AS AVENTURAS DE UM LEITURISTA DE LUZ (E OUTRAS HISTÓRIAS) SOB UM PONTO DE VISTA BEM HUMORADO.
terça-feira, 30 de março de 2010
BBB 10
sábado, 27 de março de 2010
Estranhos
Segunda-feira parecia ser mais um dia comum na minha jornada de leiturista de luz.
Parecia!
Alguns dos seres mais estranhos de Atibaia resolveram sair de suas tocas pra falar comigo.
Parei em frente a uma casa que ficava no fundo de um terreno e estava quase encoberta pelo mato. Tirei alguns galhos e folhas da frente do relógio de luz e quando anotava a leitura, percebi, com o canto dos olhos, uma movimentação suspeita atrás de uma moita.
Olhei pro lado e vi um homem que aparentemente era velho, mas não muito, uns 115 anos no máximo. Ele vestia uma blusa com touca e era muito branco. Tomei um baita susto! Não porque ele se parecia com o Mun-há antes de se transformar, mas porque estava fazendo um calor de no mínimo 40 graus!
- Eu estou segurando esta foice, mas não se assuste! Eu percebo quando uma pessoa é boa e quando é ruim. – ele disse.
Espera aí! Um ser de touca preta com uma foice na mão surge, de repente, na minha frente e ele ainda quer que eu não me assuste?
E pra piorar, olha o que ele me disse:
- Meu vizinho da esquina era um homem muito bom. Esses dias, ele foi morto na porta de casa com 3 tiros! Quer dizer, não adianta ser bom, porque quando chega a sua hora, você não escapa!
- Preciso ir. O senhor não me leve a mal, mas, ainda tenho 500 leituras pra fazer hoje.
- Ainda é 1 e 15h. Tem razão. Ainda não está na sua hora!
Um casa depois, um homem baixinho e troncudo atendeu a porta.
- O que você quer?
- Boa tarde! Vim fazer a leitura da luz, senhor.
- Como? Você já veio no sábado!
- Não, senhor. A leitura está marcada pra hoje. Acho que quem veio no sábado foi o pessoal da inspeção que usa o uniforme igual ao nosso e...
Ficamos uns 20 minutos naquilo. E o homem foi tão convincente nos seus argumentos de que eu havia estado ali no último sábado, que eu comecei a ficar confuso:
“Meu Deus, será que eu vim aqui no sábado e depois morri de repente? Vai ver é por isso que eu não estou lembrando! Bem que eu achei que conhecia aquele tiozinho da foice de algum lugar! Não, não é nada disso! Deve ser este Sol que está me fazendo ter alucinações!”
- O senhor tem a conta do mês passado aí?
- Tenho. Vou pegar.
Se bem que quem atendeu a porta foi a esposa do cara.
E o FEIO mora ali perto...
No final do setor encontrei a pessoa mais esquisita de todas. Era uma mulher que falava muito enrolado e rápido, de modo que eu só conseguia entender algumas palavras. O que quase gerou uma confusão.
No momento em que eu fazia a leitura em sua casa, ela saiu da casa da vizinha e perguntou se eu gostava de pão caseiro. Respondi que sim. E, então, ela começou a abaixar o decote da blusa até quase um peito pular pra fora.
- Senhora! Pelo amor de Deus! – disse virando o rosto envergonhado.
Ela então ergueu a blusa pra me mostrar a barriga e fez a única pergunta que eu entendi claramente:
- O senhor é casado?
Não havia mais dúvidas: o povo daquele bairro, vizinho do Imperial, estava me confundindo com o FEIO.
De repente, olhei para os seus braços e percebi que estavam com a pele toda queimada.
Um homem, provavelmente o seu marido, apareceu na janela e disse:
- Rosana! O óleo já está fervendo!
Um quadra depois, acabei ouvindo sem querer a conversa de duas mulheres e descobri toda a verdade.
MULHER 1: - Você ficou sabendo, coisa?
MULHER 2: - O quê? Me conta!
MULHER 1: - A Rosana, aquela mulherzinha da rua debaixo que faz pão caseiro...
MULHER 2: - O que tem ela?
MULHER 1: - Ela tava fazendo o recheio do pão doce e o fogão dela explodiu. Queimou tudo o peito e a barriga dela!
MULHER 2: - Que horror!
Horror foi essa segunda feira: 694 leituras, calor insuportável e uma dúzia de pessoas estranhas.
Ninguém merece!
quarta-feira, 17 de março de 2010
Ração Humana
sexta-feira, 12 de março de 2010
FEIO
- Viu! Posso te fazer uma pergunta?
- Pode. – respondi.
- É verdade que lá no Imperial (bairro de Atibaia) tem um cara vestido com uniforme de leiturista de luz que tá entrando na casa dos outros pra abusar da mulherada?
Esperei alguns segundos pra ver se ele ria da própria piada. Mas, ele não riu! Então respondi:
- Olha, não estou sabendo de nada, não!
- É que a minha mulher fica sozinha em casa, né, sabe como é que é! Ha ha ha!
Tenho um colega de trabalho cujo apelido é Feio que é o José Maier dos leituristas de luz.
Só que ao contrário do Zé Maier, o Feio só encara mulher feia.
O mais estranho é que quando alguém comenta de uma mulher bonita que está passando na rua, o Feio não liga.
Meu encarregado que também é meu primo, o Ronaldo, tem uma teoria boa sobre isso: “O Feio só dá em cima de quem ele acha que ele tem chance.”
De fato, ele quase nunca leva um fora.
Mas, Feio não gosta só das feias. Ele também gosta das coroas. Passou dos 65 anos ele diz que “está no ponto!”.
Tivemos até que proibi-lo de frequentar a casa do Ronaldo, pois, nossa avó mora lá.
Imagina o transtorno se a minha avó com 91 anos de idade ficasse com o Feio que tem 45? Ela poderia ser presa por pedofilia!
Quando o mecânico me falou da história do cara de uniforme de leiturista “pegar” a mulherada no bairro do Imperial, foi inevitável não pensar no Feio. Principalmente porque o Feio mora nesse bairro.
Falei pro mecânico:
- Por via das dúvidas, sempre que alguém for fazer leitura na sua casa, peça para mostrar o crachá antes de entrar.
- Ah, muito obrigado viu! – ele respondeu.
Quando saía da oficina, encontrei uma carteira na calçada. Abri. Pelo RG, percebi que era do mecânico. Entrei pra devolver.
- Olha, achei sua carteira na calçada.
- Pô! Muito obrigado!
Não resisti e perguntei:
- Viu! De quem é essa foto que tá na sua carteira?
- É da minha esposa. Bonita ela não?
- Hum... bem... – fiquei constrangido.
- Ei, não vai me dizer que é você quem faz a leitura lá no Imperial?
- Por quê?
- Porque eu percebi que você achou a minha mulher bonita. Ha ha ha ha!
“Sujeito maluco!” – pensei.
- É – respondi dando um sorriso amarelo – O papo está bom, mas, eu tenho que ir.
- Oh, bom trabalho!
- Igualmente!
Quando saí daquela oficina um pensamento martelava a minha cabeça: “Se o Feio for o cara do uniforme do Imperial, com certeza, a mulher do mecânico não vai escapar!”
Veja a foto dela:
Mas, o meu medo mesmo é o mecânico acreditar que o leiturista do Imperial sou eu!
quinta-feira, 11 de março de 2010
Amigos
sábado, 6 de março de 2010
Casamento
Quando eu era solteiro e estava namorando, as frases que mais ouvia das pessoas eram: