sábado, 26 de junho de 2010

Desgraçados

(sugestão da Raquel: pessoas hipocondríacas)

Tem gente que jura que é um desgraçado.

São pessoas que não têm sorte pra nada, estão sempre duras, são ignoradas pelas outras e, principalmente, sentem dores em proporções que ninguém mais no mundo sente.

Pelo menos elas acreditam que seja assim.

Como essas pessoas são muito competitivas, quando duas delas se encontram, acontece um verdadeiro duelo de Titãs do Reino da Desgraça, como pode ser observado no exemplo abaixo:

Dorgivânia varre a calçada de sua casa, quando Maria das Dores chega da feira.

Das Dores: - Bom dia, Dorgivânia, tá bem?

Dorgivânia: - Que nada, menina, tô morrendo de dor de dente.

Das Dores: - Ih, é porque você não sabe a dor de dente que EU tô sentindo.

Dorgivânia: - Eu nem dormi essa noite de tanta dor.

Das Dores: - Que eu não durmo de dor já faz uma semana!

“Percebam que a competição é clara. E o exagero também. Mas, é apenas o começo.”

Dorgivânia: - O meu dente lateja tanto que parece que estão enfiando uma furadeira na minha gengiva.

Das Dores: - E eu, então? Quando eu fecho a boca e os dentes de baixo encostam nos de cima, parece que eu levei um “jabe” do Mike Tyson no queixo!

Dorgivânia: - Hum! Minha boca incha tanto que eu mal consigo abri-la pra falar.

Das dores: - Ué? Mas, como é que você tá falando, então?

Dorgivânia: - Ah, mas, também, eu tomei um remédio fortíssimo hoje cedo. Pra você ter um ideia a caixinha dele vem com duas tarjas pretas!

Das Dores: - E é bom? Qual é o nome?

“Essas pessoas trocam nomes de remédios como se trocassem receitas tiradas dos livrinhos de quitutes juninos da Ana Maria Braga ou do programa da Palmirinha. Depois de passado o nome do remédio, a conversa continua em clima competitivo.”

Dorgivânia: - Sabe, coisa, eu não te aconselho a tomar esse remédio não. Ele só serve pra quem tá no limite da dor.

“A outra, logicamente, fica ofendidíssima! Onde já se viu duvidar da sua dor?”

Das Dores: - Olha aqui, Dorgivânia, acho que você não entendeu. A minha dor de dente, começa no canino, anda pela gengiva, mandíbula, desce pela parte detrás do pescoço, lateja a coluna como se tivessem me jogado óleo fervendo nas costas e chega na bunda. E não pára por aí, não! Minha coxa começa a formigar e em seguida, uma dor insuportável percorre todo o meu nervo ciático, da coxa até o pé! Agora, me fala: a sua dor é assim?

Dorgivânia: - Não. Mas, em compensação, os efeitos colaterais do remédio que eu tomei são muito piores do que essa sua dorzinha.

Das Dores: - Devem ser mesmo. Devem ter afetado a sua cabeça, porque você já está falando merda! Fique você sabendo que a minha dor...

“E a discussão das desgraçadas vai longe...


Esse tipo de gente parece ser o melhor alvo para vendedores de seguro de vida.

Mas, só parecem.

PROVÁVEL ARGUMENTO DE UM DESGRAÇADO PARA NÃO COMPRAR UM SEGURO DE VIDA:

- Se o meu carro for roubado e eu tiver um seguro de carro, eu receberei um carro novo no lugar do que foi “pro saco”.
Agora, se eu tenho um seguro de vida e morro, você vai conseguir me ressuscitar?  O seguro de vida me oferece o quê: armadura, seguranças armados, campo de força invisível como das naves do filme Independence Day? Não! Então, não me venha com esse papo de que eu preciso de um seguro de vida, porque se eu morrer, a única pessoa que vai lucrar é a minha esposa que provavelmente vai gastar tudo com um amante bem mais novo do que eu! Passar bem!

E o desgraçado malha a porta no nariz do vendedor de seguros, que por azar, não tem um seguro contra acidentes de trabalho.


quinta-feira, 24 de junho de 2010

Estranhos - 2

Dias atrás, fui fazer leitura da luz num bairro humilde aqui da cidade. Num certo momento, parei em frente a uma casa que tinha o relógio de luz do lado de dentro e bati palmas.

Silêncio. De repente, percebi que um olho me olhava pela fresta. Então, eu disse:

- Bom dia!

O olho, ou melhor, o dono dele, me respondeu:

- Bom dia! O que você quer?

- Eu vim fazer a leitura da luz, senhor.

- Ah, bom! Então pode entrar – disse o homem aliviado abrindo o portão. – Eu pensei que fosse um “irmão” da igreja.

Quando eu entrei, percebi que o senhor que me atendeu estava sem camisa (com uma barriga de dar inveja a Lua) e vestido apenas de cueca roxa frouxa e desbotada.

Fiquei pensando o que significava aquilo tudo: quer dizer que só porque eu não era “irmão” da igreja dele, eu merecia ter aquela visão do inferno! Isso é preconceito religioso!

Enquanto eu fazia a leitura, outra pessoa bateu no portão. Lá foi o homem de novo:

- Quem é?

- Bom dia. O senhor quer comprar CD?

- Não, obrigado.

Aí, o senhor virou pra mim e disse:

- Até parece que eu vou comprar esse tipo de CD.

Aí, eu pra concordar:

- Ah, o senhor tá certo. CD pirata não dá, né?

- Não, não é porque é pirata, não. É porque eu não escuto qualquer tipo de música. Só as que tocam na minha igreja. Quando eu era do mundo, eu ouvia.

Quando uma pessoa perto de mim usa essa expressão “Quando eu era do mundo”, me dá vontade de perguntar:

- Por quê? O senhor não é mais do mundo?

Mas, vai que a pessoa responde:

- Não. Eu morri e virei morto-vivo.

Aí, pra mudar de assunto, eu pergunto qualquer coisa:

- Que dia é hoje?

- Sexta-feira 13! Prazer, meu nome é Jason.

E com um facão, ele decepa a minha cabeça.

Mas, a conversa também pode correr pra outro desfecho:

- Quando eu era do mundo...

- Por quê? O senhor não é mais do mundo?

- Não, aproveitei que fui abduzido por extraterrestres e me naturalizei marciano. Agora eu tenho dupla mundialidade.

Não era o caso do senhorzinho.

No mesmo dia, bati num sobrado e uma mulher da janela do segundo andar respondeu:

- Só um minuto.

De repente, uma minúscula janelinha se abriu no portão da garagem, onde ficava o relógio de luz, e a mulher apareceu perguntando:

- O que é, moço?

- Bom dia! Eu vim marcar a leitura da luz.

- Xiiiiiiii! Moço! Só que o meu marido levou a chave! É que esses dias eu ameacei de ir embora de casa, e agora, ele tá me trancando aqui quando vai trabalhar.

Dito isso, a mulher caiu na gargalhada. Mas, o mais engraçado é que ela falava sério.

Tive que enxergar a leitura daquela pequena janelinha.

O pior de tudo é que a mulher, que Deus me perdoe (como diria a minha tia), era tão feia, mas, tão feia, que nem o Feio que trabalha comigo teria coragem de encarar.

Hoje, fui fazer leitura na cidade de Perdões. Bati numa casa e um homem apareceu.

- É leitura da luz?

- É.

Aí, quando veio abrir o portão, ele me disse assim:

- Eu deixei o portão trancado por causa de uma pessoa aí... – e apontou pra dentro de casa. – Você entendeu, né? Não preciso nem explicar!

Eu concordei com a cabeça, mas, juro que não tava entendendo nada. Até me lembrar da história anterior, do homem que trancou a mulher em casa, e então, tudo fez sentido.

Se aquela tia solteirona soubesse desse método de trancar a pessoa em casa, ela nunca mais faria simpatias intituladas: “Como segurar um homem”.


quinta-feira, 17 de junho de 2010

E a Copa vai para...

O assunto é sério.

Faltando umas três semanas para o início da Copa do Mundo, sonhei que a Argentina seria a campeã.

Aproveitei que tive uma folguinha e vim aqui escrever isso o mais rápido possível pois tenho planos para o futuro.

Explico: se a Argentina realmente vencer, posso abandonar a carreira de leiturista de luz e iniciar a carreira de "leiturista do futuro". 

Mãe Diná que me aguarde!

Agora, só me resta esperar...


quarta-feira, 16 de junho de 2010

Sem Noção - 2




Há alguns meses, fui ao casamento de um amigo de infância chamado Haroldo.

Foi um dia muito especial, não apenas por ser o casamento de um dos meus grandes amigos, como por ter sido uma ocasião em que foi possível reunir grande parte da nossa turma de infância e adolescência, amigos que jogaram basquete juntos por muito tempo e que não se viam também havia muito tempo.

O casamento transcorria como de costume. Os noivos cumprimentaram os padrinhos e os pais emocionados, chorando mais do que atacante norte-coreano na hora do hino.

Oscar, Danianderson, eu e nossas respectivas companheiras estávamos sentados no primeiro banco, próximo ao altar. Batemos milhares de fotos, fizemos inúmeros comentários humorísticos sobre tudo e todos e rimos muito, como sempre.

Mas, o ápice da cerimônia, aconteceu quando, os padrinhos começaram a descer do altar.

Um casal de padrinhos da noiva e um do noivo parava ao lado deles, o fotógrafo batia 400 fotos e eles desciam.

Quando o último casal de padrinhos parou pra foto, o Oscar, aquela pessoa sem-noção, levantou no meio da igreja e gritou:

- Oh, Haroldo! Depois vamos juntar a galera pra jogar um basquete!

Todo mundo riu. Menos o padre.

Muita gente pode achar que isso é um absurdo, um desrespeito à cerimônia, à igreja.

Mas, se a pessoa parar pra pensar bem, perceberá que o que a gente carrega nessa e dessa vida não é a etiqueta, e sim os momentos de prazer, diversão, alegria como esse.

Tenho certeza que esse grito do Oscar vai ser lembrado pra sempre.

No meu casamento não aconteceu nada desse nível na igreja.

Aconteceu na lua-de-mel.

Dani e eu fomos pro litoral e ficamos num sobrado. Certo dia, estávamos na cozinha, que ficava no andar de baixo, preparando um..., uma..., bom, isso não importa, o que importa é que estávamos em lua-de-mel, logo, dá para imaginar a situação!

O celular da Dani começou a tocar no quarto, lá no andar de cima. Estávamos muito ocupados pra atender, mas, ele tocou tanto que já estava nos desconcentrando. Parou.

Dois minutos depois, ouvimos o som de mensagem.

Resolvemos dar uma olhada no telefone dela.

Ligação perdida: Tais.

Mensagem: “Oi, Dani! Tudo bem? Acabou de chegar um monte de caixas aqui na loja. Aproveita bem aí. Ah, traz alguma lembrança pra mim. rs! Beijos! Tais.”

Tais era a menina que trabalhava na mesma loja de importados que a Dani trabalha. Pessoa bem legal. Mas, totalmente sem-noção. Ligar pra alguém em lua-de-mel?  E a mensagem, então: “Acabou de chegar um monte de caixas aqui...

Fiquei com vontade de mandar uma mensagem pra ela assim: “Caixas é? Que coincidência! Pois a lembrança que vamos te levar é justamente um caixão. Pode ter certeza de que você vai precisar se não parar de nos ligar!”

Pena que a Dani não deixou.




quinta-feira, 10 de junho de 2010

Curtas da Copa

(sugestão da Milena: Copa do Mundo)






Maradona, técnico da seleção argentina de futebol, liberou sorvete, vinho e sexo para seus jogadores nos dias de folga.

Alguns críticos dizem que a prática de sexo durante a disputa de competições esportivas pode atrapalhar o desempenho do atleta na hora do jogo.

Em minha opinião, não é o fato do jogador brasileiro “afogar o ganso” que vai fazer o Brasil jogar mal e sim o fato do Ganso não ter sido convocado.

Aliás, o Dunga deveria ser chamado para fazer campanha antidrogas, já que não é muito chegado em “craques”.

Bem diferente do Maradona, que além de ter uma equipe recheada de craques, já foi viciado em cocaína.

Aliás, ele só não convocou o Drogba porque ele é jogador da Costa do Marfim.

Pelo menos agora, parece que finalmente Maradona conseguiu trocar a carreira de pó pela carreira de técnico de futebol.

Mas, não foi só pela ausência do Ganso na lista de convocados que o Dunga foi criticado. Creio que todos queriam o Neymar e muitos queriam o Pato.

Mas, o teimoso e orelhudo Dunga, não quis levá-los. Azar o dele, pois, se a seleção não ganhar o Hexa, quem vai “pagar o pato” é ele. 

Tinha gente que queria o Adriano “O Imperador”.

O problema é que “O Imperador” parece que agora está interessado em “imperar” em outras áreas, que não o futebol.

O pessoal costuma falar:

- Ah, mas, o Adriano é forte, dá trombada e intimida os adversários.

Lógico que intimida!

Dá uma olhada nessas fotos: (CLICA AQUI)

E outra, se fosse pra intimidar os adversários na base da trombada, era mais fácil levar um lutador de sumô do que um atacante.

Ou levava o Ronaldo gordo mesmo.

E o nome da bola oficial da Copa, hein?

Jabulani!

Posso apostar que isso ainda vai virar nome de gente.

Imagina a mãe chamando a filha:

- Jabulani! Chama teu irmão Rosicleideivison e vem almoçar!

Ah, e não podemos esquecer a famosa Vuvuzela, aquela corneta usada pelos torcedores africanos.

Segundo pesquisas científicas, o som produzido por essa corneta pode causar danos ao aparelho auditivo. Além disso, o ar expelido por elas pode ser responsável pela disseminação de doenças, especialmente a gripe.

Só espero que em 2014, quando a copa for no Brasil, ou a Vuvuzela seja proibida nos estádios ou a gripe H1N1 esteja totalmente eliminada.



sexta-feira, 4 de junho de 2010

Amnésia


Definitivamente, não tenho sorte com atendimentos.

No final do ano passado, eu estava à procura de um presente para sacanear o meu amigo secreto quando passei em frente a uma loja que parecia ter exatamente o que eu precisava.

Entrei e a atendente me recebeu com um sorriso enorme.

- Bom dia! Posso te ajudar?

- Pode! É o seguinte: estou procurando um presente para sacanear o meu amigo secreto. Ele é são-paulino fanático e odeia o Corinthians.

- Ah, entendi.

- Então. Eu quero uma camiseta feminina do Corinthians. A menor e mais justa que você tiver.

- Certo!

A menina me trouxe exatamente o que eu queria: uma camiseta tão pequena que até a Lacraia com anorexia teria dificuldade de vesti-la.

- Perfeita!

- Ah, se não servir, pode trocar, viu!

- Ãh?

- Se não servir, pode trocar.

“Acho que ela não deve ter entendido o que eu disse, vou explicar de novo.”- pensei.

- Então... como eu te disse, o cara que vai ganhar a camiseta é são-paulino e não suporta o Corinthians. Esse presente é pra “tirar uma” da cara dele.

- Ah, tá! Então, mas se ele não gostar ele pode vir trocar.

“PUTA QUE O PARIU!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!”

Desculpem o palavrão, mas, foi a única coisa que eu consegui pensar naquele momento.

Eu estava prestes a libertar o “Seu Saraiva” que habitava dentro de mim, quando, apareceu o dono da loja.

- Bom dia! Tudo bem?

- Opa! Tudo bem. Posso te pedir uma opinião?

- Claro, claro!

- É o seguinte: eu vim comprar um presente pra sacanear o meu amigo secreto. Ele é são-paulino e odeia o Corinthians. Eu comprei uma camiseta feminina do Corinthians pra ele. O que você acha?

- Nossa! Mas, ele vai odiar o presente!

“Ai, meu Deus do céu! Será que eles não prestam atenção ou sofrem de amnésia crônica a cada 10 segundos?”

- Olha, a intenção é zoar com a cara dele, quer dizer, ele deve odiar o presente. Ok?

- Ahhhhhhhhhhhh! Então, esse tá perfeito.

“CONSEGUI !

O dono da loja mandou a moça embrulhar o presente, pediu licença e saiu. Na hora que eu estava pagando, ela me disse:

- Eu não estava entendendo que o presente era pra tirar um sarro do seu amigo.

- Ah, tudo bem! – respondi, mas, na verdade, eu queria dizer: “- Ah, eu percebi, sua lerda !

Peguei o presente, me despedi da moça e saí. No caminho, fui pensando que aquele dinheiro que estava gastando poderia ser mais bem aproveitado.

Voltei na loja e perguntei pra moça:

- Escuta, como o meu amigo secreto não vai querer o presente mesmo, será que eu posso vir trocar, depois?

- Pode, pode sim!

- Que bom!

- Mas, posso te falar uma coisa?

- Claro.

- Por que você já não escolhe uma coisa que ele vai gostar? Assim, você evita de ter que voltar depois.

Saí da loja sem olhar pra trás e só não me joguei embaixo de um ônibus porque... porque... o que eu tava falando mesmo?