(sugestão da Raquel: pessoas hipocondríacas)
Tem gente que jura que é um desgraçado.
São pessoas que não têm sorte pra nada, estão sempre duras, são ignoradas pelas outras e, principalmente, sentem dores em proporções que ninguém mais no mundo sente.
Pelo menos elas acreditam que seja assim.
Como essas pessoas são muito competitivas, quando duas delas se encontram, acontece um verdadeiro duelo de Titãs do Reino da Desgraça, como pode ser observado no exemplo abaixo:
Dorgivânia varre a calçada de sua casa, quando Maria das Dores chega da feira.
Das Dores: - Bom dia, Dorgivânia, tá bem?
Dorgivânia: - Que nada, menina, tô morrendo de dor de dente.
Das Dores: - Ih, é porque você não sabe a dor de dente que EU tô sentindo.
Dorgivânia: - Eu nem dormi essa noite de tanta dor.
Das Dores: - Que eu não durmo de dor já faz uma semana!
“Percebam que a competição é clara. E o exagero também. Mas, é apenas o começo.”
Dorgivânia: - O meu dente lateja tanto que parece que estão enfiando uma furadeira na minha gengiva.
Das Dores: - E eu, então? Quando eu fecho a boca e os dentes de baixo encostam nos de cima, parece que eu levei um “jabe” do Mike Tyson no queixo!
Dorgivânia: - Hum! Minha boca incha tanto que eu mal consigo abri-la pra falar.
Das dores: - Ué? Mas, como é que você tá falando, então?
Dorgivânia: - Ah, mas, também, eu tomei um remédio fortíssimo hoje cedo. Pra você ter um ideia a caixinha dele vem com duas tarjas pretas!
Das Dores: - E é bom? Qual é o nome?
“Essas pessoas trocam nomes de remédios como se trocassem receitas tiradas dos livrinhos de quitutes juninos da Ana Maria Braga ou do programa da Palmirinha. Depois de passado o nome do remédio, a conversa continua em clima competitivo.”
Dorgivânia: - Sabe, coisa, eu não te aconselho a tomar esse remédio não. Ele só serve pra quem tá no limite da dor.
“A outra, logicamente, fica ofendidíssima! Onde já se viu duvidar da sua dor?”
Das Dores: - Olha aqui, Dorgivânia, acho que você não entendeu. A minha dor de dente, começa no canino, anda pela gengiva, mandíbula, desce pela parte detrás do pescoço, lateja a coluna como se tivessem me jogado óleo fervendo nas costas e chega na bunda. E não pára por aí, não! Minha coxa começa a formigar e em seguida, uma dor insuportável percorre todo o meu nervo ciático, da coxa até o pé! Agora, me fala: a sua dor é assim?
Dorgivânia: - Não. Mas, em compensação, os efeitos colaterais do remédio que eu tomei são muito piores do que essa sua dorzinha.
Das Dores: - Devem ser mesmo. Devem ter afetado a sua cabeça, porque você já está falando merda! Fique você sabendo que a minha dor...
“E a discussão das desgraçadas vai longe...”
Esse tipo de gente parece ser o melhor alvo para vendedores de seguro de vida.
Mas, só parecem.
PROVÁVEL ARGUMENTO DE UM DESGRAÇADO PARA NÃO COMPRAR UM SEGURO DE VIDA:
- Se o meu carro for roubado e eu tiver um seguro de carro, eu receberei um carro novo no lugar do que foi “pro saco”.
Agora, se eu tenho um seguro de vida e morro, você vai conseguir me ressuscitar? O seguro de vida me oferece o quê: armadura, seguranças armados, campo de força invisível como das naves do filme Independence Day? Não! Então, não me venha com esse papo de que eu preciso de um seguro de vida, porque se eu morrer, a única pessoa que vai lucrar é a minha esposa que provavelmente vai gastar tudo com um amante bem mais novo do que eu! Passar bem!
E o desgraçado malha a porta no nariz do vendedor de seguros, que por azar, não tem um seguro contra acidentes de trabalho.