quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Quando frases inocentes se tornam perigosas

Talheres a postos, o casal Geraldo e Berenice aguarda ansioso a chegada do tão falado novo namorado da filha Belinha, que vem para o jantar.

Ding-dong!!!”

- É ele!!!

Belinha entusiasmada abre a porta e com um sorriso arreganhado anuncia:

- Pai, mãe, este é o Chico, meu novo namorado.

A mãe, com os olhos apertados de quem está sob o sol, analisa o rapaz e comenta:

- Nossa! Você não me é estranho...

- Ihhh, Berê, já começou? – Para o rapaz: - Não liga não, minha esposa tem mania de achar que conhece todo mundo. Entra.

Todos se sentam na sala de estar.

- Escuta, – prossegue o pai Seu nome é como mesmo?

- É Chico, pai. – responde a filha.

- Francisco, você quer dizer?

- É, pai.

- Francisco de quê?

- Francisco de Assis Pereira.

- Nossa!

- Que foi, Berê?

- Não... Nada.

- Agora que começou, fala, mulher!

- É que este nome...

- O que tem?

- Não me é estranho...

- Ah, pronto! Lá me vem você de novo. O que é que tem de mais o nome dele? Francisco de Assis... Como é mesmo filha?

- Francisco de Assis Pereira.

- Francisco de Assis Pere... Nossa!

- O que foi, Geraldo?

Geraldo se levanta e começa a andar pensativo pela sala. De repente pára e encara o rapaz que até o momento não disse uma palavra.

- Geraldo, você tá bem?

- Espera! – dá mais uma olhada no rapaz. – Não pode ser!

- O que não pode ser?

- Se não me falha a memória, este nome “Francisco de Assis Pereira” é o mesmo nome do...

- Maníaco do Parque. – responde Belinha.

A mãe meio sem graça diz:

- Que coincidência, não, filha?

- Não, mãe, não é coincidência, não. Ele É o Maníaco do Parque mesmo. Aliás, ex!

- AHHH!!! MEU DEUS!!! AH, MEU DEUS!!!a mãe se desespera.

- Minha filha, você enlouqueceu? Você não pode namorar este sujeito! Ele é um criminoso, um torturador, um assassino, um psicopata...

- Pai, como você é careta! – para o namorado: - Vem, Chico, vamos embora daqui. – Para os pais: Aprendam uma coisa nesta vidinha medíocre de vocês: “As pessoas mudam”. Sai, bate a porta e nunca mais volta.


terça-feira, 29 de novembro de 2011

A arte de vender

Dizem que vender é tão trabalhoso quanto levar alguém para a cama.

Ou não...

O fato é que o bom vendedor precisa seduzir, oferecer ao cliente aquilo que ele procura ou então convencer este cliente de que ele precisa de algo que na verdade ele não precisa.

Em outras palavras, o vendedor é um enrolador! Pronto, falei!

Mas, isso não é uma crítica. Todos nós somos vendedores. Seja de produtos, de serviços, de ideias etc. O problema é que tem gente que não consegue vender nem a própria imagem (por falta de simpatia, de sinceridade, indiferença) quanto mais um produto.

Certa vez, entrei numa loja pra comprar uma bermuda. Uma moça com o semblante quase tão sereno quanto o de um Pit Bull faminto veio me atender.

- Você já foi atendido?

- Ainda não! Eu gostaria de saber o preço destas bermudas aqui...

- Ah, mas, essas não combinam com seu estilo não!

Espera aí! Como ela sabia qual era o meu estilo? Pela roupa que eu tava usando? Eu usava uma calça jeans e a bermuda que eu queria saber o preço também era jeans.

- Ah é? E qual é a bermuda que combina com meu estilo, então?

- Essas daqui.

De fato, as bermudas que ela me mostrou eram mais bonitas. E mais caras também, é lógico! Pedi uma tamanho M “só pra experimentar”. Ficou apertada e quando saí do provador para pedir o tamanho G, antes que eu falasse, ela pegou a bermuda da minha mão e disse:

- Já posso embrulhar, então? É pra presente?

Primeiro: se eu estava experimentando, era óbvio que era pra mim, portanto, não era para presente.

Segundo: como assim “posso embrulhar?”?

- Na boa, você está com pressa de atender outra pessoa? Pode ir, eu procuro outro atendente.

- Não, moço, o que é isso? É que a bermuda caiu tão bem em você e eu achei que iria levar.

Quando o vendedor mente, aí é o fim! Parece que está subestimando a nossa inteligência.

- Moça, como você sabe que a bermuda me serviu se eu a coloquei e a tirei dentro do provador? A não ser que você tenha me espiado...

- Bom... Eu... Eu vou pegar o tamanho G...

- Não precisa moça, muito obrigado! Vou dar mais uma volta por aí e qualquer coisa eu te procuro.

Nesta parte, o cliente também mente.

Os vendedores também pecam em certas propagandas.

Há um comercial de shampoo que usa dois garotos propagandas de cabelo bom, mas de popularidade péssima: o jogador português de futebol Cristiano Ronaldo (que pode ser considerado craque por alguns e lindo pelas mulheres, mas, que é extremamente arrogante e esnobe) e a atriz Carolina Dickman (linda, boa atriz, mas, que consegue ser odiada pelo público mesmo quando faz personagens boazinhas).

Outro dia mesmo estava na casa de uma pessoa e quando passou essa propaganda na TV ela falou: - Ih, credo! – E mudou de canal.

Aqui em Atibaia há uma loja de calçados que no período de Natal usa um método irritante de “caçar” os clientes. Todos os vendedores formam um paredão no meio da loja e se você quiser entrar, no caso, apenas para ir até o caixa pagar uma prestação, não adianta entrar com o carnê balançando porque pelos menos uns três vendedores vão perguntar: - Posso ajudá-lo?

Dá vontade de responder: - Pode! Pega este carnê, vai lá praquela fila gigante do caixa e paga a prestação com o seu dinheiro. Ok?

Já pensei até em fazer ginástica olímpica pra quando eles formarem este paredão eu entrar na loja correndo e dar um salto estilo Diego Hipólyto por cima deles.

Outra coisa que sempre ouvi falar em relação a vendas é de que o bom vendedor deve conhecer de fato o produto.

Por isso eu não entendi quando um amigo em crise no casamento foi pedir conselhos ao padre. O que um padre pode oferecer (vender) de conselho pra um casal? Ele nunca casou...

Bem, eu poderia tentar fazer muito mais gente ler as minhas postagens se colocasse, por exemplo, um título assim: “LEIA, COMENTE E CONCORRA A UM CARRO O KM, UMA VIAGEM DE 15 DIAS PARA O CARIBE E A UM LUGAR COM ACOMPANHANTE NO CAMAROTE DO SHOW DA IVETE SANGALO” e no final da postagem, colocar um vídeo do Sérgio Malandro dizendo assim: “Áh! Pegadinha do Malandro!”

Mas, acho melhor não correr o risco de vender uma imagem em que as pessoas me rotulem assim: “Oh, leiturista filho da p...


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Super Herói

Quando estou trabalhando, uso óculos, boné e uniforme.

Quando NÃO estou trabalhando, uso lentes de contato e gel no cabelo pra arrepiá-lo.

Lembra do Clark Kent? Então, bastava ele tirar aqueles óculos que se “transformava” no Super Homem. 

Com óculos ninguém o reconhecia. Com óculos, a sua identidade secreta estava protegida.

Comigo, acontece mais ou menos a mesma coisa. Faço a leitura da luz na casa de uma pessoa há anos. Chego lá, ela me cumprimenta. Mas, quando passo na frente dessa mesma pessoa fora do horário de trabalho, ela não me reconhece.

A diferença é que, ao contrário do Clark Kent, eu me “transformo” num super herói (Homem da Luz) quando coloco os óculos.

Meus poderes também são outros: a super paciência e a ironia dosada. Mas, assim como Super Homem, também solto fogo pelos olhos nos momentos de ira, como mencionei na postagem anterior.

O ponto fraco do Super Homem é a Cryptonita.

O meu é Pit Bull.

O uniforme dele é azul com cinto amarelo, capa vermelha e a bota das Paquitas na mesma cor. Ah, e claro, a cueca, também vermelha, por cima da calça.

O meu uniforme é: calça azul, cinto e sapatos pretos, camisa caqui e a capa (de chuva) amarela. Quando chove, pareço um quindim gigante andando pela rua.

Com tantas diferenças, é muito difícil que Super Homem e Super Leiturista sejam confundidos um dia.

Se bem que...

Dias atrás, estava fazendo a leitura da luz num mercado. Quando saí, dei de cara com uma mulher que conheci há muitos anos atrás. Ela, sem me reconhecer, perguntou:

- Ah, moço, você é o leiturista da luz ou da água?

- Da luz. E a senhora já deu aula pra mim.

Ela ficou apertando os olhos como se quisesse me enxergar melhor ou talvez pra espremer o cérebro buscando um caldinho de memória.

- Hummm. Como é o seu nome?

- Paulo. Paulo Sergio Furquim de Almeida.

- Hummm... (cara de quem tá chupando limão)

- Foi na terceira série, na escola José Alvim. Isso faz muito tempo...

Aí ela me surpreendeu:

- Em 1988, né?

- Isso mesmo. Só 23 anos atrás. A senhora lembrou-se de mim?

- Paulo Sergio... Paulo Sergio... Eu lembro vagamente... Mas, escuta... Você não era mais moreno?

Como assim???

Com esse verão que anda fazendo, mesmo usando boné e um quilo de protetor solar fator 15 milhões diariamente, com certeza hoje estou bem mais moreno do que eu era quando tinha 9 anos. Além disso, como eu poderia ser moreno e agora estar mais branco?

Nesse momento, na caixinha de som do mercado começou a tocar a música “Billie Jean” e então eu não tive mais dúvidas: a ex-professora estava confundindo o Homem da Luz com o Michael Jackson.

É por essas e por outras que eu falo: ser o Homem da Luz às vezes não é fácil.

Mas, é bem divertido!


sábado, 5 de novembro de 2011

Reiki

REIKI é uma terapia baseada na canalização da energia universal (rei) através da imposição de mãos com o objetivo de restabelecer o equilíbrio energético vital de quem a recebe e, assim, restaurar o estado de equilíbrio natural (seja ele emocional, físico ou espiritual); podendo eliminar doenças e promover saúde. (FONTE: Wikipédia)
  



Tenho aparecido muito pouco aqui no blog. Não por falta de vontade. Por falta de tempo mesmo.

Por que o ser humano corre tanto?

Às vezes, olho pra minha vida e também pra vida daqueles que me rodeiam e vejo tanta correria, tanta ansiedade, tanto estresse que tenho a impressão que vivemos dentro daquele comercial das Casas Bahia onde aqueles caras ficam anunciando preços e promoções desesperadamente como se depois dali tivessem que voar pra dar tempo de tirar o pai da forca.

CHEGA!!! Foi o meu grito de protesto há duas semanas.

Na penúltima quarta-feira, resolvi tirar algumas horinhas pra relaxar e fui fazer uma sessão de Reiki.

Depois de esperar num grande salão com luzes e música calmantes, entrei num quarto e me deitei numa cama feita de bambu. Um cara veio e colocou uma pedra na palma de cada uma das minhas mãos e outra pedra maiorzinha bem em cima do meu estômago, digo, do meu chakra. Em seguida, fechei os olhos e ele começou a aplicar o Reiki sobre minha cabeça.

Eu achei que era papo-furado essa história de que a gente sente o calor saindo das mãos da pessoa que tá aplicando o Reiki na gente. Mas, olha! Tenho que admitir que é verdade. Minha orelha tá assada até agora... Brincadeira! Falando sério, deu pra sentir mesmo a temperatura das mãos dele.

Saindo dessa sala, voltei ao salão de espera. Muuuuuuuuito mais calmo. Muito mais equilibrado... Até que...

Neste salão de espera é pra gente ficar esperando em silêncio. Mas, havia duas garotas do meu lado que estavam mais interessadas em comentar como havia sido o final de semana delas na festa do tal do primo do Tiaguinho.

Um senhor que toma conta do lugar entrou no salão umas 40 vezes pedindo silêncio, mas, as duas vacas, digo, meninas, simplesmente ignoravam o pedido dele.

Resultado: tudo o que eu havia relaxado com a primeira parte da terapia de Reiki, eu havia perdido ali, do lado daquelas duas matracas!

Houve um determinado momento em que indiscretamente virei meu pescoço em direção aquelas garotas e tentei, juro que tentei, aplicar um Reiki com o meu olhar dentro dos olhos de uma delas pra ver se conseguia queimar uma de suas retinas e ela, com muita dor, tivesse que sair dali às pressas para ser levada a UTI e assim, deixasse-nos em paz para continuar a terapia...

O fato é que não adiantou nada! Elas continuaram falando. Então, me levantei e sentei na outra ponta do salão. Elas perceberam que estavam incomodando, mas, ao invés da minha ação fazer com quem elas parassem de falar, acabou lhes rendendo mais um assunto.

Depois disso, passei por outras salas. Fiz auto-massagem, exercícios de respiração e mais duas aplicações de Reiki. A última foi a melhor de todas. Entrei num quarto todo branco, deitei numa espécie de cama de hospital e duas pessoas ao mesmo tempo me aplicaram o Reiki. Além do calor das mãos das pessoas, senti um estado de relaxamento e de paz tão grande, que quando me mandaram abrir os olhos eu me assustei: “Meu Deus, eu morri?”

Mas, é assim mesmo. A gente anda tão agitado que quando consegue uns cinco minutinhos de paz até assusta.

Sem dúvida, o Reiki é excelente para relaxar e reequilibrar nossas energias. Mas, pra mim, a melhor terapia é essa aqui: escrever!


  

sábado, 22 de outubro de 2011

Creme Dental




Ultimamente, uma das propagandas que mais se tem visto na TV é daqueles cremes dentais que prometem deixar os nossos dentes mais brancos em menos tempo.

Outro dia, estava sentado no sofá da sala da minha mãe, quando minha sobrinha apareceu e ficou plantada na minha frente, calada e me olhando com um sorriso que parecia querer dizer “peidei, mas, não fui eu”.

- O que foi, Nathália?

- Você não reparou nada?

- Hummm... Cortou o cabelo?          

- Não.

- Pintou?

- Não, tio. Não é o cabelo.

- Então, é o quê?

- O dente.

- Ah! Já sei: tirou o aparelho!

- Tio! Eu tirei o aparelho já faz 6 meses!

- Putz! Então... Não sei.

- Eu sabia que não funcionava. – jogou uma caixinha de pasta de dentes na minha mão e sentou-se aborrecida.

Na caixinha, além da marca do produto havia uma espécie de subtítulo que era a promessa do que aquele creme dental poderia fazer pela gente: “White Now”. Que traduzindo para o português quer dizer algo como “branco agora” ou “branco imediato”.

Eu mesmo já acreditei nessas propagandas enganosas. Agora não acredito mais. Mas, como continuo querendo ter os dentes brancos, estou recorrendo a sabedoria popular, ou seja, chego pras pessoas que conheço que têm os dentes brancos e pergunto qual o segredo do sucesso.

O pai desta minha sobrinha mesmo, os dentes dele são bem brancos. Sabe qual o seu segredo? Escová-los com sabonete neutro!

Eu tinha um amigo na faculdade que também escovava os dentes com sabonete. Não porque quisesse ter os dentes mais brancos. Seu objetivo era amenizar o terrível mau hálito. Por isso, ao invés de sabonete neutro, ele fazia uso de sabonete infantil, tipo Johnson, Pom Pom...

Certa vez, ele chegou pra xavecar uma garota que ele era muito a fim. Ele mal começou a falar e ela disse:

- Hum, que cheiro de neném...

E antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, ela completou:

- ...cagado!

Bem, penso que se eu realmente quisesse deixar os meus dentes mais brancos a qualquer custo, seria bem mais radical na escolha dos produtos. Se um simples sabonete neutro pode fazer maravilhas pelos meus dentes, o que não faria a utilização de sabão em pó Ace para a escovação, seguido de alvejante Vanish usado como enxaguante bucal?

Mas, falando sério, a pessoa que conheço que possui os dentes mais brancos é a tia da minha mãe. Seu apelido é Gui e ela é um bocado perturbada da cabeça. Mas, quem não é?

Certa ocasião, tive a oportunidade de ficar a sós com essa minha tia-avó e depois de elogiar a brancura de seus dentes, não perdi mais tempo:

- Tia Gui, posso te perguntar uma coisa?

- Pode, filho.

- Qual o segredo dos seus dentes serem tão brancos?

E ela, com toda a sinceridade e humildade do mundo, respondeu:

- O segredo é deixar a dentadura de molho na água sanitária durante a madrugada.

E a família achando que a gengiva esbranquiçada da tia Gui era sinal de anemia...


domingo, 18 de setembro de 2011

Barraco no Motel




Certo dia, ou melhor, certa noite, estava saindo do motel com uma pessoa e assim que tiramos o carro da garagem percebemos que gritos muito altos de um homem e uma mulher vinham de um quarto bem à frente.

- Opa! O negócio ali está bom!

Mas, prestando atenção, percebemos que não se tratavam de gritos e gemidos de quem estivesse tendo uma noitada selvagem de amor. O casal estava discutindo feio!

Ouvimos o barraco por alguns minutinhos e saímos dali dando risada da situação. Mas, o melhor ainda estava por vir. Quando passamos na cancela da saída, estávamos esperando a vistoria no quarto para fazer o pagamento, quando ouvimos a outra atendente dizer ao telefone:

- Desculpe o incômodo. Quarto 52, correto? Então, parece que está havendo uma discussãozinha aí e os outros clientes estão reclamando. Será que dá para vocês brigarem um pouquinho mais baixo? Obrigada!

Como assim brigar mais baixo???

É claro que a partir daí, passei a imaginar histórias na minha cabeça...

Imagina os outros clientes incomodados com a briga:

- Poxa, Cleber, o que está acontecendo com você hoje?

- Poxa, Marta. Você não tá ouvindo a briga aqui do lado?

- Tô. Mas, se concentra, vai!

- Tô tentando.

O casal recomeça. Ele está quase atingindo seu objetivo, quando ouve algo que o desconcentra de vez.

- O que foi agora, Cleber?

- Você não ouviu?

- O quê?

- Ela o chamou de “broxa”.

- E o que você tem a ver com isso? – ela olha pra baixo. – Ah, já entendi. A carapuça serviu...

Eu fico imaginando o que leva um casal a pagar pra ir ao motel e começar uma discussão.

- Vai, Valéria. Agora você passa a mão aqui por trás... Não, essa não, a outra...

- Assim?

- Isso! Agora, estica a perna direita, não, a esquerda. É acho que é a esquerda mesmo. Esterça a pélvis para o lado. Isso, encaixa.

- E agora?

- Agora, mexe.

- Não dá.

- Como não dá. Tá aqui no livro. Olha... Ai, merda. Derrubei o Kama Sutra. Desencaixa que eu vou ter que pegar o livro pra conferir a posição de novo.

- Não, dá.

- Como não dá?

- Entalou?

- Vai Valéria, deixa de ser lerda.

- Não me chama de lerda.

- Mas, é lerda mesmo. Tô falando do jeito que tem que fazer a posição, tô mostrando a fotografia, e você não acompanha.

- Mas, também, você vem com esses malabarismos aí pra cima de mim. Isso é sexo ou treinamento pro Circo de Soleil?

- Qual é?! Você vivia reclamando que a gente precisava sair da rotina na cama e agora que eu dei um jeito você fica reclamando? Ah, vá pra Put...

- NÃO ABAIXA O NÍVEL, NÃO!!! NINGUÉM TÁ FALANDO PALAVRÃO AQUI!

- AH, É? AH, É? E QUEM É QUE TÁ GRITANDO? SOU EU?

- TÁ GRITANDO SIM!

- AGORA EU TÔ MESMO!

- VOCÊ É UM CAVALO!

- Obrigado! (irônico)

- Hahaha! Não seja ridículo!

- Que foi?

- Você só é cavalo na hora de dar coice, porque de resto...

- Ah, minha filha. Nunca ninguém reclamou. Muito pelo contrário. Sempre recebi elogios e pedidos de bis.

- Hahaha! Faz-me rir.

- Ah, é? Ah, é? Se eu não te satisfaço, porque é que você continua comigo então?

- Porque eu sou uma burra.

- Some então. Vai! SOME DA MINHA VIDA PRA SEMPRE SUA VACA!

- EU VOU SUMIR ASSIM QUE EU SAIR DAQUI! E VOCÊ NUNCA MAIS VAI VER A MINHA CARA, SEU BROXA!

- CALA A BOCA OU TE DENUNCIO POR CALÚNIA!

- BROXA! BROXA!

- PÁRA DE GRITAR, SUA LOUCA!

- BROXA!

O casal continua discutindo, dizendo palavras de baixo calão e gritando cada vez mais alto. Até que o telefone toca.

- Ai, mais essa agora... ATENDE ISSO, JUNIOR!

- NÃO DÁ! Tá mais perto de você.

- INFERNO!

Com os dedos dos pés, ela consegue atender ao telefone e, por incrível que pareça, colocar no ouvido.

- Sim, é do quarto 52. Ah, Desculpe! (Que vergonha!) A gente vai parar de discutir sim... Viu, moça, será que dá pra você dar um pulinho até aqui? É que a gente tá com um pequeno probleminha... Como?... Produtos eróticos?... Consolo de borracha?... Ah, não. Não estou falando do “probleminha” do meu namorado. É que ficamos enroscados e... Como não dá?... Regra do motel? Mas, escuta, nós estamos enroscados, é sério!... Tá bom, tá bom! Eu dou um jeito.

Desliga o telefone e com os dedos do outro pé, ela consegue discar para o Corpo de Bombeiros.

Depois de explicada a situação e enquanto esperam enroscados e em silêncio a chegada do socorro, o namorado pergunta:

- Valéria.

- Oi.

- Posso te fazer uma pergunta?

- Já fez.

- Outra.

- Pode.

- Como você teve tanta flexibilidade pra atender ao telefone e ainda por cima conseguir ligar para os bombeiros?

- Ah, é que eu já fui contorcionista.

- ENTÃO POR QUE VOCÊ NÃO MEXEU NA HORA QUE TINHA QUE MEXER?

- NÃO GRITA COMIGO!

E a discussão no motel recomeça, para desespero dos casais ao lado.


domingo, 4 de setembro de 2011

Moleque folgado


Jeferson, um garoto de 14 anos, caminha pela rua quando é abordado por dois policiais:

- Mão na cabeça, moleque! Encosta na parede e abre bem as pernas.

Enquanto um policial faz a revista, o outro começa o interrogatório:

- Tá indo pra onde?

Sem demonstrar medo, o garoto responde com a voz firme:

- Pra casa da minha avó.

- E tá vindo de onde?

- Fui buscar uns bagulhos.

- BAGULHOS?o policial anda em direção a Jeferson e quase o espreme na parede. Com o rosto a alguns centímetros de distância do garoto, ele pergunta: - Que bagulhos?

E o garoto, que apesar de magricela não tem medo de encarar ninguém, responde:

- Farinha e erva.

O policial fica irado com a petulância daquele menino:

- Você tá de brincadeira comigo?

- Não.

- CALA A BOCA!!! Cadê os “bagulhos” que você foi buscar?

- ...

- RESPONDE!!!

- O senhor não me mandou calar a boca?

O policial dá um tapa na cara de Jeferson que derruba a sacola com a farinha e a erva dentro da boca de lobo. O garoto só não apanha mais porque o outro policial, que até então estava quieto, impede o seu companheiro nervoso de prosseguir:

- Calma, Lopes.

- Que calma?! Você não tá vendo que este moleque é folgado? Vem falar na minha cara que foi buscar “farinha” e “erva”? Tá pensando o que? Que eu tô aqui de brincadeira? Ah, mas, ele vai ter o que merece.

Os policiais colocam o garoto na viatura e o levam pra delegacia. Só Deus sabe o que se passa por lá...

Enquanto isso, dona Benedita, a avó de Jeferson, espia a rua da janela:

- Mas, onde será que esse menino se meteu? Já faz mais de uma hora que mandei ele buscar farinha e erva-doce pra eu fazer um bolo de fubá e ele não voltou até agora. O moleque folgado viu!?










sábado, 27 de agosto de 2011

A Arca de Noé



Noé, o único homem justo da Terra em sua geração, tinha planos de descer pra Praia Grande no feriadão. Contudo, após assistir a Rosana Jatobá anunciar a previsão do tempo no Jornal Nacional, teve que mudar de ideia: era previsto um dilúvio no final de semana.

- Pobre é uma merda mesmo! A gente vive só trabalhando. Aí, quando consegue juntar um dinheirinho pra levar a mulher e a criançada até a praia, chove. Ah, pelo amor de Deus viu! - Reclamava Noé, quando o telefone tocou.

- Não vai atender? – perguntou sua esposa.

- Atende você. E se for o cobrador das Casas Bahia de novo, diz que ele ligou pro número errado.

- Alô! Ah, sim. Só um minuto. É pra você.

- Quem é?

- Deus.

Deus disse a Noé que iria destruir o mundo por causa da perversidade humana e, como tinha um xodó por ele,  mandou que construísse um grande navio para salvar a sua família e um casal de cada espécie de animal.

- Mas, Senhor, o que eu faço com a baleia?

- Meu filho, as baleias não precisam ser transportadas na Arca, pois elas sabem nadar, seu cabeção. – respondeu Deus.

- Não, senhor. Eu falo da baleia da minha mulher. Vou ter que levar esse bucho comigo? Será que não tem como o senhor quebrar o meu galho e eu partir sozinho. Tipo assim: depois que as águas baixarem, eu vou parar numa ilha e encontro uma índia de corpo escultural, saca Pocahontas? Então, e aí a gente povoa a Terra de novo... Que tal?

Deus, caso não fosse Deus e não tivesse a paciência suprema, diria nessa hora: “Ai, meu Deus do céu! Aja paciência!” Mas, apenas respondeu: - Não rola!

Com o telefone da madeireira em mãos, Noé fez a encomenda do material.

Não se sabe ao certo, como ele conseguiu construir uma Arca tão grande em apenas uma semana. Mais estranho que isso, foi à loja de material de construção ter entregado sua encomenda com tanta rapidez, apenas 15 minutos após ter sido feito o pedido.

Coisa de Deus mesmo.

Na sexta-feira à noite, Noé colocou sua família e todos os casais de animais em sua Arca, inclusive a baleia.

No sábado, por volta do meio-dia, o céu começou a escurecer. Com apenas 5 minutos de chuva, todas as casas da redondeza ficaram submersas, o que leva muitos estudiosos bíblicos a acreditarem que Noé e sua família moravam na grande São Paulo. (Ou quem sabe no Parque das Nações, um bairro aqui de Atibaia).

O problema maior de Noé durante a viagem foi, primeiro: dar ração para aquela bicharada toda.

Segundo: livrar-se de tanta bosta acumulada!

Dizem inclusive que quando Noé despejou todas aquelas fezes animais no mar de uma vez, a merda era tanta, que deu origem a uma ilha.

Bem, a certa altura, Deus, que sempre andou muito ocupado, lembrou-se de Noé e interrompeu o dilúvio.

Noé e sua esposa, assim como Adão e Eva, tiveram a missão de povoar novamente a Terra. Não era uma missão fácil. Afinal, Noé já estava mais do que enjoado daquela baranga de mulher que era a única no mundo que lhe restara. De onde tiraria inspiração?

Até que num belo dia, um viajante do futuro vestido com um macacão branco e que era a cara do Wagner Moura chegou ao vilarejo onde Noé morava. O tal homem trazia diversas muambas futuristas e os dois logo começaram a negociar.

- Eu tenho um celular com entrada pra quatro chips pro senhor, seu Noé.

- Xi, meu filho, o sinal aqui é péssimo. E, além disso, vou ligar pra quem?

- Pra Deus.

- Deus tá usando Nextel.

- Ah...

Conversa vai, conversa vem, o homem do futuro tirou da mochila algo que seria a solução para o problema de falta de inspiração de Noé: uma coleção de Playboys: Juliana Paes, Cléo Pires etc.

Em troca das revistas, o viajante do tempo levou para o futuro pedaços de madeira da Arca de Noé que são vendidos em certas religiões hoje em dia e ninguém bota fé.

Noé, graças às revistas, encarou a esposa e repovoou o mundo. Quando já estava velho de barba branca, começou a ver e conversar com duendes. Sua esposa, pensando que ele estava caduco, tentou interná-lo numa casa de repouso, mas, o velho Noé fugiu para outro continente.

No Polo Norte, mudou de nome: Noel. Comprou um barracão e junto com os duendes passou a fabricar brinquedos que são distribuídos às crianças boazinhas todos os anos até hoje, na véspera de Natal.
  

sábado, 30 de julho de 2011

A Carona


A sede da empresa onde estou trabalhando fica no final de uma longa avenida. Como a maioria dos funcionários usa uniforme e também quase todos têm que passar por essa avenida, é muito comum que pessoas que se deslocam até lá à pé, como eu, acabem pegando carona no meio desse trajeto.

Dias atrás, estava indo para a empresa quando um senhor de bigodes parou o carro do outro lado da avenida e gritou:

- Tá indo pra lá?

- Sim. – respondi.

Atravessei a avenida, entrei no carro, botei o cinto e o homem iniciou a conversa dizendo que tinha uma reunião importante lá.

- Escuta, que horas você entra no trabalho?

- Bato ponto as 7:30h.

- E dá tempo?

- Ah, sim. Já estou acostumado a andar rápido todos os dias. Em quinze minutos dá tempo de sobra de chegar lá.

Passamos em frente a empresa que trabalho. Mais adiante, ficava o retorno obrigatório.

Mas, o homem passou também pelo retorno...

Comecei a achar aquilo muito estranho. Seria ele um sequestrador mandado pela minha ex-mulher?

- Olha, o senhor tá indo pra onde?

- Tô indo pra lá.

Meu Deus! Onde era o “pra lá” dele? Comecei a olhá-lo disfarçadamente. Não tinha cara de sequestrador. Nem de maníaco sexual com fetiche por uniformes. O que estava acontecendo então?

Já estávamos entrando na pista.

- Mas, o senhor vai “pra lá” por aqui?

- Sim. Mais adiante tem um retorno.

- Mas, nós acabamos de passar por ele.

O homem torceu o bigode. “Pronto!” – pensei – “Agora ele vai sacar a arma e dizer que é um assalto.”

Mas, peraí! Quem tava de carro era ele. Se fosse pra rolar um assalto quem teria que assaltar era eu, que estava a pé. Tinha alguma coisa errada ali. De repente ele perguntou:

- Mas, você tá indo pra onde?

- Eu tô indo pra Elektro (que ficava bem lá atrás, na grande avenida). E o senhor?

- Eu tô indo pra Mercotubos (que ficava bem lá na frente, na Rodovia Dom Pedro).

Depois de dar uma boa gargalhada, o homem disse:

- Puxa vida! Confundi o seu uniforme com o do pessoal que trabalha na Mercotubos.

Provavelmente, o uniforme deles deve ser amarelo gema ou vermelho sangue.

E o meu é azul marinho.

Não é a primeira nem a última vez que alguém me confunde com um profissional de outra área. Já me chamaram de leiturista da água, carteiro, policial, vendedor de zona azul e até juiz de futebol.

Ser leiturista tem dessas coisas. Ainda bem. Pois rende boas histórias!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

CMTA - Corpo Municipal de Teatro de Atibaia no Festival de Inverno de Atibaia 2011

Matéria e fotos da apresentação do último dia 22 de julho do CMTA - Corpo Municipal de Teatro de Atibaia no Festival de Inverno de Atibaia no auditório do Centro de Convenções Victor Brecheret da peça "A Farsa do Juiz ou As Peripécias de João Brás".

Clica AQUI!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

"Nem Morto!"



Dias atrás, um colega de trabalho chamado Vitor foi fazer leitura de luz numa cidade vizinha à Atibaia.

Chegando ao cemitério da cidade, descobriu que havia um relógio de energia elétrica dentro da sala de velórios, que estava fechada. O jeito seria entrar pelo portão do cemitério que ficava do outro lado do quarteirão.

Mas, quando Vitor já caminhava em direção ao seu destino, alguém com uma voz muito estanha o chamou:

- Ei, moço!

- Ai! (primeiro susto)

- Você vai marcar a leitura da luz aqui na sala de velórios?

- Vou sim. (virando-se e encarando a mulher) – Ai! (segundo susto)

- Eu abro pra você.

A sinistra mulher sacou do bolso um molho de chaves e abriu a porta. Em seguida, perguntou:

- Você vai tirar a leitura da minha casa também?

Se ele nunca havia visto aquela mulher na vida, como ele poderia saber onde ela morava? As pessoas andam assistindo muito “O Astro”... Além disso, com aquela aparência, era bem provável que ela morasse nas profundezas do inferno.

- Mas... Onde a senhora mora?

- Na Rua Belo Horizonte.

- Eu marquei luz lá ontem.

- Ué? Mas, você não entrou na minha casa. Eu tava lá. Tenho certeza! Eu tô de férias.

- Bom, provavelmente o relógio de energia da sua casa fica do lado de fora.

- Ah, mas na minha casa tem muitos outros relógios. Tem na sala, na cozinha, no QUARTO...

Foi nesse momento que Vitor pensou: “Mas, antes tivesse dado a volta, atravessado todo o cemitério e cruzado com uma alma penada...” Terminou a leitura e agradeceu:

- Obrigado, senhora!

- Moço, você é quem vai tirar leitura aqui sempre?

- Acho que sim.

- Ai, que bom! Aqui nessa cidade só tem homem feio. Como é o seu nome?

- Vitor.

- O meu é Adélia. Prazer! Sou coveira.

E quando ele já estava a certa distância do local, ela completou:

- Volte sempre aqui, viu!

E Vitor respondeu mentalmente: “Nem morto!”


sábado, 16 de julho de 2011

Teatro : A Farsa do Juiz ou As Peripécias de João Brás



Dia: 22 de julho (próxima sexta-feira)

Horário: 23 horas.

Local: Centro de Convenções Victor Brecheret

Os ingressos deverão ser retirados a partir do dia 18 de julho (segunda-feira) no Centro de Convenções Victor Brecheret, na Alameda Lucas Nogueira Garcez, 511 ou na Livraria Nobel Atibaia, na Alameda Lucas Nogueira Garcez, 2642, em troca de uma lata ou saquinho de leite em pó.  


sábado, 9 de julho de 2011

Virgem

Lembro-me como se fosse hoje.

Era início do mês de setembro. Eu era um adolescente muito tímido que estudava no primeiro colegial. Minha sala estava em aula vaga e todo mundo conversava animadamente. Eu disfarçadamente desenhava a caricatura de um colega quando, de repente, uma garota japonesa que nunca havia conversado comigo virou pra mim e perguntou:

- Paulo, você é virgem?

Um silêncio assustador se abateu sobre aquela sala. Ninguém respirava. Até os carros pararam de passar na rua. O único som que se ouvia era do meu coração batendo forte feito um tambor.

Durante 10 segundos fiquei paralisado. Olhava fixamente para a folha de papel a minha frente e pensava: Tenho cara de virgem?

Não era nerd. Não que os nerds não transem. Mas, pelo menos os nerds dos filmes americanos são tão fanáticos por estudo que não tem tempo pra pensar em outra coisa.

Estaria a japa querendo alguma coisa comigo? Não. Ela não iria ser tão direta e ousada assim. Ainda mais na frente dos outros.

Só me restou responder:

- Não.

- Não?

- Não.

- Ué? Mas, a Mariana disse que você era.

Meu Deus! A Mariana? Logo a Mariana que havia sido a minha primeira...

De repente, a Mariana, minha colega de classe e não a Mariana que eu havia ficado, interrompeu a japonesa:

- Ai, cala a boca Tesuko.

- Mas, por quê?

- Quem é do signo de virgem não é o Paulo Sergio e sim o Paulo Ricardo que, aliás, está fazendo aniversário hoje. VAMOS CANTAR PARABÉNS PRA ELE, GALERA: “PARABÉNS PRA VOCÊ...”