domingo, 6 de fevereiro de 2011

Tudo é uma questão de contexto

Quando você era um bebê, após cada mamada, sua mãe ficava batendo nas suas costinhas até você arrotar.

Hoje, se você arrota à mesa após o almoço, corre o risco de levar uma panela de pressão fervendo na cabeça, acompanhada de frases como:


“Porco!”
“Nojento!”
“Sem educação!”
Etc.

Já na cultura árabe, quando você arrota após uma refeição, significa que você gostou tanto da comida, que acabou comendo mais do que podia, sentindo a necessidade de arrotar.

Em outras palavras, indica satisfação.

Tinha um amigo que era capaz de dizer qualquer palavra arrotando. Uma vez, apostamos se ele era capaz de soletrar arrotando a palavra “inconstitucionalidade”. Ele disse arrotando letra por letra. Era um verdadeiro gênio do arroto. Mas, era péssimo em Língua Portuguesa e no lugar da segunda letra “c” da palavra, ele me colocou um “ç”.

Perdeu a aposta e nunca mais arrotou de tanta insatisfação.

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Graças a internet, a gente consegue se comunicar com uma pessoa do outro lado do mundo. Por isso, ouvimos tanto aquela frase: “A Internet aproxima as pessoas”.

Mas, há controvérsias...

Você viaja e fica um tempo sem ligar o computador. Na volta, descobre que há três semanas NINGUÉM entra no seu Orkut.

(Aliás, que frase é essa, não? “Ninguém entra no seu Orkut.” Não sei por que me veio à cabeça a imagem de um supositório.)

Aí, você vai pro Facebook, que tá mais na moda. Você vê ali que tem uma publicação no seu mural. Na verdade, um amigo respondeu uma pergunta sobre você: “Defina Paulo Sergio em uma palavra”. A pessoa responde: “Saudade!”

Puxa, que bacana! As pessoas ainda se lembram de mim. Mas, cadê o olho no olho, o toque na pele, o cheiro, o calor, o abraço, o beijo no rosto? Não tem!

As pessoas estão todas na correria (inclusive eu). Trabalham feito máquinas, correm o tempo todo atrás de dinheiro e mesmo quando mexem no computador, o fazem no meio do trabalho.

Eu quero encontrar os meus amigos, conversar besteiras, conversar sério, rir muito, chorar no ombro, enfim, ter contato humano.

Minha amiga disse que seu namorado vivia adicionando meninas diferentes no seu Orkut a cada dia.

- Quem é?

- Conheci na academia. – ele respondia.

Ela não gostava, mas ficava na dela. Certo dia, viu uma loira bonitona toda insinuante pra cima do seu namorado. Dessa vez não aguentou e reclamou:

- Na boa, essas garotas que você está adicionando no seu Orkut estão me incomodando.

- Que garotas?

- Aquelas da academia. E principalmente essa loira chamada Desirré.

- Ah, não! A Desirré não é da academia.

- É de onde, então?

- Não sei, nem conheço. Ela pediu pra adicionar, eu adicionei.

Depois do Orkut, é claro que eles conversaram no MSN. E não ficou só nessa “paquerinha virtual”. Descobriram que moravam perto e a curiosidade de se conhecerem pessoalmente cresceu tanto, que resolveram marcar um encontro “ao vivo”.

Minha amiga e o seu namorado se amavam. Ele se arrependeu do encontro, mas, já era tarde. Minha amiga descobriu tudo e por ter perdido a confiança nele, terminou o namoro.

Nesse caso, a internet aproximou duas pessoas... que não se conheciam.

Mas, também, afastou duas pessoas... que se amavam.


14 comentários:

  1. Puxa vida, trágica realidade essa, Paulo !
    As pessoas passam TANTO tempo na vida virtual que se esquecem de viver a vida real !

    Daqui a pouco tem família se comunicando por Ipod, dentro de casa mesmo ! ( Se é que isso já não acontece ... ) .

    Abraço
    Bia Freitas .

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  2. Concordo plenamente PS. As pessoas hj tem tanto medo de se relacionar, acham isso tao estranho q a carencia faz com que a internet supra essa necessidade de relacionamento (vazio)... Isso é terrível mas é a realidade.
    Daniel

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  3. confesso que faço parte dessa quota virtual aê. mas algumas são bem proveitosas e satisfatórias, olha nós dois por exemplo, sempre recebo alguns leitores seus la no meu espacinho particular, e eu agradeço.
    parabens mais uma vez vc é meu idolo!! hehehehe

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  4. Parabéns pelo post muito bom!! Concordo plenamente e a internet tem tirado muitas coisas boas até das crianças, que hoje não sabem mais o que é brincar na rua, relacionam-se com os amiguinhos já através da internet. O problema é saber usar e ter bom senso!!

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  5. Infelizmente isso acontece com frequência.

    Abraços,
    Raquel

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  6. Poutz, pois é, faz sentido.
    Aproxima e afasta.
    Eu que tenho fakes (perfis falsos no qual vc interpreta um personagem) sei bem disso.

    Vc cria muitos amigos mais ao mesmo tempo os amigos reais vc acaba deixando de lado.
    Quem sabe por que os amigos virtuais sejam mais compreensivos e muitas vezes achamos pessoa com mais coisas em comum com a gente?

    Nao sei, só sei que ser um fake tem seu lado positivo e negativo.

    Bom post PS

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  7. Putz Paulo, me identifiquei totalmente com seu post... humanos são seres adaptáveis,e a maioria acha normal este distanciamento. Já ouvi mãe incentivar a filha a não voltar da Austrália porque tem skype... rss.Enfim o toque, o olhar, o cheiro estão meio fora de moda... mas ainda bem que pra toda regra existem exceções... incluindo ai os arrotos,rss.

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  8. Bia, eu adoro a internet, mas eu amo a vida real. rs! Falta pouco pra acontecer o lance que você falou da comunicação em casa por Ipod. rs!

    Abraço!

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  9. Daniel, o que você falou sobre suprir essa necessidade de relacionamento, faz todo o sentido. As pessoas tem medo do contato real e acham que estão protegidas pelo contato virtual. Aí se expõem de mais e muitas vezes "dançam".

    Abraço!

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  10. Rafael, primeiramente o brigado pelo elogio. rs!

    Cara, nessa parte eu não tenho o que reclamar. Graças ao blog mantenho contato aqui nas caixinhas de comentários com muita gente bacana e também descobri muitos blogs bacanas pra ler, como o seu.

    Abraço!

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  11. Patricia, concordo com o lance das crianças. Adoro o computador, mas, não trocaria o mais avançado dos computadores pela minha infância bem vivida. Como você falou o problema é a galera saber usar e ter bom senso.

    Abraço!

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  12. Raquel, é a famosa "traição virtual". O pessoal começa a flertar pela net achando que não tem problema e depois, quando vê, tá feita a besteira. Conheço vários casos, mas, prefiro não comentar. rs!

    Abraço!

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  13. Ciborgue, boa questão a sua. Mas, acho que é isso mesmo, aproxima e afasta as pessoas. Cabe a gente selecionar.

    Abraço!

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  14. Fabiano, muito obrigado! Você tem razão, o contato pessoal tá meio fora da moda, mas, ainda bem que tem exceções. E ainda bem que eu não sigo muito a moda. rs! O negócio é balancear.

    Abraço!

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