Talco

Tonhão era o típico cara machão: coçava o saco em público, cuspia no chão, arrotava e mexia descaradamente com a mulherada.

Quando a sua mulher engravidou, o ignorante foi logo dizendo:

- Tem que ser macho!

- Mas, Tonho! – disse a mulher – E se nascer uma menina?

- Deus me livre! Vira essa boca pra lá!

- Mas, Tonho...

- Se nascer mulher vai virar freira. Tá decidido!  EM BUMBUM QUE PAPAI COLOCOU TALQUINHO, MARMANJO NENHUM VAI COLOCAR A MÃO!

A sogra, em pensamento, praguejava: “Tomara que nasça uma mulher, tomara!”

Pra alívio de Tonhão, nasceu um menino.

Não que a ideia de ter outro “homem” em casa dividindo a atenção da esposa fosse algo que lhe agradasse. Ainda sim, era bem melhor do que ter uma menina.

O garoto cresceu sendo “abastecido” por todo tipo de exemplos e presentes necessários para se tornar um macho, um ogro, um homem de verdade!

Pra começar, seu pai lhe deu o nome de Francisco. Para que no futuro fosse chamado pelo másculo apelido de Chicão.

O menino ganhou um uniformezinho do Palmeiras, bolas de futebol, carrinhos de todos os tipos, Playboys e muitas aulas teóricas e práticas de como não desperdiçar a oportunidade de “azarar” uma mulher.

Mas, não teve jeito...

Assim que completou 18 anos, Francisco foi morar sozinho. Virou travesti e começou a se prostituir na Avenida da Saudade, de terça a domingo, das 21h às 6h da manhã.

E passou a ser conhecido por “Chiquinho Vem Que Tem”.

Quando lhe perguntavam o porquê de ter entrado nessa vida, ele respondia:

- Simplesmente porque eu gosto!

***

Uns dizem que foi ironia do destino.

Outros, que foi uma praga torta da sogra.

Mas, a verdade é que a culpa foi toda de Tonhão que nunca, jamais, trocou as fraldas de Francisco e, portanto, NÃO colocou talquinho no seu bumbum.

“EM BUMBUM QUE PAPAI COLOCOU TALQUINHO, MARMANJO NENHUM VAI COLOCAR A MÃO”

Cuidado com o que você diz! Um dia, pode se tornar realidade, como no caso de Tonhão.