Segunda-feira. 8 da manhã. Mais uma jornada semanal de leituras de luz está começando. Logo na primeira casa do roteiro, é preciso entrar. O padrão de energia elétrica fica do lado de dentro. Como não há campainha, bato palmas e solto o velho bordão:
- Leitura da luz!
Uma mulher responde da janela:
- Já vai!
Ela aparece, anos-luz depois. Pra não perder o costume, vou logo dizendo:
- Bom dia, senhora. Vim fazer a leitura da luz.
Ela abre o portão e responde:
- Bom dia! Pode entrar.
Em seguida, ela se abaixa para limpar o hidrômetro e diz:
- Nossa! Que sujeira! Como vocês conseguem enxergar a leitura da água desse jeito?
- Não é leitura da água, senhora. É leitura da luz.
- Ah, tá.
Lá de dentro, o marido da mulher se manifesta:
- Que que tá acontecendo aí, Bem?
- O moço veio medir a água.
- Não é água, senhora. É luz!
Termino a leitura e agradeço a mulher. Ela entra e quando estou indo embora, aparece o marido com uns 10 quilos de envelopes nas mãos.
- Ei, grande! Dá uma chegadinha aqui.
- Pois não!
- Já falei pro outro carteiro e vou falar pra você, também: esse João da Silva - mostrando o nome marcado num dos envelopes - é o cara que morava aqui antes de mim. Agora, que ele se mudou, não quero mais que vocês fiquem entregando estas porcarias na minha casa!
- Mas, senhor...
- Ah, não quero saber! Isso é um problema de vocês. Toma! Leva essas merdas de volta pro correio.
- SENHOR!
O homem se assusta.
- Eu não sou carteiro. Sou o leiturista da luz!
- Ah, tá. Mas, você também não fala nada!
O homem finalmente entra. Quando me viro pra seguir o meu caminho, aparece uma mulher correndo desesperada:
- Moço! Por favor, não me multa!
- O quê?
- Eu sei que nesse lugar é proibido estacionar, mas é que eu só parei por causa de uma emergência, tive que ir correndo até à farmácia comprar um absorvente e...
- Moça! Calma! Eu não sou guarda de trânsito. Sou o marcador da luz!
- Ai, desculpa moço. Que vergonha! Desculpa! Ai! Desculpa...
Deixo ela meio que falando sozinha. Quando vou continuar as leituras, uma garota que está chegando à primeira casa me chama:
- Moço!
- Ooooooooooi! - já sem paciência.
- É você que veio consertar a Internet?
"Não! Eu sou um homem bomba disfarçado que veio explodir sua casa a mando do Bin Laden, de preferência abraçado a você!"
- Não, mocinha! Eu sou o marcador de luz!
-Ah, tá.
O dia todo segue com acontecimentos desse tipo. Depois da útima leitura, dou um suspiro profundo e pegunto aos Céus:
- Meu Deus, por que as pessoas nuncam prestam atenção em nada? Por que nuncam ouvem as outras? Por que há tantos enganos nessa vida?
De repente, surge por de trás de uma árvore um homem careca, barrigudo e com uma roupa muito estranha. Ele começa a explicar todas as minhas perguntas. Imediatamente, eu o reconheço, só não entendo a sua presença ali.
Depois que ele pára de filosofar, eu não resisto e pergunto:
- Desculpa! O senhor não é o Pandite, aquele sacerdote indiano da novela das 8?
- Tic!
- E o que o senhor faz por aqui?
- Are-baba! Aqui não é o caminho das Índias?
- Não. É Avenida Lucas Nogueira Garcês. Atibaia!
- Puta que o pariu! Entrei na história errada!
Tô falando que ninguém presta atenção !
kkkkkkkkkk....are baba!!!! coitados dos homens uniformizados....
ResponderExcluirNossa Paulo,
ResponderExcluirMe lembro de quando trabalhava na farmácia (Vico-Farma) e ia fazer visitas médicas. Assim que uma balconista do hospital me via, rapidamente comentava com sua colega da direita: "Olha lá, o 'vico-boy' tá chegando", kkkk
É uma desgraça mesmo. Vai usar uniforme!!!
Ficassim!
hahahahah!!
ResponderExcluirAdoreiii a história!
E haja paciência hein?
Até mais!
Parabéns!! Mega criativo..apesar d enão precisar de criatividade para descrever o cotidiano né?? rsrsrs.
ResponderExcluirObrigado, Fernanda!
ResponderExcluirAbraço!
Heheheheheh, muito bom!!!
ResponderExcluirValeu, Oscar!
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