quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Paulo: o bom professor

Muitos me perguntam:

- Paulo, você é formado em Letras. Por que ainda não tá dando aulas?

Dias atrás, me ligaram da Diretoria de Ensino pedindo que eu levasse urgente meu diploma e histórico escolar, caso tivesse interesse em pegar aulas como professor eventual.

Peguei o ônibus, cheguei lá 16:45h (fechava as 17:00). Na entrada do lugar, a recepcionista lixava as unhas da mão.

- Boa tarde. - eu disse.

- Fala! - respondeu sem olhar pra minha cara.

- Eu vim trazer o meu diploma e...

- É pra pegar aulas?

- É.

- Desce a escada e entrega lá embaixo.

Pelo tratamento da recepcionista, fiquei com medo de descer as escadas e chegar ao inferno. Mas, fui.

Chegando embaixo, havia umas 20 salas, pelo menos. Pedi informação a uma mulher que passava e ela foi muito simpática comigo. Mais confiante, segui até a sala indicada.

Dentro da sala, uma mulher sentada e um cara com trejeitos de menino alegre olhavam alguma coisa no computador e riam. Quando parei na porta, o indivíduo me lançou uma olhada de cima a baixo, que não me deixou dúvidas: Ele torcia para o São Paulo.

Pelo menos é o que indicava a camiseta que ele vestia.

O moço saiu da sala e a mulher me disse:

- O que é, professor?

- Boa tarde. Esses dias, me ligaram daqui dizendo que eu tinha que trazer uns documentos até hoje, sem falta, se quisesse pegar aulas.

- Quem te ligou?

- O nome eu não sei. Mas, era daqui.

- Ah, não sei pra que é essa papelada sua aí não. Deixa aqui, vou colocar numa pasta e qualquer coisa a gente te liga depois.

Saí de lá com vontade de enfiar o meu diploma na garganta dela. No mínimo!

Como até agora não me ligaram, ainda não posso pegar aulas como professor substituto.

Em escola particular, sem nenhuma experiência, fica bem difícil. Fora, que ainda não há previsão de concurso público.

No ano passado, fiz estágio numa escola que, segundo dizem, é uma das melhores da região em comportamento de alunos.

Fiquei apavorado!

Na minha época, havia 2 ou 3 alunos na sala que eram terríveis. (Lembrando que eu estudei com o Oscar Filho).

Hoje, 90% da galera é terrível. Eles gritam o tempo todo, arrastam a carteira, saem na porrada por qualquer coisa, jogam bolinha de papel no professor (e no estagiário) e falam mais palavrão que a Dercy Gonçalves.

Às vezes, fico em casa pesquisando livros de Pedagogia e Psicologia Infantil, tentando buscar métodos de controle desses alunos pra quando eu for dar aulas. Mas, confesso que foi num livro comprado num sebo, chamado “Homem-bomba na sala de aula” que encontrei uma boa estratégia de ensino:

Entro na sala, paro ao lado da minha mesa e digo o seguinte:

- Bom dia! Meu nome é Paulo, vou dar aula pra vocês de Língua Portuguesa e exijo que vocês fiquem em silêncio absoluto. Seja por bem, seja por mal!

E nesse mesmo instante eu retiro da minha mochila uma granada e a coloco sobre a minha mesa.

Claro que essa história da granada é uma brincadeira!

Na verdade, eu quero ver se arrumo uma ogiva nuclear.

8 comentários:

  1. Paulo,

    Como sempre adorei o post! Parabéns!

    Adorei a parte que vc mencionou o Oscar Filho! Ele devia ser um peste mesmo!

    Mas concordo com você sobre 90% dos alunos serem terríveis. Eu tenho pena daqueles 10% que querem aprender alguma coisa!

    Mas boa sorte na carreira de professor!

    Até mais!

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  2. Karen, o Oscar era terrível no sentido de fazer bagunça e palhaçada, mas nunca foi sem educação como o povo de agora.
    Acho que pra ser professor, além de sorte eu tenho que comprar uma armadura.
    Abraço!

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  3. Adorei o post! Ia inclusive passar no teu orkut pra fofocar umas novidades, coisa que ainda preciso fazer :P
    Olha, eu achava que isso era só problema de escola pública, viu. Mas que nadaaaa! Estou como professora numa escola particular e estou no inferno. Bando de gente sem educação, sem noção, nunca vi igual. Depois te conto alguns causos. E a sua dica me inspirou, acho que vou colocar uma peixeira em cima da mesa na próxima aula, é o jeito :P

    Beijos, Fê.

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  4. Hahahaha! Peixeira é muito bom!

    Fê, conte-me logo esses causos. Preciso de inspiração e ideias pra escrever.

    Beijão!

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  5. Professor Paulo hahaha

    imagino como era o Oscar numa sala de aula e vc como professor hahaha

    Mas acho q vc daria um bom professor...hahhaa

    ótimo texto

    bjo

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  6. Juh, tô me preparando pra dar aulas daqui um bom tempo, quem sabe, numa próxima encarnação. (Se tiver).
    Abraço!

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  7. Gostei da idéia da ogiva!!
    Só de lembrar dos meus estágios da graduação com alunos de 5ª série, me dá vários tipos de arrepios!! Quando tive de separar uma briga, e olha q sou pequena, q absurdo!
    Me fervia o corpo de ver e ouvir quando estava em frente a turma, quase fazendo um verdadeiro carnaval p tornar a aula mais interessante, e sempre tinha 3 ou 4 que faziam um barulho ridiculo com a boca. Ah q vontade de soltar uma bomba
    Meninas mais velhas colocando pavor p os demais da classe, e se vc fizesse cara feia, poderia ser vitima de chacota ou de ameaças!
    E tem muito mais, sem falar de quem deveria educar e dar exemplo, o professor da classe, chamando de hienas, burros (parecia zoológico),mandando calar a boca! E assim querem respeito desse jeito.
    É, não está nada fácil ser professor, mas ainda sim, acredito que só a educação fará a diferença desses jovenzinhos!
    Parabéns pelo blolg, como ja falei em outro post, to adorando.
    Abraço

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  8. Juliana, eu também acredito que a educação seja o caminho.

    Realmente, dá vontade de soltar uma bomba na sala. rsrs!

    Obrigado pelo comentário!

    Abraço!

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Obrigado pelo comentário!

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