sábado, 20 de junho de 2009

Estranhos Recados

Dias atrás, fui fazer a leitura da luz de duas casas que ficam em cima de uma academia.

Quando cheguei à porta de entrada dessas casas, que fica ao lado da academia, havia dois recados.

O primeiro: “Senhores leituristas de água e luz, para fazer a leitura, favor pegar a chave da porta na academia ao lado. Obrigado.”

E com a mesma letra, o segundo dizia assim: “Senhor carteiro, a campainha não funciona. Para entregar correspondências, favor subir as escadas. A porta está aberta. Obrigado.”

Aí eu fiquei pensando: “O que é a tecnologia, não!”

Aquela porta deve ter um sensor de identificação de última geração. Quando chega o carteiro, ela abre pra que ele entre e entregue suas correspondências. Quando é o leiturista, ela trava e o “bestão” tem que pedir a chave na academia ao lado.

Mas, sabe de uma coisa? Acho que aquela porta devia estar com defeito, porque quando eu girei a maçaneta ela abriu. Ou seja, ela me confundiu com o carteiro.

“Até a porta, meu Deus!”

O pior aconteceu na cidade de Perdões.

Estava fazendo leitura em uma rua, quando quatro garotas de uns 15 anos mais ou menos se aproximaram falando alto, rindo, e me chamando de tio.

- O tio, cê vai marcar a luz dessa rua toda?

- Vou!

- Cê pode fazer um favor pra gente?


- Depende. Que favor?

- É só entregar uma cartinha naquela casa amarela, pro João.

- Em nome de quem?

- Ele sabe de quem é.

Cheguei a tal casa, enfiei a mão pelo vão do portão, abri a tampa do relógio de luz, marquei, fechei a tampa e quando estava colocando a carta na caixinha do correio, uma mulher apareceu à janela.

- Oi – eu disse. – É aqui que mora o João.

- É! – respondeu a mulher.

- É uma carta pra ele.

- Mas você não é medidor de luz?

- Sou. Foi uma menina que pediu pra eu entregar.

Fui embora e quando olhei pra trás, a mulher estava com a carta na mão, no meio da rua, parecendo procurar pelas meninas que já haviam sumido.

No mês seguinte, quando cheguei para marcar a luz, havia um cadeado na porta do relógio de energia.

Toquei a campainha, bati, chamei. A casa parecia vazia.

No mês seguinte a mesma coisa.

No terceiro mês, quando eu batia palma em mais uma tentativa de ser atendido, uma mulher que passava na rua, me disse:

- Moço, aí não mora mais ninguém, já faz um tempo.

- Aé? E a senhora sabe quem é o proprietário da casa?

- Ah, é o seu João do açougue da rua de baixo. Mas, o açougue tá fechado, o seu João tá internado.

- Ele tá doente?


- Depressão. Ele ficou muito mal depois que a mulher foi embora.

- Sério?

- Sério! Você acredita que uma vadia mandou uma carta de amor pra ele e a mulher dele pegou? E ele ainda teve a cara de pau de dizer que não tinha uma amante. Velho sem vergonha!

Nesse momento, saiu um rapazinho da casa ao lado e a mulher o cumprimentou:

- Oi João, você tá bom?

Foi então que eu percebi que a casa que eu entreguei a cartinha, não era “bem” amarela, era caqui. Amarela era a casa vizinha, de onde saiu o rapaz também chamado João.

E depois eu ainda reclamo quando o pessoal confunde o meu uniforme de leiturista (caqui) com o do pessoal do correio (amarelo).

4 comentários:

  1. Não se preocupe amigo, de louco e daltonico todo mundo tem um pouco.... kkkk

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  2. Mto, mto bom...tipo 1 século depois eu entendo o texto...tô meio lerda hoje, mais tah mto bom seu blog sempre..amanhã tô ai em Atibaia...q frio...

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  3. Meu, se vc continuar nessa profissão, pode haver sérias consequências, hein??? Acho melhor mudar de emprego, que tal de carteiro?? rsrsrs

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  4. hahahahaha muito bom, eu vim acabar aqui depois de ler o blog do oscar, já faz algum tempo e naquele dia mesmo resolvi favoritar seu blog, tem histórias muito boas e engraçadas...to adorando!!! parabéns sr. leiturista!!!
    ps: adorei tbm o post falando das flores q vc mandou pra Dani, é o tipo de coisa q qnd a gente vê na tv diz: isso só acontece em novela!! até q se pega numa situação dessas!!!
    beeejo

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