A morte é a única certeza da vida. E é também aquilo que há de mais inaceitável nela.
Por isso, encerro aqui as filosofias e tristezas que permeiam o assunto pra observar o Lado B (ou o lado cômico) dos velórios.
Uma colega do Teatro contou que até os 7 anos de idade nunca tinha ido a um velório, até que o avô de uma amiga faleceu. Quando ela entrou no recinto, ficou tão impressionada, tão nervosa com a visão do caixão, que disparou a rir.
Os parentes do defunto começaram a olhar pra ela com ódio e suas amiguinhas tiveram que retirá-la da sala antes que o próximo velório que ela entrasse fosse o dela mesma.
Depois disso, nunca mais entrou num velório. Disse que tem medo de começar a rir novamente.
Caso isso acontecesse, ela seria a primeira anti-carpideira da história.
Mas, pior do que rir na cara do defunto seria o defunto rir na nossa cara. E isso só aconteceria em dois casos.
Primeiro: o morto teria que ser o Coringa.
Segundo: ele teria que ser um personagem de Caminho das Índias, daqueles que sempre morrem e voltam (tipo Raul, Raj e afins).
Tenho a impressão de que algumas pessoas nunca vão morrer. O Michael Jackson, por exemplo. Será que ele morreu mesmo? Ou o seu espetacular velório faz parte da refilmagem do clip da música Thriller?
Outro é o Silvio Santos. Tenho certeza de que quando eu tiver 90 anos, vou ligar a TV no domingo e ele vai estar lá, com a mesma cara, a mesma peruca caju, jogando aviãozinho de dinheiro pra platéia.
Já o Chico Buarque, com toda a sua genialidade e simplicidade, só vai deixar esse mundo quando enjoar. Imagino algo assim: ele vai pegar uma trouxinha de roupa, amarrar na ponta de um galho e colocar nas costas. Aí, num lugar cheio de fumaça branca ele vai sumir atrás de uma pedra como faz o Mestre dos Magos.
Dias atrás, minhas tias e minha mãe estavam discutindo qual era o melhor plano funerário da cidade. Um oferece coisas como desconto em farmácias e cadeira de rodas se o pagante necessitar (ainda vivo, é claro). (Não, isso não foi uma propaganda de operadoras de celular).
O outro serve salgadinhos, bolacha, chá, café e capuccino no velório.
Mas, nenhum deles supera a criatividade do meu tio Ricardo e seus amigos. Quando um da turma morreu, meu tio e outro amigo foram pra porta do cemitério e bem na hora do enterro executaram o último desejo do morto: soltaram uma caixa de rojões!
Contudo, as coisas que mais chamam a atenção nos velórios não são as novidades e sim as coisas que se repetem em todos eles. (Pelo menos aqui no interior).
Repare que sempre aparece um bêbado. Ele chora até ficar desidratado e ninguém sabe quem é ele. Alguém fala: - Parece que ele trabalhava com o Fulano (o morto).
Um “marvado” comenta: - Dizem que Fulano ficou devendo uma grana pra ele. Grana preta!
Outro ainda mais “marvado” diz: - Não comenta nada, mas ouvi dizer que esse bêbado aí é filho do Fulano.
Sempre tem também alguém brigando por uma coisa que não vai fazer a menor diferença na vida dele nem na do morto.
Briguento: - Que número é o túmulo?
Coveiro: - Número 93, fileira F.
Briguento: - Cê tá louco! Pela ordem é 91.
Coveiro: - Mas, senhor, o número que me mandaram colocar foi esse.
Briguento: - Tá errado! Vou processar essa merda de cemitério!
Sem falar que sempre aparece um cachorro. Ele rola na terra do cemitério e depois vem meter as patas na calça da gente, buscando um cafuné.
Ah, e tem também aquela tia gorda chamada Isnira (ou algo parecido), que senta num cantinho, lá fora, e começa a contar piadas. No início, os parentes do defunto estranham, ficam indignados. Mas, depois de ouvi-la contar o primeiro causo, já começam a se aproximar e a sorrir. Mais um pouco, o velório está vazio e a roda em volta da humorista é enorme.
Você então se levanta com o abdome dolorido de tanto rir e vai pra cozinha pegar um café. Na volta, ouve os risos das pessoas lá fora e ao passar pelo morto que está sozinho sente remorso. Contudo, tem a impressão nítida de que ele está sorrindo. Não um sorriso de dentes, mas, aquele disfarçado, tipo Monalisa.
Você pisca pra ele e volta pra fora.
Na noite seguinte, você acorda num pulo. Sua mulher assustada pergunta:
Por isso, encerro aqui as filosofias e tristezas que permeiam o assunto pra observar o Lado B (ou o lado cômico) dos velórios.
Uma colega do Teatro contou que até os 7 anos de idade nunca tinha ido a um velório, até que o avô de uma amiga faleceu. Quando ela entrou no recinto, ficou tão impressionada, tão nervosa com a visão do caixão, que disparou a rir.
Os parentes do defunto começaram a olhar pra ela com ódio e suas amiguinhas tiveram que retirá-la da sala antes que o próximo velório que ela entrasse fosse o dela mesma.
Depois disso, nunca mais entrou num velório. Disse que tem medo de começar a rir novamente.
Caso isso acontecesse, ela seria a primeira anti-carpideira da história.
Mas, pior do que rir na cara do defunto seria o defunto rir na nossa cara. E isso só aconteceria em dois casos.
Primeiro: o morto teria que ser o Coringa.
Segundo: ele teria que ser um personagem de Caminho das Índias, daqueles que sempre morrem e voltam (tipo Raul, Raj e afins).
Tenho a impressão de que algumas pessoas nunca vão morrer. O Michael Jackson, por exemplo. Será que ele morreu mesmo? Ou o seu espetacular velório faz parte da refilmagem do clip da música Thriller?
Outro é o Silvio Santos. Tenho certeza de que quando eu tiver 90 anos, vou ligar a TV no domingo e ele vai estar lá, com a mesma cara, a mesma peruca caju, jogando aviãozinho de dinheiro pra platéia.
Já o Chico Buarque, com toda a sua genialidade e simplicidade, só vai deixar esse mundo quando enjoar. Imagino algo assim: ele vai pegar uma trouxinha de roupa, amarrar na ponta de um galho e colocar nas costas. Aí, num lugar cheio de fumaça branca ele vai sumir atrás de uma pedra como faz o Mestre dos Magos.
Dias atrás, minhas tias e minha mãe estavam discutindo qual era o melhor plano funerário da cidade. Um oferece coisas como desconto em farmácias e cadeira de rodas se o pagante necessitar (ainda vivo, é claro). (Não, isso não foi uma propaganda de operadoras de celular).
O outro serve salgadinhos, bolacha, chá, café e capuccino no velório.
Mas, nenhum deles supera a criatividade do meu tio Ricardo e seus amigos. Quando um da turma morreu, meu tio e outro amigo foram pra porta do cemitério e bem na hora do enterro executaram o último desejo do morto: soltaram uma caixa de rojões!
Contudo, as coisas que mais chamam a atenção nos velórios não são as novidades e sim as coisas que se repetem em todos eles. (Pelo menos aqui no interior).
Repare que sempre aparece um bêbado. Ele chora até ficar desidratado e ninguém sabe quem é ele. Alguém fala: - Parece que ele trabalhava com o Fulano (o morto).
Um “marvado” comenta: - Dizem que Fulano ficou devendo uma grana pra ele. Grana preta!
Outro ainda mais “marvado” diz: - Não comenta nada, mas ouvi dizer que esse bêbado aí é filho do Fulano.
Sempre tem também alguém brigando por uma coisa que não vai fazer a menor diferença na vida dele nem na do morto.
Briguento: - Que número é o túmulo?
Coveiro: - Número 93, fileira F.
Briguento: - Cê tá louco! Pela ordem é 91.
Coveiro: - Mas, senhor, o número que me mandaram colocar foi esse.
Briguento: - Tá errado! Vou processar essa merda de cemitério!
Sem falar que sempre aparece um cachorro. Ele rola na terra do cemitério e depois vem meter as patas na calça da gente, buscando um cafuné.
Ah, e tem também aquela tia gorda chamada Isnira (ou algo parecido), que senta num cantinho, lá fora, e começa a contar piadas. No início, os parentes do defunto estranham, ficam indignados. Mas, depois de ouvi-la contar o primeiro causo, já começam a se aproximar e a sorrir. Mais um pouco, o velório está vazio e a roda em volta da humorista é enorme.
Você então se levanta com o abdome dolorido de tanto rir e vai pra cozinha pegar um café. Na volta, ouve os risos das pessoas lá fora e ao passar pelo morto que está sozinho sente remorso. Contudo, tem a impressão nítida de que ele está sorrindo. Não um sorriso de dentes, mas, aquele disfarçado, tipo Monalisa.
Você pisca pra ele e volta pra fora.
Na noite seguinte, você acorda num pulo. Sua mulher assustada pergunta:
- O que foi isso?!
- Lembrei de uma coisa que aconteceu no velório!
- Do quê?
- A piscada que dei pro Fulano... foi correspondida!
(Deixe seu comentário na caixinha. Obrigado!)
Ahh nos velórios que fui nunca teve o lado B
ResponderExcluirEspero que tenha no meu , pelo menos!
Ahh até sei qual velório que serve café, chá, bolacha... Tem cozinha e tudo! É onde, também, eu tenho meu espaço reservado! kkkkk
Meio triste esse negócio de velório! Todo mundo chora, e você fica sem saber como reagir!
Odeio velórios...essa é a real!
Paulo, você vai querer o lado B no seu velório também? kkkk
Adoreii o post!
Se cuida! Abraço
Karen, eu também odeio o clima dos velórios. Mas, como é algo inevitável, resolvi procurar o Lado B.
ResponderExcluirGostaria que na hora do meu enterro (daqui uns 120 anos) uma escola de samba tocasse, como no velório do Jamelão.
Abraço!
Gostei do texto.. sempre passo por aqui, mas não comento..
ResponderExcluirMas, sabe como é.. quis deixar um aqui na caixinha.. hahaha
vou colocar um pedido desses lá no meu.. quem sabe assim ele renda mais!
=]
Bárbara, confesso que ainda não visitei o seu blog. Mas, pode deixar que vou entrar lá e deixar vários comentários em breve.
ResponderExcluirAbraço!
Fala Paulo Sérgio.
ResponderExcluirGostei do lado B dos velórios. Ta ae uma coisa que eu não gosto pois como a distinta menina eu começo a ter crise de riso, então prefiro não frequentar com medo de ser linxado.
Ja participei de 2 velórios inusitados.
1- A pessoa tinha o desejo que fizessem uma festa e contassem as piadas que ela mais gostava para o corpo dela. ela queria todo mundo feliz. E foi isso que fizeram;
2 - Parecia um bar. Bebida a vontade e cigarrada comendo solta.
Ótimo post, abs. Essa do cachorro e dos rojões foi da hora hehehe
Jota, imagina se acontecessem as duas coisas num velório só: bebida à vontade e piada pro defunto.
ResponderExcluirGaranto que ía ter gente jurando que o morto sorriu.
Abraço!
ashuahsushu!
ResponderExcluirminha amiga, no velório da avó, foi com a familia logo depois do velório comer na pizzaria.
oO
Nana, rsrs! Deve ser o tipo de pessoal que vive o momento. O que passou passou! rs!
ResponderExcluirAbraço!