segunda-feira, 29 de junho de 2009

Propaganda Enganosa

Sábado à tarde, estava eu na fila da padaria, quando o pedido do sujeito a minha frente me chamou a atenção:

- Me vê quatro pães franceses, por favor!

“Por que pães franceses?” – pensei – “Eles não foram feitos aqui no Brasil?”

Comecei a matutar uma coisa: “Minha esposa e eu somos brasileiros. Se a gente for viajar pra França e ela engravidar lá, ou seja, se a criança for feita lá, e depois nascer no Brasil, ela será francesa ou brasileira?”

Óbvio que brasileira. Portanto, meu raciocínio em relação ao pão, estava errado.

Mas o fato do pão feito aqui ser chamado de francês, continuava a me incomodar.

Comentei com a minha esposa e ela disse:

- O pão é chamado de francês porque a sua receita veio da França. Entendeu?

Eu tive que contestar:

- Você quer dizer que se você engravidar aqui no Brasil, no dia em que a gente estiver usando as “receitas” do Kama Sutra, que é um livro indiano, nosso filho será indiano?

- Claro que não!

- Então, sua teoria também está errada. O pão francês é uma propaganda enganosa!


Depois que a minha esposa me mandou “à merda”, resolvi que não mais pensaria sobre o assunto. Sentei pra assistir tv, quando ouvi um "chamado" vindo da rua:

- Pamonha, pamonha, pamonha. Pamonha de Piracicaba!

Fui até o carro e pedi duas pamonhas. Na hora de pagar, perguntei, só pra tirar um sarro:

- Quer dizer que essa pamonha é de Piracicaba?

- Ohhh! É de lá sim!

O carro foi embora e eu entrei em casa. Quando abri o saquinho, bateu um cheiro horrível: as pamonhas estavam azedas.

Levando em conta a distância entre Atibaia e Piracicaba, que o carro da pamonha é tão velho que não deve passar dos 80km por hora na pista e que as pamonhas haviam azedado, só pude chegar a uma conclusão: aquelas pamonhas tinham vindo mesmo de Piracicaba!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Festas Juninas


Sempre fui uma criança tímida.

Aos 5 anos de idade, dancei minha primeira quadrilha junina no Jardim II. Como não havia dado tempo de minha mãe comprar um chapéu de palha, tive que dançar de boné, mesmo. Fiquei “roxo” de vergonha, só porque estava diferente do resto da turma.

No ano seguinte, durante os ensaios da quadrilha, fiz dupla com uma menina que era minha amiga fora da escolinha, o que me deixou mais a vontade. Só que no dia da apresentação, ela ficou doente e me colocaram pra dançar com uma menina que eu batia no umbigo e que devia pesar uns 116 quilos!

Na hora de subir ao palco, motivado por um colega “capeta” saí correndo e me escondi no banheiro. A menina ficou chorando e a quadrilha teve que se apresentar de novo, quando conseguiram arrumar um par “à altura” dela.

Minha mãe queria me estrangular. Mas, ela tinha que entender que se aquela menina caísse em cima de mim, eu não estaria aqui hoje pra contar essa história.

Em 91, entrei pra um grupo de teatro chamado Estar Feliz. Fizemos várias apresentações em escolas e um dos nossos números era uma dança junina. Depois dessa dança, meus colegas sempre ficavam me zoando dizendo que se eu colocasse uma calça curta de perna fina e uma bota ficaria o caipira perfeito, o verdadeiro Jeca Tatu.

Tudo porque nessa época, com 12 anos de idade e apenas 1,53 cm de altura, eu já calçava 41!

Um dia, depois de tanto ser infernizado por causa do tamanho do meu pé, resolvi contar alguma vantagem em relação a isso. Eu disse aos meus colegas:

- Vocês sabem o que dizem de quem tem o pé grande?

- O quê?

- Que quem tem o pé grande, tem o...

Nessa hora entrou nossa professora de teatro na sala.

-... o equilíbrio grande. É isso!

Pensando se tratar de uma piada sem graça, todos me vaiaram.

Continuando em clima junino, ontem, começaram os festejos em comemoração ao aniversário de Atibaia.

No centro da cidade, há uma comprida rua chamada José Lucas, onde ficam as barracas de quitutes juninos. Em cada uma das extremidades dessa rua, há uma igreja, onde foram colocados os palcos.

Ontem, enquanto meu pessoal saboreava um vinho quente, eu tomava uma cerveja gelada, numa barraca que fica bem no meio dessa rua.

- Por que você tem que ser diferente? Vem pra festa junina e toma cerveja. Nunca vi isso! - minha irmã disse.

- Eu tomo o que eu quiser. - respondi, brincando.

- Então, vai tomá no c... – gritou uma mulher da varanda de sua casa.

Todos olhamos assustados. E a ela continuou:

- Vamo pará com esse som aqui na frente da minha casa! Eu já chamei a polícia. Vão fazê som lá na P... Q... P... !

Concluímos que aquela mulher não estava bem.

Saímos dali e fomos dar uma volta.

No palco da igreja do Rosário, havia um pessoal tocando rock nacional. Não sei se a banda era boa porque não dava pra ouvir o que eles cantavam, de tão baixo que estava o microfone. Ficou parecendo show instrumental.

No palco da igreja Matriz, o cantor Pena Branca com um violão, tocava e cantava músicas do tempo de infância da minha avó (que só tem 90 anos). Nada contra as músicas antigas, mas o público, em sua maioria jovens, não curtiu muito. O homem estava todo vestido de branco, o que me levou a pensar se ele não era uma entidade. Mas, acho que não era não. Porque nenhuma das pessoas que estava comigo era médium espírita e conseguiu vê-lo.

Na fila de um daqueles "higieníssimos" banheiros químicos, comecei a refletir sobre a festa.

“Música lamentável, frio de rachar, filas quilométricas pra comer.”

Senti vontade de me juntar à mulher da varanda, pra protestar.

“O que mais falta acontecer?”

De repente, alguém tocou meu ombro. Era meu primo.

- E aí, belê?- ele disse.

- Belê, e você?

- Bão, também. Viu, minha mãe disse que a vó quer falar com você.

- Comigo? Sobre o quê?

- Não sei. Mas, eu acho que é sobre a quadrilha do grupo da Terceira Idade. A vó tava falando que uma amiga dela, Dona Zulmira, tá sem par. Acho que ela vai pedir pra você dançar com a amiga dela.

Pronto! Não faltava mais nada!

Sem ir ao banheiro, despedi do meu primo, peguei minha esposa e fugi dali o mais rápido que pude.

- O que eu falo pra vó?

- Sei lá, inventa qualquer coisa, diz que fui pra Belém do Pará participar de um concurso pra dançarino do Calipso.

Daqui pra frente, Festas Juninas nunca mais!

sábado, 20 de junho de 2009

Estranhos Recados

Dias atrás, fui fazer a leitura da luz de duas casas que ficam em cima de uma academia.

Quando cheguei à porta de entrada dessas casas, que fica ao lado da academia, havia dois recados.

O primeiro: “Senhores leituristas de água e luz, para fazer a leitura, favor pegar a chave da porta na academia ao lado. Obrigado.”

E com a mesma letra, o segundo dizia assim: “Senhor carteiro, a campainha não funciona. Para entregar correspondências, favor subir as escadas. A porta está aberta. Obrigado.”

Aí eu fiquei pensando: “O que é a tecnologia, não!”

Aquela porta deve ter um sensor de identificação de última geração. Quando chega o carteiro, ela abre pra que ele entre e entregue suas correspondências. Quando é o leiturista, ela trava e o “bestão” tem que pedir a chave na academia ao lado.

Mas, sabe de uma coisa? Acho que aquela porta devia estar com defeito, porque quando eu girei a maçaneta ela abriu. Ou seja, ela me confundiu com o carteiro.

“Até a porta, meu Deus!”

O pior aconteceu na cidade de Perdões.

Estava fazendo leitura em uma rua, quando quatro garotas de uns 15 anos mais ou menos se aproximaram falando alto, rindo, e me chamando de tio.

- O tio, cê vai marcar a luz dessa rua toda?

- Vou!

- Cê pode fazer um favor pra gente?


- Depende. Que favor?

- É só entregar uma cartinha naquela casa amarela, pro João.

- Em nome de quem?

- Ele sabe de quem é.

Cheguei a tal casa, enfiei a mão pelo vão do portão, abri a tampa do relógio de luz, marquei, fechei a tampa e quando estava colocando a carta na caixinha do correio, uma mulher apareceu à janela.

- Oi – eu disse. – É aqui que mora o João.

- É! – respondeu a mulher.

- É uma carta pra ele.

- Mas você não é medidor de luz?

- Sou. Foi uma menina que pediu pra eu entregar.

Fui embora e quando olhei pra trás, a mulher estava com a carta na mão, no meio da rua, parecendo procurar pelas meninas que já haviam sumido.

No mês seguinte, quando cheguei para marcar a luz, havia um cadeado na porta do relógio de energia.

Toquei a campainha, bati, chamei. A casa parecia vazia.

No mês seguinte a mesma coisa.

No terceiro mês, quando eu batia palma em mais uma tentativa de ser atendido, uma mulher que passava na rua, me disse:

- Moço, aí não mora mais ninguém, já faz um tempo.

- Aé? E a senhora sabe quem é o proprietário da casa?

- Ah, é o seu João do açougue da rua de baixo. Mas, o açougue tá fechado, o seu João tá internado.

- Ele tá doente?


- Depressão. Ele ficou muito mal depois que a mulher foi embora.

- Sério?

- Sério! Você acredita que uma vadia mandou uma carta de amor pra ele e a mulher dele pegou? E ele ainda teve a cara de pau de dizer que não tinha uma amante. Velho sem vergonha!

Nesse momento, saiu um rapazinho da casa ao lado e a mulher o cumprimentou:

- Oi João, você tá bom?

Foi então que eu percebi que a casa que eu entreguei a cartinha, não era “bem” amarela, era caqui. Amarela era a casa vizinha, de onde saiu o rapaz também chamado João.

E depois eu ainda reclamo quando o pessoal confunde o meu uniforme de leiturista (caqui) com o do pessoal do correio (amarelo).

quinta-feira, 18 de junho de 2009

"VISITE ATIBAIA E GANHE UMA MULTA"

Na minha cidade, é muito comum encontrar carros adesivados com o título dessa história.

E é fácil entender o motivo.

Dias atrás, um amigo meu tomou uma multa quando passava numa avenida cuja velocidade máxima permitida é 30 km/h.

Detalhe: ele andava a 20km/h.

O motivo da multa? Um motoqueiro, que além de ultrapassá-lo pelo lado direito, ainda estava em alta velocidade.

Resultado: na foto do radar não apareceu a moto, só o carro do meu amigo, que pagou a multa e perdeu uns pontinhos na carteira.

- Da próxima vez, passo por cima do motoqueiro. - ele disse.

- E vai preso por homicídio doloso.

- Melhor do que levar outra multa!

Percebeu o tamanho da revolta?

Outro que ficou revoltado foi o pai de um outro amigo meu.

Domingo passado, ele foi à feira e, sistematicamente, como faz há 22 anos, deixou o carro na vaguinha de sempre. Quando voltou, a surpresa: multa por estacionar em local impróprio.

Quer dizer, "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come".

Ou melhor, se correr leva multa, se ficar leva também.

E há quem esteja tomando medidas extremas para escapar de uma multa.

Seu Milton leiteiro, por exemplo. Depois de mais de 50 anos na mesma profissão, entregando garrafas de leite diariamente, de casa em casa, numa carroça velha, decidiu abandoná-la.

Não a profissão, a carroça. Seu Milton agora entrega o leite a pé.

E quando algum cliente lhe pergunta sobre a carroça, ele explica:

- Ih, larguei mão, por causa dessas tar de murta. Sabe como é, né? O Pé de Pano (seu cavalo) é muito ligero, mió evita.

Ligeiro? O coitado do animal é tão velho, que deve ter sido adquirido no dia em que Deus distribuiu as primeiras amostras grátis de cavalo.

E se a situação chegou a esse ponto por aqui, há lugares em que está ainda pior.

Segundo li num jornal outro dia, enquanto Atibaia possui “apenas” 5 radares (3 fixos e 2 móveis) uma das nossas cidades vizinhas possui mais de 30.

Ouvi dizer que nessa cidade, a população está começando a surtar em consequência das multas.

Carros estão sendo abandonados nas ruas ou trancados dentro de garagens ou galpões. As pessoas, agora, só andam a pé.

E mesmo estando a pé, ninguém mais corre. Mesmo que isso lhe custe o emprego, por chegar atrasado, ou a vida, por se negar a sair correndo de um Pit Bull solto e faminto.

O conhecido lago da cidade, antes freqüentado por praticantes de cooper, está as moscas.

E os carteiros estão querendo entrar em greve, já que não conseguem mais entregar todas as correspondências diárias andando a “passo de noiva”, como eles mesmos dizem.

Tenho um primo que mudou-se pra essa cidade, recentemente, e ainda não surtou. Ele me contou, que a revolta com as multas lá está tão grande, que esses dias, um rapaz foi preso enquanto dava marretadas num radar móvel.

Já na delegacia:

DELEGADO: - Por que o senhor estava destruindo o radar?

RAPAZ: - Meu carro, tá cheio de multa, tá cheio de multa, meu carro, tá cheio de multa...

DELEGADO: - Como é o seu nome?

RAPAZ: - Tarso Cadore.

Nem preciso dizer mais nada, preciso?

terça-feira, 16 de junho de 2009

Saudades da Amélia

Nunca acreditei nessa história de amor à primeira vista.

Pelo menos até conhecer Amélia...

No nosso primeiro encontro, tive a sensação de conhecê-la há anos, ou quem sabe mesmo, de outras vidas.

Na época em que ela apareceu em minha vida, eu era casado. Aliás, fora a minha própria esposa quem a trouxera, com a intenção de que cuidasse da casa, enquanto trabalhávamos fora.

Pouco tempo depois, a empresa onde eu trabalhava entrou em crise, cortou alguns funcionários e eu fiquei desempregado.

Sem trabalho, sentindo-me inútil e solitário, comecei a me aproximar de Amélia, que logo se mostrou uma ótima companhia.

Minha esposa, hiper ativa, não suportava ficar em casa, então, com a desculpa de manter o nosso padrão de vida, arrumou mais um emprego, à noite.

Depois disso, fomos nos afastando cada vez mais.

Amélia e eu passamos a sair todas as manhãs, depois, as tardes, e em seguida, também às noites.

Nossos carinhos eram sinceros e ela era-me totalmente fiel. Bem diferente de minha esposa. Mas isso já não me importava. Ao meu lado tinha alguém que me compreendia, me acompanhava e fazia de tudo para me agradar.

Um dia, arranjei um emprego bom e resolvi sair de casa, levando Amélia comigo. Minha esposa não impôs resistência.

Partimos felizes.

Aluguei uma casa com um grande jardim, só para ter o deleite de ver Amélia passear por entre as flores.

O tempo foi passando e nós vivendo cada vez mais felizes. Não brigávamos nunca.

Tudo parecia perfeito. Até que um dia, quando estávamos no jardim da nossa casa, Amélia viu passando do outro lado da rua, alguém que lhe era familiar. De repente, com uma expressão mista de felicidade e excitação no olhar, ela saiu correndo em direção a esse alguém.

Eu, que assistia a tudo da pequena varanda, não podia acreditar no que via. Ela parecia estar me deixando...

Amélia pulou a mureta de nossa casa, correu pela calçada e invadiu a rua, sem ver o caminhão, que só freou depois do baque.

Ainda hoje, passados cinco anos de sua morte, sinto intensamente a sua falta, e guardo, como recordação e homenagem póstuma, ao lado do seu retrato, a sua coleira anti-pulgas pink.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Dia dos Namorados


Depois do Natal e do Dia das Mães, creio que o Dia dos Namorados é a época em que as pessoas mais compram presentes.

Para estimular ainda mais essas compras, os comerciantes aqui da minha cidade criaram uma promoção chamada: “Cupido no Comércio”.

Segue abaixo as regras da promoção:

A pessoa compra um presente numa loja credenciada e recebe um cupom. Cupom rosa, se for mulher. Cupom azul, se for homem. Na tarde do Dia dos Namorados (hoje) ocorre o sorteio de um número. A mulher que possuir o cupom rosa com o número sorteado ganha um encontro (acho que um jantar) com o homem que tiver o cupom azul de mesmo número.

A promoção até seria legal se não fosse por um detalhe: quem compra presente pro Dia dos Namorados é porque já tem um(a) namorado(a). Vai ganhar encontro com outra pessoa pra quê?

Mas é justamente nesse ponto que está a genialidade dos criadores da promoção.

Promovendo o encontro de pessoas comprometidas, criam-se novos amantes. Com isso, os comerciantes garantem as boas vendas não apenas hoje, como num futuro próximo também, já que dia 22 de setembro, é o Dia dos Amantes.

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No Dia dos Namorados de 2001, aconteceu comigo uma história quase inacreditável.

Eu havia começado um namoro fazia poucos meses. Estava em fase de conquista, portanto.

No nosso primeiro Dia dos Namorados resolvi que lhe daria flores.

Na véspera, fui à floricultura, escolhi as flores e um belo cartão no qual escrevi no envelope: “Para: Dani”.

No dia seguinte, ela e eu nos encontramos à noite.

Ela me deu um presente e não disse nada sobre as flores.

O tempo passava e ela continuava muda sobre o assunto.

“Será que ela não gostou? Será que é alérgica?” – eu pensei.

Até que não agüentei mais e perguntei:

- Dani, você não recebeu nada hoje?

- Não.

- Você tá falando sério?

- Sim. Por quê?

Não era uma brincadeira.

No dia seguinte, voltei à floricultura e conversei com o entregador.

- Eu entreguei a flor, sim. – ele insistia

- Mas, como, se ela não as recebeu? – eu respondia indignado.

O que aconteceu, na verdade, foi um conjunto de infelizes coincidências.

Pedi que entregassem as flores na loja onde minha namorada trabalhava. Mas, o entregador quando chegou ao local, acabou tocando a campainha da casa que ficava em cima dessa loja.

- Por favor, a Dani?

- Sou eu.

A menina que recebeu as flores era filha de uma amiga da minha irmã e se chamava Daniele. O pior, é que na época, segundo informação da minha irmã, havia um cara chamado Paulo que vivia correndo atrás dela. E ela o detestava.

“Pronto” - pensei - “Ela jogou a flor no lixo!”

E pra completar, o entregador mesmo depois de se convencer de que tinha feito uma “cagada”, ainda me veio com essa:

- Será que não dá pra você mesmo ir buscar a flor e entregar pra sua namorada?

Por culpa desse entregador, a história que começou como um “romance”, se transformou em “comédia”. E só não acabou em “tragédia”, porque ele, de repente, saiu correndo pra consertar o seu erro. Após receber uma ameaça de estrangulamento.

Minutos depois, a flor estava com a sua verdadeira dona que, hoje, é mais do que minha namorada, é minha esposa.

Neste ano, eu, como bom brasileiro, deixei pra comprar o presente dela na última hora. Pra ser sincero, comprei agora pouco. Mas, ainda não posso revelar o que é. Só garanto uma coisa: não é flor!

Ela, como mulher prevenida que é, comprou o meu presente na quarta-feira. Eu só achei estranho quando ela chegou da compra, cantarolando um trecho de um funk que dizia mais ou menos assim: “agora eu sou solteira e ninguém vai me segurar...”

- Dani?

- Eu.

- Onde você comprou o meu presente, você recebeu um cupom?

- Não. Por quê?

- Esquece, esquece...








sexta-feira, 5 de junho de 2009

Perfumarias

Adoro perfumes. Mas, definitivamente, não tenho sorte com perfumarias.

Certa vez, precisava comprar um presente para dar de Natal. Já era 23 de dezembro e eu ainda não havia me decidido.

Nesse dia, terminei meu trabalho próximo a uma perfumaria famosa aqui da cidade. Aproveitei o “milagre” de estar quase vazia e entrei.

Num canto, quatro vendedoras mais maquiadas que os integrantes da Banda Kiss, conversavam.

Observei as prateleiras. Olhei alguns kits. Experimentei fragrâncias.

Já estava tendo uma crise aguda de rinite alérgica e elas continuavam agindo como se eu não estivesse ali.

“Caramba! Será que eu tô fedendo?”

Claro que não. Isso seria um ótimo motivo para ser atendido. Mas, qual seria o problema, então?

De repente, vi meu reflexo num espelho: eu estava usando uniforme!

Provavelmente, aquelas meninas pensam que quem usa uniforme não tem dinheiro pra comprar perfume. Elas tem razão. Segundo um Correio Braziliense de 2002, um piloto de avião no topo da carreira chega a ganhar um salário mensal de apenas R$ 24 mil... E eles usam uniforme!


Eu estava indignado com tanto preconceito.

Pensei em chamar uma delas e começar a falar em Inglês. Mas não o fiz.

Primeiro, porque não gosto de humilhar ninguém.

Segundo, porque não sei falar Inglês.

Pensei em outras alternativas como pegar um perfume e sair sem pagar, anunciar um assalto, acender um famoso “peido de velha” atrás do balcão. Tudo pra ver se chamava a atenção.

Mas nada precisou ser feito. Atrás de mim, ouvi uma voz me chamando:

- Paulo?

Virei e vi que era uma velha amiga que não encontrava havia tempos. Percebi que usava o uniforme da loja. Depois do abraço e um pouco de conversa ela perguntou:

- Posso te ajudar?

- Só se você for a gerente.

- Eu sou.

Aí eu fui à forra:

- Então, é que estou aqui faz pelo menos 20 minutos e pude perceber que a perfumaria está carente de vendedores. Posso deixar um currículo?

Minha amiga entendendo minha ironia disse:

- Infelizmente nós não estamos contratando no momento. Mas, é uma coisa pra se pensar.

Nisso, as meninas já haviam se ligado. Uma delas veio até nós e se dispôs a me ajudar.

- Você quer olhar algum perfume?

- Não, obrigado. Eu já enjoei de olhar. Agora vou levar.

E com um sorriso no rosto, peguei o kit mais caro. Não por vingança, mas porque a pessoa que o ganhou merecia.

As garotas, além de não receberem a comissão do meu presente, tomaram uma dura da minha amiga, mais tarde.

E a loja, uma semana depois foi assaltada. Segundo consta nos jornais, por "bandidos bem vestidos".
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Situação estranha aconteceu também numa outra perfumaria bastante conhecida do centro da cidade.

Um sobrinho meu, sabendo que eu trabalharia num determinado dia próximo a essa perfumaria, pediu que lhe comprasse um desodorante.

Vou chamar o desodorante de Desodorante X.

Nesse dia, após o trabalho, entrei nessa loja de perfumes e, como estava com certa pressa de ir embora, fui direto ao assunto:

- Boa tarde! Eu quero levar um desodorante desse aqui. - e apontei o Desodorante X.

- Mas, o senhor não quer experimentar primeiro?

Bom, aí eu tive certeza de que quando estou de uniforme, além de ficar com cara de pobre, fico com cara de burro. A vendedora deve ter pensado que escolhi aquele desodorante porque “achei a embalagem bonitinha”.

- Não precisa, eu já conheço. Além disso, não é pra mim, é pro meu sobrinho.

- É desse daqui mesmo?

- É. Desodorante X não é esse?

- É, só que desse aqui não tem mais. Só essa amostra.

Era só o que faltava.

- Vou ligar pra ele.

Peguei o celular e liguei pro meu sobrinho. Ele disse que eu poderia comprar o Desodorante Y, ou o Desodorante Z no lugar do X.

- Tem Desodorante Y?

- Vendi o último antes de você chegar.

- E o Desodorante Z?

- Ele vai chegar hoje, lá pelas 5 e meia.

Já era 4 e meia da tarde, mas eu não podia esperar.

- Vou fazer o seguinte, volto aqui amanhã cedo.

- Amanhã estará fechado pra balanço.

- Depois de amanhã, sábado.

- Fecharemos pra uma pequena reforma.

- E quando abre de novo?

- No sábado seguinte.

Uma semana depois eu estava lá.

- Olá! Desodorante X, tem?

- Continua faltando. E o Desodorante Y, também.

- Só falta você me dizer que o Desodorante Z acabou.

- Não, saiu de linha.

Depois dessa, se eu fosse meu sobrinho, juro que faria igual a Ana Maria Braga: nunca mais usava desodorantes.











segunda-feira, 1 de junho de 2009

O Amigo Secreto

Quem conhece uma pessoa famosa de perto, sabe o quanto é difícil convencer os outros de que isso seja verdade.

Eu por exemplo. Tenho um amigo que trabalha na TV, mais precisamente no programa que é o mais comentado no momento: CQC.

Mas, não vou falar o nome dele. Por quê? Você, leitor, não iria acreditar.

Essa pessoa que conheço não apenas é meu amigo como o melhor deles.

“Claro”- você vai pensar - “Agora que o cara é famoso, todo mundo vai dizer que era amigo dele.”

Era não. Sou!

A verdade é que nos conhecemos desde os 7 anos de idade. Estudamos juntos. Começamos no teatro juntos. Jogamos basquete juntos. Enfim, convivemos por toda a infância e adolescência juntos. Até que ele foi pra São Paulo fazer teatro e eu fiquei por aqui, torcendo por ele.

E, então, desde que ele apareceu na televisão pela primeira vez, vivo um misto de orgulho em dizer aos outros que ele é o meu melhor amigo e o receio de me passar por mentiroso ou convencido. Aí, fico quieto, até alguém me perguntar sobre o assunto.

Acho que essas pessoas que não acreditam em nossa amizade, pensam que gente famosa só tem amizade com gente famosa.

Mas e os amigos de infância?

Vai ver, pensam também que os famosos já eram amigos desde a infância.

Imagine os amigos de infância do Silvio Santos: Hebe, Pedro de Lara, Dercy Gonçalves (que era o comandante das brincadeiras, por ser a mais velha).

Já o Roberto Marinho era o inimigo.

Parece exagero essa história de dizer que ninguém acredita em nossa amizade, mas veja o que aconteceu outro dia:

Um colega de trabalho chegou para mim e disse:

- É verdade que o cara do CQC é seu amigo?

- É.

- Mas de onde você conhece ele?

- Nós estudamos juntos. Ele é aqui de Atibaia.

- E ele continua seu amigo?

- Continua.

- E vocês conversam?

Minha vontade era responder: “Não. Quando a gente se encontra, brincamos de vaca amarela.”É claro que não nos vemos com a mesma frequência de antes, mas sempre que possível, colocamos o papo em dia.

Certa vez, uma pessoa que me viu junto a ele (e só por causa disso acreditou que eu o conhecia) pediu que eu contasse algum fato curioso da nossa infância.

Então, me lembrei de um pacto que nós fizemos. Era o seguinte: quem morresse primeiro, voltaria pra contar para o outro como é que era do outro lado.

Mas não bastava vir e contar. Era preciso fazer ou dizer algo que quem estivesse vivo pudesse provar aos outros que tinha conseguido fazer contato com o morto.

Agora eu me pergunto: se nem com ele vivo as pessoas conseguem acreditar que a gente conversa, imagine depois de morto!

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