhar mais diabólico do que o Jack Nicholson.

Pronto! Era essa a aluna que eu tinha que monitorar.

Aquilo que inicialmente era uma dádiva dos Deuses, a dança, passou a ser pra mim uma tortura. Quando eu estava prestes a cometer uma loucura, não sei se suicídio ou assassinato, o Márcio veio com a notícia redentora:

- Fulana disse que não vem mais.

Naquele momento, fiquei tão feliz, mas, tão feliz, que devo ter sido o primeiro homem da história a ter orgasmos múltiplos sem estar praticando sexo tântrico ou semelhante.

E só não soltei rojão pra comemorar, porque não havia onde comprá-los àquela hora.

Se bem que os fogos poderiam ter sido improvisados com uma cumbuca de batata-doce com pimenta malagueta polvilhada com pólvora, mas, deixa pra lá.



A parte pior de se fazer dança de salão é que as pessoas acreditam que a gente vai pegar qualquer menina e sair fazendo todos os passos que aprendeu na aula.

Certo dia, dois amigos meus, o Oscar e a Elen, que são primos, iriam a um casamento de uma prima em comum deles. Eles insistiram tanto pra eu ir que acabei indo de bicão.

Na festa, a Elen e eu estávamos dançando samba e algumas garotas ficaram pagando pau. Depois de algumas músicas, paramos pra descansar e uma das garotas, que eu conhecia da época da escola, veio me pedir pra dançar com ela. Eu fui.

MEU DEUS DO CÉU!!!

Na dança de salão é o homem quem conduz. Mas, aquela garota devia ter uma personalidade fortíssima, pois não me deixava conduzi-la nem a pau!

Eu juro que eu tentei dançar com ela, mas, a sensação que eu tinha era de que estava tentando pegar de volta uma enceradeira que escapou das minhas mãos e saiu desgovernada pela sala.

Quando a nossa primeira música parou, eu dei a desculpa de que estava com sede e corri pra pegar algo pra beber. Quando saí, ainda ouvi atrás de mim: “- Depois você volta pra gente dançar outras, tá?”

Ela deve estar esperando até hoje!



ATENÇÃO: Embora este blog seja descrito como um blog de humor, o que você lerá nas linhas a seguir é de caráter totalmente sério e grave.

Após refletir sobre o rebuliço causado pela revelação de Ricky Martin, eu pensei: “Se ele, que é um dos astros latinos da música, depois de tanto tempo revelou seu maior segredo aos fãs e ao mundo todo, por que eu, um humilde blogueiro, tenho que ter segredos para com os meus leitores?" Não é justo!

Então, revelo agora, pra você família, amigos, colegas, seguidores, leitores, o meu grande segredo do passado:


EU DANCEI LAMBAERÓBICA ! ! !


Por favor, não parem de ler, não parem de me seguir depois dessa revelação. Todos têm um lado negro da força. Todos têm uma mancha no passado. E todos merecem o perdão!



Se bem que não foi tão ruim assim!

O Alex, a Vanessa “Panther” e a sua prima, iriam se apresentar na cidade de Piracaia. Aí, eles encasquetaram que o grupo precisava de mais um homem e ficaram me enchendo o saco pra ser esse homem.

O problema é que eles dançariam 8 músicas e eu só sabia a coreografia da primeira, “A dança do vampiro”, que a gente dançava quase todo dia pra se aquecer pra aula de dança de salão. Mesmo assim, eu fui.

Chegando lá, dancei a primeira música. Sai do palco e eles ficaram dançando as 6 músicas seguintes. Enquanto isso, eu fiquei observando o povo lá do fundo do palco. Veja como é o preconceito: havia uma menina com jeitão de homem que eu cismei que era sapatão. Quando eu voltei pra dançar a última música (“Dança da Manivela”, que eu nem sabia a coreografia) a menina pulava e gritava tanto que eu comecei a me sentir o próprio Wando. Só faltou começar a voar calcinhas sobre nossas cabeças. 

Desculpe, novamente, a falta de modéstia, mas, a parte do meu corpo que sempre mais chamou a atenção foram e são as pernas. Mas, eu nunca imaginei que elas poderiam fazer tanto sucesso como fizeram em Piracaia, principalmente, porque estavam semi-vestidas com uma bermudinha de lycra azul turquesa ridícula!

Depois da nossa apresentação, as meninas voltaram pra Atibaia e eu e o Alex ficamos lá na festa da cidade de Piracaia, conversando com um monte de meninas. E daí pra frente...

Daí pra frente é outra história...




A foto é antiga, mas, o que vale é a intenção.

Da esquerda para à direita: Ana Paula, Michel, Carol, Alex Moreno, Vanessa Phanter e eu .

sábado, 3 de abril de 2010

Contos de Fodas Modernos – O Catupiry

(Hoje, resolvi dar uma pausa nas postagens em que uso a sugestão de vocês. Mas, isso não significa que não vou mais usá-las. Foi só uma pausa mesmo. Por isso, podem continuar mandando suas sugestões. Obrigado!)






Era uma vez, um menino chamado Rosicleideivison. Ele nasceu no interior e logo após o parto, sua mãe, solteira, faleceu.  Ele foi criado pela avó materna que era viúva.

Na infância, foi um garoto que odiava as aulas de educação física da escola, porque, como ele próprio dizia era “sempre o último a ser escolhido para os times”.

Mentira! Na verdade os times preferiam jogar com um a menos a escolhê-lo. Mas, apesar de tudo, era torcedor do São Paulo.

Na adolescência, ele começou com a história de querer fazer teatro, embora, quisesse mesmo, dançar balé. Mas, a sua avó se negava a pagar suas aulas.

Esclarecendo: Rosicleideivison não era gay! Mas, tinha alvará pra ser, caso quisesse.

Rosi, como era chamado pela avó, ao completar 18 anos, quase alcançou a façanha de entrar para o Guinnes Book, O Livro dos Recordes: era BV e virgem.

Mas, isso estava prestes a mudar. Ele resolveu prestar vestibular e entrou para o curso de Pedagogia onde era o único homem da sala.

Certo dia, Verônica, uma morena estonteante de olhos verdes, corpo escultural, cabelos cacheados e perfumados começou a lhe dar bola.

Rosi não era tímido, muito pelo contrário. Era daquelas pessoas que dizem frases engraçadíssimas o tempo todo e todos querem ficar perto. Mas, quando se tratava de uma garota, ele parecia o cara mais acanhado do planeta. Ainda mais com uma menina linda como aquela. Ele chegava a pensar: “Será que ela está a fim de mim mesmo? Mas, o que ela viu em mim?”

Rosi se subestimava muito. Se até aquele dia ele nunca havia ficado com ninguém foi por conta de sua excessiva timidez com as mulheres e não por falta de atributos. Ele era um rapaz bonito, simpático, bem-humorado e muito inteligente. Tinha todos os atrativos que Verônica buscava.

Um dia, Verônica fez-lhe um convite que não deixou dúvidas quanto a sua intenção: 

- Vamos matar aula na sexta pra você conhecer a minha casa?

Rosi não sabia se ria de felicidade ou se chorava de desespero. Sua preocupação era se iria dar conta daquele monumento. No entanto, não era de fugir dos desafios e aceitou o convite.

No dia combinado, se encontraram num barzinho que ficava na esquina da faculdade e seguiram para a casa da morena.

Ela morava num sobrado. Entraram. Ela mostrou-lhe a casa brevemente. Pegou uma garrafa de vinho e duas taças e subiram para o quarto. Começaram a beber enquanto conversavam banalidades. Riam cada vez mais e Rosi foi se sentindo gradativamente mais relaxado. Quando se deu conta, já estavam se beijando. A partir daí, tudo foi rolando naturalmente até ficarem completamente nus.

Nesse momento, ouviu-se uma buzina.

- Meu marido! – disse a morena.

- O quê?

- Meu marido chegou!

- Marido? Que marido?

Verônica não contou a Rosi que era casada. Seu marido era caminhoneiro, viajava muito e só aparecia em casa aos sábados de 15 em 15 dias. Mas, naquele dia, resolveu aparecer mais cedo.

- Rápido! Se esconde! - ela disse.

- Onde?

- No armário!

- E depois pra eu sair?

Rosi nunca tinha vivido aquela situação de ter que se esconder e depois sair do armário.

- Verdade! Vai pra varanda!

Nu, com as roupas embaixo do braço, o rapaz foi pra varanda. Verônica fechou as janelas. Foi o tempo de o marido subir e dizer:

- Não foi pra aula hoje?

- Não! E você voltou mais cedo?

- É. Abre essa janela que tô com calor!

Ao ouvir isso, Rosi não teve dúvidas. Pulou da janela e caiu de bunda numa roseira. Conteve o grito de dor e saiu de lá correndo direto pra casa.

Ao chegar em casa, abriu vagarosamente o portão e foi direto pra um quartinho de tranqueiras procurar um espelho e uma pinça pra tirar os espinhos das nádegas. Quando terminou o árduo serviço, vestiu as roupas para que pudesse entrar em casa. Sua cueca branca ficou toda manchada pelo sangue.

Ao entrar pela porta da cozinha, deu de cara com Lourival, o namorado folgado da sua avó.

- O Rosi! Cê tá bom? Vai um lanchinho aí?

- Não. Obrigado! – respondeu Rosi sem olhar para o folgado.

Como se não bastasse fuçar a geladeira e o armário da casa de Rosi buscando ingredientes pra o seu lanche, Lourival era um porco que derrubava quase tudo no chão e não limpava. Havia uma poça de catupiry no meio da cozinha.

Rosi foi tomar banho e pendurou sua cueca suja de sangue num gancho do banheiro. Quando entrou no Box, Max, seu cachorro, empurrou a porta do banheiro que não foi bem fechada e roubou a cueca suja de seu dono.

Max levou a cueca de Rosi para o fundo do quintal e a enterrou. Mas, antes disso, arrastou-a sobre o Catupiry que estava no chão da cozinha.

Rosi sentia tanta dor que até se esqueceu da cueca. Então, após o banho, ele foi dormir.

No dia seguinte, sua avó foi lavar roupa e estranhou a terra recém revirada no fundo do quintal. Começou a cavar e encontrou a prova do crime: uma cueca branca manchada de sangue e toda melecada!

Não podia acreditar! Tinha que tirar isso a limpo com o neto.

Quando Rosi foi pra cozinha tomar café, encontrou a avó com a cara séria como nunca estivera antes.

- Por que você voltou mais cedo da faculdade ontem? - ela perguntou.

- Ãh? Ah, é que eu não estava me sentindo bem.

- Sei.

- Vó. Você tem algum antiinflamatório aí?

- Por quê?

- Porque eu não consigo nem sentar de tanta dor!

- EU SABIA!!!

- Quê?

- Seu moleque descarado! Sem vergonha! Bem que me avisaram. Bem que me falaram que você tinha que ir pro exército pra virar homem.

- Vó? Do que você tá falando?

- Disso! – disse, mostrando a cueca suja.

- Vó! Onde você achou isso?

- Enterrada lá no fundo do quintal! Pensa que eu não ia descobrir?

- Vó! Não é nada disso que parece!

- Eu sei. Você é MUITO mais do que parece! Pode pegar as suas coisas e sair desta casa! AGORA!

Rosi saiu da casa da avó sem dinheiro, sem destino e morrendo de dor na bunda.

Um dia, porém...

(Galera, agora é com vocês! Como vocês terminariam esse conto? Qual o destino que vocês dariam ao Rosicleideivison? Conto com a colaboração de vocês na caixinha de comentários. Primeira vez que escrevo em parceria! Obrigado! 

Paulo Sergio)




quinta-feira, 1 de abril de 2010

Ônibus Lotado

(sugestão de Larysse, Luciana, Suzi, Edlaine e Mariana: ônibus lotado)




Toda vez que eu pego ônibus, lembro daquele comercial da moto Dafra em que o Wagner Moura diz:

- Chega de depender dos outros!

E a galera grita:    

- Chega!

E eu sempre grito junto.

Ninguém merece depender de ônibus!

Aqui em Atibaia, tem um ônibus circular com sentido ao bairro do Alvinópolis. Nunca vi um ônibus pra dar tanta volta antes de chegar ao seu destino! Quando a gente desce, chega a pensar que está com crise de labirintite!

A secretaria de turismo daqui poderia até aproveitar e fazer uma promoção pra alavancar o turismo local:

“Você já imaginou dar a volta ao Mundo por apenas R$2,25?

Agora, isso já é possível!

Venha para Atibaia, pegue o ônibus circular para o Alvinópolis e boa viagem!”

Sabe aquele dia que você acorda de amanhã com um baita embrulho no estômago?

Pode ter certeza que vai acontecer o seguinte: o ônibus vai lotar e vai chover. Os vidros serão fechados. De repente, um tiozinho praticamente brotará do chão em meio à multidão carregando um isopor do tamanho de uma geladeira. Ele vai abrir a tampa e vai ser lançado ao ar um cheiro inconfundível de espetinho de lingüiça!

Tá certo que cheiro de carne é bom, mas, não às 7 da manhã e ainda por cima naquele dia em que a gente não quer nem ouvir falar em comida. Quanto mais, cheirar!

E depois que a chuva parar e o ônibus esvaziar, não se iluda que as coisas vão melhorar. Um cara vai entrar, sentar na sua frente vestindo uma regata, com os sovacos tão peludos que fariam alguns se lembrarem da Playboy da Vera Fischer. E quando o vento soprar, o cheiro do homem virá até você.

Sabe aquela mistura de suor com aquele desodorante comprado no supermercado. (Aquele mesmo, não posso citar o nome. Bom, cada um que axe, digo, ache o que quiser!) Então, é esse cheiro que virá até você e te fará descer 8 pontos antes e ir caminhando na garoa.

Claro que também tem gente cheirosa nos ônibus. Só que cheirosa demais! A pessoa deve lavar o cabelo, a roupa, fazer gargarejo, tudo com o seu perfume predileto. Quando essa pessoa desce do ônibus, a galera que ficou está tão chapada que começa a ver coisas sem nexo, como duendes verdes passando por baixo da catraca, as moedas da cobradora virando Fritopã e o ET passando voando de bicicleta com o padre Quevedo na garupa.

Acho que em todo ônibus sempre rolam 2 coisas: pessoas conversando muito alto e gente falando no celular mais alto ainda.

Uma vez, tinha duas mulheres na minha frente disputando pra ver quem tinha a vida mais desgraçada!

NEIDE: - Ih, Suélen, lavei 3 varal de roupa ontem!

SUÉLEN: - Eu lavei 5 ontem e mais 3 hoje! Tô morrendo de dor nas costas!

NEIDE: - Dor nas costas? Você não sabe a dor que EU tenho nas costas. Dói desde o pescoço até o ossinho da bunda, lá embaixo!

SUÉLEN: - Ih, Neide. A minha dor começa na coluna e vai pros braços. Formiga tudo!

NEIDE: - E a minha, então? Dói as costas e o nervo ciático. A perna incha e dá câimbra nos dedo do pé!

SUÉLEN: - E eu então? Outro dia chegou a travar o meu pescoço! Os braço ficaram largado, sem força. Aí atacou uma dor de cabeça de rachar mamona! Não conseguia nem pensar, menina! E você pensa que aquele viado do meu marido me ajudou? Não. Tava lá de férias, sentado no sofá e nem pra lavar uma louça pra gente serve o traste! Olha, eu não sei porque eu casei, viu!? Homem é tudo igual! Tudo a mesma merda!

Nesse momento, aparece uma menina conhecida da dona Suélen.

MENINA: - Oi, dona Suélen, tudo bem com a senhora?

SUÉLEN: - Oi, filha. Tá boa? Já casou?

O velho lance da “generosidade” que já falei aqui.

Mulher no celular:

- Alô? Oi? É ela. Fala mais alto! Quê? Isso! Não menina, tô indo agora pega o resultado dos exame. Num sei! Desconfio só, mas, num sei. Pode ser também. Quê? Eu sei que ela tava com corrimento vaginal...

Tipo assim, além de falar alto, a pessoa fala coisas que não são muito agradáveis de se ouvir. Totalmente sem noção! As senhoras ficam horrorizadas e fazem o sinal da cruz. Os homens olham desconfiados. Algumas pessoas sentem medo. Ela vai falando, ou melhor, berrando ao telefone até que de repente ela grita:

... ô motorista, pára aí que eu vou descer. Não ouviu o meu sinal, não? Mal educado!

Sem noção, mesmo!

Outra coisa que me enfurece dentro do ônibus: os famosos DJs de ônibus, como bem citou a Edlaine.

DJs de ônibus são aqueles moleques que vem da ou vão pra escola e ficam ouvindo músicas no celular ou MP alguma coisa, sem fone e no último volume.

No ápice da minha revolta, juro que consigo visualizar eu fazendo eles engolirem o celular.

E depois o povo quer que eu ainda vá dar aula! É um dia na aula e 25 anos na cadeia. Certeza!

Outra coisa irritante são aquelas meninas na faixa dos 14 anos que viajam de pé, na frente dos bancos, sem deixar espaço pros mais velhos sentarem. E elas vão gritando a viagem toda, umas com as outras, com os meninos, com quem passa na rua.

E tem gente que fala assim: - Ai, os motoristas de ônibus são tudo estressadinho!

Estressadinho?

Vai lá dirigir o ônibus e aguentar aquela molecada todos os dias. Com uma semana de trabalho acho que essa pessoa jogaria o ônibus no precipício.

Sabe de uma coisa: nada como andar a pé! Faz bem pra saúde física e mental. Portanto, é assim que vou seguir: a pé!

Mas, só até eu comprar a minha moto. Tá?