sábado, 27 de março de 2010

Estranhos

(sugestão da Isabela: pessoas estranhas”)


Segunda-feira parecia ser mais um dia comum na minha jornada de leiturista de luz.

Parecia!

Alguns dos seres mais estranhos de Atibaia resolveram sair de suas tocas pra falar comigo.

Parei em frente a uma casa que ficava no fundo de um terreno e estava quase encoberta pelo mato. Tirei alguns galhos e folhas da frente do relógio de luz e quando anotava a leitura, percebi, com o canto dos olhos, uma movimentação suspeita atrás de uma moita.

Olhei pro lado e vi um homem que aparentemente era velho, mas não muito, uns 115 anos no máximo. Ele vestia uma blusa com touca e era muito branco. Tomei um baita susto! Não porque ele se parecia com o Mun-há antes de se transformar, mas porque estava fazendo um calor de no mínimo 40 graus!




- Eu estou segurando esta foice, mas não se assuste! Eu percebo quando uma pessoa é boa e quando é ruim. – ele disse.

Espera aí! Um ser de touca preta com uma foice na mão surge, de repente, na minha frente e ele ainda quer que eu não me assuste?



E pra piorar, olha o que ele me disse:

- Meu vizinho da esquina era um homem muito bom. Esses dias, ele foi morto na porta de casa com 3 tiros! Quer dizer, não adianta ser bom, porque quando chega a sua hora, você não escapa!

Percebi que já havia passado da minha hora de sair dali. Velho maluco!

- Preciso ir. O senhor não me leve a mal, mas, ainda tenho 500 leituras pra fazer hoje.


- Então, você ainda não almoçou, meu jovem?


- Não, eu costumo almoçar bem tarde, lá pelas 2 ou 3 da tarde.


O velho consultou seu relógio de corrente de ouro e disse:

- Ainda é 1 e 15h. Tem razão. Ainda não está na sua hora!

O quê? Zarpei dali imediatamente!

Um casa depois, um homem baixinho e troncudo atendeu a porta.

- O que você quer?


- Boa tarde! Vim fazer a leitura da luz, senhor.

- Como? Você já veio no sábado!



- Hã!!!???


- Minha mulher falou que você veio no sábado!

- Não, senhor. A leitura está marcada pra hoje. Acho que quem veio no sábado foi o pessoal da inspeção que usa o uniforme igual ao nosso e...

- Não! A minha mulher falou que foi você que veio! Tava de uniforme e com um aparelho na mão igual esse daí que você tá segurando.


Eu sabia que ele estava enganado, mas tive que ser paciente. Não seria louco de arrumar confusão com um homem que era capaz de discutir comigo ao mesmo tempo em que quase estrangulava o seu Pit Bull com uma das mãos.

Ficamos uns 20 minutos naquilo. E o homem foi tão convincente nos seus argumentos de que eu havia estado ali no último sábado, que eu comecei a ficar confuso:

“Meu Deus, será que eu vim aqui no sábado e depois morri de repente? Vai ver é por isso que eu não estou lembrando! Bem que eu achei que conhecia aquele tiozinho da foice de algum lugar! Não, não é nada disso! Deve ser este Sol que está me fazendo ter alucinações!”

- O senhor tem a conta do mês passado aí?

- Tenho. Vou pegar.



Quando o homem voltou, mostrei pra ele no alto do canto esquerdo da conta de fevereiro que a próxima leitura estava marcada para o dia 22 de março, aquele dia! Ou seja, nem eu, nem nenhum outro leiturista havíamos estado lá no sábado!

Se bem que quem atendeu a porta foi a esposa do cara.

E o
FEIO mora ali perto...

No final do setor encontrei a pessoa mais esquisita de todas. Era uma mulher que falava muito enrolado e rápido, de modo que eu só conseguia entender algumas palavras. O que quase gerou uma confusão.

No momento em que eu fazia a leitura em sua casa, ela saiu da casa da vizinha e perguntou se eu gostava de pão caseiro. Respondi que sim. E, então, ela começou a abaixar o decote da blusa até quase um peito pular pra fora.

- Senhora! Pelo amor de Deus! – disse virando o rosto envergonhado.

Ela então ergueu a blusa pra me mostrar a barriga e fez a única pergunta que eu entendi claramente:

- O senhor é casado?


Comecei a pensar: “O que será que uma mulher que me mostra os seios e a barriga, depois pergunta se eu sou casado, pode estar querendo comigo?”

Não havia mais dúvidas: o povo daquele bairro, vizinho do Imperial, estava me confundindo com o FEIO.

De repente, olhei para os seus braços e percebi que estavam com a pele toda queimada.

Um homem, provavelmente o seu marido, apareceu na janela e disse:

- Rosana! O óleo já está fervendo!


Teria sido uma ameaça? Naquele momento entendi tudo: aquele animal do marido dela havia pegado ela com outro homem e tinha jogado óleo fervendo nos dois! Antes que sobrasse pra mim, deixei a mulher falando sozinha.

Um quadra depois, acabei ouvindo sem querer a conversa de duas mulheres e descobri toda a verdade.

MULHER 1: - Você ficou sabendo, coisa?

MULHER 2: - O quê? Me conta!

MULHER 1: - A Rosana, aquela mulherzinha da rua debaixo que faz pão caseiro...

MULHER 2: - O que tem ela?

MULHER 1: - Ela tava fazendo o recheio do pão doce e o fogão dela explodiu. Queimou tudo o peito e a barriga dela!

MULHER 2: - Que horror!

Horror foi essa segunda feira: 694 leituras, calor insuportável e uma dúzia de pessoas estranhas.

Ninguém merece!


24 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkk...
    Atibaia vai pro Guiness Book

    Boa postagem PS.
    Ja estou no msn

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  2. huashuuahsauhsahusuahhusahuhsa

    Muito medo do velho. E seeei, não adianta colocar a culpa no feio não, você que foi na casa da mulher sábado fazer uma leitura dela :P

    auhsuahhauhau ótimo post cara, abração

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  3. vc eh sonambulo?? se for entao eh vc mesmo q foi na casa da mulher do sabado haha

    jah na mulher do pao caseiro me lembrei do post sobre um velhinho q fazia rosquinhas. mtu boom

    abraçao Paulo.

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  4. Já foram as rosquinhas, agora o pão caseiro. Ficará com traumas de casas que oferecem lanchinhos!
    E o mais assustador dessas histórias/estórias, é que as pessoas eram muito sinistras!
    Me dá medo.
    Abraços

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  5. eu estou cm medo da sua cidade aí só tem gente estranha... muito bom este post parabéns pra isabela que deu a ídeia e parabéns pra vc que desenvolveu o tema ficou muito bom espero os proximos bjs paulo

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  6. hahahahaha
    Muito bom!

    No melhor estilo "rua estranha com gente esquisita"

    Parabéns para a Isabela que deu uma ótima ideia!

    Abraços,
    Raquel

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  7. Ciborgue, fiquei devendo a entrada no msn. Meu computador estava mais lerdo que uma tartaruga marinha com reumatismo crônico andando na lama.

    Abraço!

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  8. Luan, se a minha mulher ler o seu comentário eu tô frito! rsrsrs!

    Abraço!

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  9. Jander, pior que quando eu era mais novo já fui sonâmbulo. Uma vez só não saí na rua porque não encontrei a chave. Será que essa fase voltou? rsrsrs! Só falta essa!

    Abraço!

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  10. Juliana, não sei o que me deu mais medo: o velhinho com a foice, o homem desconfiado segurando um Pit Bull com uma mão ou a mulher quase me mostrando as "partes". Trabalhando na rua devo encontrar no mínimo uma pessoa sinistra por dia. Preciso me benzer! rsrsrs!

    Abraço!

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  11. Suzi, meus professores do teatro pedem pra gente observar muito as pessoas na rua. A gente encontra cada personagem que não dá nem pra acreditar. rs!
    A Isabela mandou bem na sugestão!

    Bjos!

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  12. Raquel, e bota esquisita nisso! rsrs!

    Abraço!

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  13. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

    Ok...
    Esse sabado estarei na praia, entao fica pra outra semana rs.

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  14. Mun-ha foi boa... Vc me fez lembrar de uma cena: vi uma velhinha na parada de onibus a noite, vestida com uma blusa preta e com capuz... pensa... só faltou a foice.... rsrs

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  15. ahh ,mais alguem que mostra o peiot e a barriga assim do nada é estranho neh , tudo q vc falo eh estranho
    ela poderia ter explicado antes pelo menos neh
    e deve ter sido uma dor insuportável ;s


    Bjs
    adorei o post

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  16. Ciborgue, praia? Pô! Que chato hein! rsrs!

    Bom passeio!

    Abraço!

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  17. Daniel, pode ser que o velho da foice tenha virado transformista. Vai saber! rs!

    Abraço!

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  18. Mariana, acho que ela até tentou explicar antes, o problema era conseguir entender o que ela falava. rsrs! Mas, que é estranho isso é!

    Bjos!

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  19. AAAHHH! Adoro!
    Paulo 'brigadão por ter escolhido a minha sugestão, fiquei mega feliz (conteipratodos).
    Como sempre muito bons os seus posts. Se você fizesse um livro seria muito vendido -eu compraria.
    Muitíssimo agradecida por ter escolhido a minha sugestão.
    =D

    Parabéns.
    E fica suspensa a dica do livro.

    Beeeijos,
    Isabela.

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  20. Quem nãoé um pouco estranho, ein? Hehehehe... mas esse cara da foice... Mal lhe pargunte: você possui seguro de vida? Não?! Deveria.

    Um abraço e muita sorte nessas suas leituras.

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  21. Isabela, obrigado pelo elogio e principalmente pela sugestão.

    Escrever um livro é uma vontade que cresce cada dia mais dentro de mim. Preciso focar numa ideia, (escrever um livro de crônicas por exemplo) e arriscar.

    Ainda vai rolar!

    Abraço!

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  22. Larysse, se não me engano o meu emprego oferece um seguro de vida sim. Preferia uma armadura! rs!

    Abraço!

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  23. Rsrs....Muuuuiito chato.
    Bem se me der licença eu tenho as duas ultimas postagens suas para ler rs.

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  24. Hahahaha! Tá certo, Ciborgue.

    Abraço!

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