sábado, 29 de maio de 2010

Como surgem as lendas - 2




(sugestão da Raquel: “como surgem as lendas”)


Há muito, muito tempo atrás, o mundo era uma grande floresta habitada por um único homem cercado de animais.

Não, não era o Tarzan.

Era Adão.

Certo dia, Adão resolveu fazer um churrasco, tipo Festa Americana. Ou seja, ele cedia a casa e os convidados levavam a comida (no bom sentido).

O único convidado que apareceu foi Deus. Até porque não havia mais ninguém para convidar.

Deus, que era vegetariano, não levou nenhuma carne. Mas, era tão gente fina que usou o seu poder para tirar uma costela do próprio Adão.

A costela era belíssima e como Adão já havia comido muito, guardou-a para comê-la mais tarde.

Assim surgiu Eva.

Adão e Eva formaram um casal como nunca se viu igual. Bom, também, como alguém poderia ver se ninguém ainda existia?

O fato é que eles se davam super bem. Nunca brigavam, eram carinhosos, educados e atenciosos o tempo todo um com o outro.

Mas, veio a crise dos 7 anos.

E aquela vida perfeita virou um tédio!

Eva resolveu que eles precisavam dar um tempo e foi dar um rolê pelo Jardim do Éden. No meio do caminho, encontrou a Árvore do Conhecimento cujo fruto era proibido.

Ah, mas, como Eva era teimosa! Meu Deus! Aliás, Deus que o diga, afinal, foi Ele quem disse para que não comessem o fruto: a maçã.

Eva não só comeu como a ofereceu a Adão que tinha ido atrás dela.

Tava feita a merda!

Depois disso, todo homem já nasceu pecador e com vergonha de “suas partes” (independentemente do tamanho).

E, como castigo, as mulheres passaram a ter menstruação.

(Por isso, leitoras, quando vocês estiverem de TPM não descontem em seus homens, pois a culpa disso foi de uma mulher: da Eva).

Bom, assim que Adão mordeu a maçã, ele já começou a se ferrar: quebrou o dente canino. Ficou com tanta raiva que atirou a maçã bem longe.

A maçã atingiu em cheio a cabeça de um jovem que descansava embaixo de outra macieira.

Ele se chamava Isaac Newton.

Ao ser atingido, Newton se perguntou: “por que em vez da maçã flutuar, ela caiu?”

Ele não estava chapado. Ele era apenas um físico, matemático, astrônomo, filósofo entre outras coisas.

Graças a essa pancada na cabeça, ele descobriu a Lei da Gravitação Universal.

E também por causa da pancada, ele teve que ir procurar uma farmácia, pra comprar um analgésico que curasse aquela dor de cabeça.

A maçã mordida ficou ali no chão. Nesse momento, passava por ali uma garotinha que estava a caminho da casa de sua avó para levar-lhe um bolo.

Ela se chamava Chapeuzinho Vermelho.

Chapeuzinho havia muito tempo queria levar uma maçã para o seu Gnomo de estimação. Mas, sabia que as maçãs daquela região eram proibidas de serem colhidas.

Quando encontrou aquela maçã mordida no chão, pensou: “Ah, ela já foi arrancada mesmo, que se dane!”

Ela pegou a maçã, deu meia volta e retornou à sua casa. Deixou a maçã mordida no seu jardim.  Dias depois, a fruta estava regenerada.

Graças, a magia do Gnomo.

Anos depois, uma rainha muito má, disfarçada de fazendeira passou por ali e pegou a bela maçã do jardim. Sua intenção era colocar um feitiço na fruta e entregá-la a Branca de Neve, de quem morria de inveja.

A “fazendeira” chegou à casa de Branca de Neve e lhe deu a maçã. Assim que foi embora, Branca mordeu com gosto a fruta e começou a se sentir muito mal até desmaiar.

Mas, ela não desmaiou por causa do feitiço não! Foi porque a maçã embora estivesse vermelha, bonita e viçosa por fora, por dentro já estava totalmente podre e bichada.

Os 7 anões pegaram Branca de Neve e a colocaram num caixão de vidro.

Certo dia, um príncipe que andava pelas redondezas avistou o caixão de vidro e a donzela que estava dentro dele. Ficou tão apaixonado que pediu aos anões para levá-la ao seu castelo.

No meio do caminho, a carruagem que transportava a moça chacoalhou tanto que ela acordou vomitando.

O príncipe, que era necrófilo, ficou tão decepcionado ao saber que a moça não estava morta, que a jogou da carruagem.

Branca de Neve, sem ter para onde ir, tomou uma decisão radical: tingiu o cabelo de loiro e foi trabalhar no Bordel de Madame Sophia.

Fez tanto sucesso com os homens que começou a despertar a inveja das outras putas.

Certa noite, rolou uma festa junina no puteiro. Hilda Furacão, a prostituta mais famosa do pedaço antes de aparecer Branca de Neve, ofereceu a esta um copo de vinho quente, com muita maçã, que ela mesma havia preparado.

Branca tomou o vinho, sem saber que estava envenenado, e foi até o banheiro pra trocar o absorvente.

De repente, começou a ficar sem ar, sem forças, até que morreu!

Quando percebeu que tinha morrido, ficou com tanto ódio que jurou que assombraria todos os banheiros do mundo. (Principalmente das escolas, não se sabe por que).

E então ela passou a ficar conhecida como: A Loira do Banheiro!


(sugestão da Denise Neri: “loira do banheiro”)

É que se eu colocasse lá em cima, estragava a surpresa. rs! Abraço!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Presentes




(sugestão da Raquel: “presentes”)






Existem pessoas que não tem a mínima noção na hora de escolher um presente para outra.



Joilson, desde criança, nunca gostou de ganhar cuecas.

Num certo final de ano, como alguns familiares estavam meio sem dinheiro, resolveram fazer um “Amigo Secreto de coisas baratinhas”.

E Joilson caiu na besteira de participar.

Em geral, as pessoas ganharam carteiras, porta-retratos, guarda-chuvas etc.

Já Joilson, adivinhem, duas cuecas!

Assim que percebeu o conteúdo do embrulho, Joilson deu um sorrisinho amarelo, embora sua vontade fosse dar um grito de revolta e depois chorar.

Mas, as cuecas eram tão pequenas, mas, tão pequenas, que assim que ele as viu, começou a gargalhar, pensando se tratar de uma pequena sacanagem do seu amigo secreto.

Só que passado 1 minuto, o amigo secreto não riu, e Joilson percebeu então que o presente era sério.

Pior foi o que o cara lhe disse depois:

- Olha, Joilson, eu comprei essas cuecas na feira e, portanto, não vai dar pra trocar, mas, acho que servem né?

Joilson chegou até a ficar ofendido.

Também pudera! Um negrão de 2 metros de altura, como Joilson, ganhar cuecas daquele tamanhinho e ainda por cima com etiqueta escrito MADE IN JAPAN, é óbvio que o cara ia ficar ofendido!

No mais, uma das cuecas era marrom e a outra bege. Isto é, além de apertadas elas  vinham em cores que davam a impressão de já terem sido usadas.







Por isso que eu digo: na hora de comprar presentes, procure algo do gosto (e do tamanho) da pessoa que vai recebê-lo.

Sei que muitas vezes é difícil de acertar do que o outro gosta. Mas, se a gente observar bem a pessoa, já conseguiremos perceber do que ela não gosta. Assim, pelo menos, já diminuímos a lista de possíveis presentes.

Abaixo, criei uma pequena lista de 10 presentes que nunca devem ser dados a determinadas pessoas.


- Nunca dê uma cueca MADE IN JAPAN para um africano;

- Nunca dê uma bíblia para um ateu;

- Nunca dê um vibrador para uma tia freira (nem para a sua avó, ela pode pensar que é uma escova de dentes elétrica);

- Nunca dê uma rapadura para um banguela (nem uma escova de dentes);

- Nunca dê um porquinho da Índia para um corinthiano;

- Nunca dê entradas grátis do GP de Fórmula 1 ou qualquer outro evento que contenha carros para mim (nem para o Luan); Contudo, carros de presente serão bem vindos!;

- Nunca dê um notebook para um monge budista ou um mendigo;







- Nunca dê a G Magazine do Vampeta para um skinhead;

- Nunca dê uma travessa de batata doce seguida de Activia para as visitas (sobretudo se elas sofrerem de gastrite ou hemorróida);

- Nunca dê um CD contendo a música Rebolation para mim. Aliás, para ninguém!

Gostaria que vocês me ajudassem a continuar essa lista.

A caixinha de comentários é de vocês!

VALEU!

terça-feira, 25 de maio de 2010

Pedrinha






Com 1450 metros de altitude, a montanha Pedra Grande é um dos pontos turísticos da cidade de Atibaia.

Lá é o local de encontro de praticantes de várias modalidades de esportes de aventura como: rapel, voo livre, trilhas etc.

Num ponto bem mais abaixo, há um local conhecido como Pedrinha.

Tal como a “Pedrona” a Pedrinha também é um ponto de encontro, só que noturno. Mas, ao contrário da primeira, ninguém ali pratica esportes. O foco são os jogos. Perigosíssimos, por sinal. Eu mesmo já presenciei alguns. Exemplos:

Certa vez, havia um grupo formado por quatro maconheiros chapadíssimos jogando truco em volta da fogueira. O jogo estava tão lento que até as corujas do local estavam bocejando. Um deles só percebeu que era a sua vez de jogar quando a ponta do seu cabelo começou a pegar fogo.

Também houve aquela vez em que um casalzinho estava praticando sexo acrobático dentro de um carro. Aliás, eu só percebi que era sexo quando, de repente, uma bunda branca surgiu e limpou o embaçado do vidro traseiro.

Até aí, tudo bem. O problema é que muito provavelmente o motorista do veículo havia se esquecido de puxar o freio de mão, pois o carro começou a andar vagarosamente para frente a cada movimento do casal.

Alguém pode pensar: “Mas, Paulo, isso não era da sua conta!”

Era sim, se levarmos em conta que na direção em que o carro seguia havia um precipício e eu não queria testemunhar um acidente!

Nós que estávamos em volta não sabíamos se avisávamos o casal ou se segurávamos o carro no muque até eles terminarem.

Eles estavam a ponto de se fuder, quer dizer, se fuder mais, quando, de repente eles pararam. A porta se abriu e a moça desceu furiosa.

O cara havia broxado, graças a Deus!

Claro que não apenas maconheiros e neo-alcoólatras frequentam a Pedrinha. Há pessoas que vão pra namorar (tanto casais convencionais quanto duplas de homens que certamente fantasiam estar no filme "O Segredo de Brokeback Mountain"), pra tocar violão e cantar, pra conversar e beber vinho etc.

Eu e meus amigos pertencíamos a este último grupo. (Do "conversar e beber vinho", não do etcetera!).

Certa vez, Rafael meu primo, Oscar e eu, fomos a Pedrinha na madrugada de uma virada de ano. havia bastante gente por lá. Sentamos próximos a uma fogueirinha quase apagada e ficamos conversando à espera do amanhecer. De repente, um cara chegou pra gente e perguntou:

- Opa! Beleza?

- Beleza! – respondemos.

- Viu, por acaso vocês tem aí uma LEDA pra me arrumar?

A única LEDA que eu conhecia era a Leda Nagle (jornalista). 






Mas, como ela não havia ido com a gente, eu respondi:

- Olha, LEDA nós não temos não, mas, se você quiser, a gente tem um pouco de vinho.

- Ah, não! Brigado! Isso aí me faz mal por causa dos conservantes. Dá azia!

Outra vez, estávamos lá, Oscar, Rubiana e eu. Conversávamos, quando chegou um cara sozinho. Ele nos cumprimentou e perguntou se poderia se sentar com a gente. Estávamos muito inspirados pra falar besteira e dar risada naquela noite. Num dado momento, a Rubiana, que estava deitada com a cabeça apoiada nas minhas pernas havia algum tempo, perguntou:

- Tá doendo suas pernas?

- Não – respondi. – Só deu uma gangrena, mas, tá tudo bem.

Todos riram. O carinha, que até aquele momento não tinha falado nada, apenas rido, resolveu comentar:

- A minha avó morreu por causa de uma gangrena.

Silêncio...

Depois disso, não havia mais clima pra piadas e resolvemos ir embora.

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Quando disse pra um amigo que contaria essas histórias no blog, ele me falou:

- Mas, Paulo, você não tem medo de denegrir a imagem da Pedrinha.

- Não. Eu adoro aquele lugar. Por quê?

- Ah, sei lá. Do jeito que você falou parece que lá só vai gente doida, só maluco. Parece que o lugar é uma droga!

- Chico (nome fictício), fique tranquilo, pois nenhum leitor vai achar que a Pedrinha é uma droga. Até porque, se ela fosse, os malucos já a teriam fumado.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Breve Ensaio sobre o armário

Imagine que você é criança e está brincando de esconde-esconde com os seus irmãos. De repente, você entra num guarda-roupa (armário) e descobre que dentro dele há um portal mágico para um reino encantado. Nesse reino, você encontra, entre outras coisas, um Leão.

Estranho?

Bem, isso acontece no livro e no filme: “As crônicas de Nárnia: O Leão, A Feiticeira e o guarda-roupa.”

E pra mim, a parte mais estranha dessa história toda é encontrar o Leão dentro do armário, pois, todo mundo sabe que o Leão (Lobo) saiu do armário faz tempo...






Refletindo sobre o tema “armário”, concluí que só há uma explicação para os gays não assumidos se manterem dentro do armário: no seu interior há um portal de acesso a parte de trás do armário, mais conhecido como “O Reino de Mário”.

Foi por isso, aliás, que surgiu aquela piadinha tosca:

“- Você conhece o Mário?

- Que Mário?

- Aquele que te pegou atrás do armário?”

Entenderam?

O Mário é o bofe dos enrustidos.

Mas, a parte mais reveladora dessa história virá a seguir:

Jorge é um homem casado que viaja muito a negócios. Certo dia, por conta de uma reunião cancelada, ele resolve voltar pra casa mais cedo. Ao entrar no quarto, encontra sua esposa deitada, com cara de surpresa. Mas, surpresa mesmo é encontrar do seu lado da cama um par de chinelos número 44.

- Maria Isabel, o que significa isso?

- Isso? Ah, isso é um chinelo.

- Eu sei, criatura! Eu quero saber de quem são?

- Oras! São seus!

- Maria Isabel, eu calço 37!

- Ahhhhhhhhh! Lembrei! É do Ricardo, meu manicuro.

- E por que está aqui?

- Ah, é que ele veio fazer minhas unhas e, mais tarde, a gente foi pra piscina. Aí, ele recebeu uma ligação de emergência, parece que uma cliente dele quebrou a unha, e ele saiu tão rápido que até esqueceu os chinelos.

- Sei!

Depois de pensar um pouco, Jorge conclui que Maria Isabel não inventaria uma história tão absurda dessas, logo, só poderia ser verdade.

Além disso, ele sabe que Ricardo é gay, embora, não assumido.

“Não há traição nem perigo” – ele conclui.


“Nunca subestime ninguém”, meu pai já dizia! Mas, foi isso que Mário fez!


Acompanhem o meu raciocínio.

Aonde se escondem os gays não assumidos:

Resposta: no armário!

E os amantes?

Resposta: no armário!

Como são conhecidos os amantes?

Resposta: Ricardão!

E como é o nome do manicuro?

Resposta: Ricardo!

Conclusão: trabalhe menos, dê mais atenção a sua esposa e não subestime alguém que tecnicamente pode oferecer o mesmo que você (ou até mais).







sexta-feira, 7 de maio de 2010

Pequeno Pônei - parte 4

(sugestão do Ciborgue: Pequeno Pônei)





Como o Oscar comentou no blog dele, na postagem "Premonição", a nossa turma de adolescência era a mais careta de Atibaia.

Éramos todos praticantes de esportes, não fumávamos, não bebíamos, não usávamos drogas, nem transávamos.

Esta última, não por opção, é claro!

Mas, algumas coisas mudaram. Quando fiz 19 anos, comecei a beber cerveja. Moderadamente.

Já o Oscar se mantém abstêmio até hoje.

Como sempre falamos muita besteira, algumas pessoas costumavam nos dizer:

 - Um dia, queria ver vocês dois bêbados. Deve ser muito engraçado.

Engraçado, é?

Resolvemos fazer um pacto: um dia iríamos tomar um porre juntos.

E isso aconteceu quando fui passar uns dias na casa dele em São Paulo.

Cheguei na sexta-feira. No sábado, fomos assistir a uma peça. Na saída do teatro, encontramos a amiga Fernanda que nos acompanhou a nossa aventura etílica.

Sentamos num lugar meio isolado, no segundo andar de um bar.

Começamos a conversar e tomar cerveja. Certa hora, fui ao banheiro e quando voltei o Oscar estava com uma caipirinha na mão.

“Vai dar merda!” – pensei.

Imagina uma pessoa que não estava acostumada a beber nem cerveja e resolveu misturar com outra bebida ainda mais forte. Não passou muito tempo e o Oscar começou a “filosofar”.

Por que será que bêbado é assim? O cara não tá aguentando nem ficar de olhos abertos e quer discutir os grandes problemas da humanidade.

Quando a ponta do meu nariz amorteceu e eu já não conseguia ouvir o que eles diziam, era o sinal de que já estava na hora de parar de beber e descansar antes de irmos embora.

O problema é que eu precisava muito ir ao banheiro de novo.

Enquanto o Oscar e a Fernanda conversavam, silenciosamente eu tentava traçar uma estratégia que me levasse direto ao meu objetivo sem desequilibrar.

Mirei bem a porta do banheiro. Imaginei que lá tivesse um alvo e me lancei feito um dardo.

Certeiro!

Ainda bem que o corredor estava vazio e nenhum garçom apareceu na minha frente.

Quando voltei, o Oscar estava de cabeça baixa e a Fernanda parecia estar consolando ele.

“Pronto! Aposto que já bateu a depressão pós porre. Bêbado é uma merda mesmo e...

De repente eu percebi uma gosma (que me lembrou muito o Geléia dos Caça-Fantasmas) bem embaixo do Oscar. Ele havia vomitado!

O pior é que surgiu um garçom do nada, com um rodo e um paninho na mão, querendo limpar logo o chão. Só que o Oscar ainda estava vomitando. No intervalo entre um “jato” e outro, ele disse pro garçom:

- Será que dá pro senhor limpar daqui a pouco? Eu ainda não terminei!

O garçom foi embora. Provavelmente ficou com medo do Oscar vomitar na cara dele. Eu então sugeri que o Oscar vomitasse na janela. Pra ficar menos chato.

Lembrando que estávamos no segundo andar, foi uma sorte não ter passado ninguém lá embaixo.

Nós três bebemos muito naquela noite. Mas, a Fernanda parecia que não tinha bebido nada! Era como se ela tivesse nascido com 3 fígados.

Quando saímos cambaleantes do bar, tive a sutil impressão de que estávamos sendo observados. E observados por pessoas bastante alegres, pois riam um bocado.

Fomos embora a pé e vejam vocês como os valores estão mudados hoje em dia: a Fernanda nos acompanhou até a portaria do prédio e depois foi embora, sozinha!

- Fernanda, você tem certeza de que não quer ficar? – o Oscar perguntou.

- Não, não. Tá tudo bem! Eu ainda vou para uma festa.

Aí eu tive certeza de que ela tem 3 fígados.

No dia seguinte, acordei muito cedo com um barulho vindo do banheiro. Levantei e tive a sensação de que alguém tinha jogado uma bigorna na minha cabeça, como acontece nos desenhos. Que ressaca!








Entrei no banheiro e vi o Oscar ajoelhado na privada vomitando. Ele virou pra mim e disse:

- O Cazuza tinha razão naquela última parte da música “Down em mim”.



TRECHO DA MÚSICA "DOWN EM MIM" (CAZUZA):

“E me lembrar, sorrindo, que o banheiro
É a igreja de todos os bêbados...”



Ele estava bêbado, vomitando, de ressaca, ajoelhado e jurando nunca mais beber.

Sacaram?

Quando ele finalmente parou de vomitar, eu descobri que estava com diarréia.

Começamos a fazer um revezamento naquele banheiro. A descarga foi acionada tantas vezes que deve ter faltado água no prédio por um mês.

Como o Oscar não parava de passar mal ele pediu pra mim:

- Paulo, pelo amor de Deus, cara, vai na farmácia comprar alguma coisa pra eu tomar.

Juro que fiquei com vontade de chorar. Imagina, eu em São Paulo, sem conhecer lugar nenhum, a pé e com piriri, tendo que procurar uma farmácia.

Mas, como eu estava menos ruim do que ele, eu fui. A farmacêutica disse:

- Olha, se ele tá do jeito que você me contou, é melhor você levá-lo ao médico.

“Só se eu vestir uma fralda geriátrica e levá-lo de cavalinho” – pensei.

Comprei o velho e bom Engov e o indispensável Epocler.

Nesse dia, o Oscar nem almoçou. E eu encarei um macarrão com molho meio frio.

E passamos o resto da tarde dentro do apartamento, quietinhos e assistindo ao filme “Moulin Rouge”.

Depois disso, o Oscar nunca mais vomitou, pois, nunca mais bebeu.

E eu, nunca mais tive diarréia, pois, nunca mais comi o lanche daquele bar.

Vocês não estavam achando que a culpa da minha diarréia foi da bebida, né? Foi do lanche, claro que foi!

Ou como diria o meu pai:

- A culpa é da azeitona!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Conto de Horror





Era 23h45min quando o telefone tocou. Do outro lado da linha, uma voz rouca e triste de mulher passou o endereço de onde ela estaria esperando.

O taxista Agenor, que parecia ter um GPS na cabeça, estranhou:

- Tem certeza? Esse endereço que você me passou é do cemité . . .

Tarde demais! Ela já havia desligado.

“Vai ver ela está num velório.” – pensou.

Exatamente a meia-noite, Agenor chegou ao local marcado. Não havia ninguém além de uma mulher muito branca, mas, tão branca, que provavelmente tomava banho com Vanish.

- Foi a senhora quem pediu um táxi?

- Sim, mas, não me chame de senhora. Senhora está no céu. E eu ainda vago por aqui.

Agenor, que desceu para abrir a porta do carro para a passageira, sentiu um calafrio.

Mas não de medo, de frio mesmo. Estavam em pleno mês de junho.

- Pra onde você vai?

- Avenida da Saudade.

- Que coincidência, eu moro lá.

Pelo retrovisor, Agenor não conseguia tirar os olhos daquela mulher. Ela tinha uma “comissão de frente” que causaria inveja na Mulher Melão. Mas, não era apenas por isso. Havia algo de misterioso em seu olhar.

Pra puxar conversa, o taxista fez um comentário “muito original”:

- Tá frio hoje, não?

- O senhor já tocou a pele de um cadáver?

- Hã?!

- São mais frios que as noites de inverno!

- A senhora, digo, você já tocou em algum?

- Sim. No meu gato preto que morreu, o Lúcifer.

- Puxa! E ele morreu como? Estava doente?

- Não. Eu o matei.

- Matou?!

- Atropelei-o com o cortador de gramas.

- Caramba?!

- Sabe, quando o peguei no colo ele ainda estava quente. Mas, quando o enterrei, 15 dias depois, parecia uma pedra de gelo.

- Nossa! Mas, porque você demorou tanto para enterrá-lo?

- É que eu fiquei a procura de um empalhador e quando finalmente o encontrei, ele disse que pelas condições em que o gato se encontrava, não seria possível empalhá-lo. O pobrezinho estava retalhado.

- Vixe! E você guardou o gato aonde esse tempo todo?

- Num saco plástico dentro do congelador.

Embora fosse fã do quadro “Lendas Urbanas” do Programa do Gugu, Agenor não acreditava em assombrações. Então só restavam duas alternativas: ou ele estava vendo e ouvindo coisas por causa do estresse de trabalhar muito e dormir pouco, ou aquela mulher era uma maluca.

Maluca ou não, ele estava cada vez mais interessado nela.

Agenor, embora fosse casado, não deixava passar nunca a oportunidade de dar em cima de uma passageira que lhe interessasse. E ele, que não era bonito, mas, tinha um xaveco fenomenal, na grande maioria das vezes conseguia alcançar o seu objetivo.

Depois de ouvir a história do gato, ele começou a usar sua lábia pra tentar seduzir a moça branquela.

Logo que entraram na Avenida da Saudade, ela gritou:

- Pare aqui!

- Aqui? Na casa 14?

- Sim!

- Você deve brincando?

- Por favor, chega desse seu papo furado! Abra a porta pra eu descer.

- Mas, aí é a minha casa!

A moça ficou vermelha feito um sagu de framboesa.

- Ahhhhhhhh! Sua danadinha! Já entendi: você quer conhecer a minha casa? Não é?

Sem saber o que responder, ela disse:

- É!

- Mas não vai dar. A Celinha, minha mulher, está aí. Mas, posso te mostrar a garage se você quiser! Vamo lá?

Agenor partiu pra cima da branquela que desceu correndo e gritando do carro:

- Por favor, não!

- Shiuuuuu! Calma! Você quer acordar os vizinhos? Vem aqui! (tentando beijar a moça)

- Não!

- Você não disse que queria?

- Não posso!

- Ah, vem?

- Não, me deixa!

- Escuta aqui (impaciente e segurando a moça pelo braço) Chega de fazer doce! Porque você não quer?

- Não posso!

- Não pode por quê?

- Porque... Porque... Eu sou... Travesti!

- O quê?!

Agenor largou imediatamente a boneca. Em seguida fechou os punhos e ameaçou dar um soco na cara dela. Mas, acabou desistindo.

- Bem que eu desconfiei. Onde já se viu uma mulher dessa altura? E esses peitos siliconados, então? Suma da minha frente antes que eu arrebente a tua fuça!

A branquela saiu correndo com seu vestido esvoaçante e sem os saltos para ir mais depressa.

Agenor entrou no carro e disse pra si mesmo:

- Quase beijei um travesti! Que horror! Antes fosse uma assombração!




Mas, Agenor nem imaginava que aquela não era a verdade!

A moça alta e branquela não era um travesti, nem tampouco usava silicone.

Ela se chamava Tamiris Brown, era uma norte-americana de 1,93 m de altura e a mais nova pivô do time de basquete da cidade de Itapopoquinha do Norte.

Desde que chegara ao Brasil, há três anos, Tamiris, todas as vezes que precisava sair à noite, usava o método de falar como se fosse maluca, aliado ao seu tamanho incomum para evitar que os homens de todos os tipos se aproximassem.

Já havia sido xingada muitas vezes por isso, de coisas como: bizarra, alma penada, Gasparzinha, Loira do Banheiro entre outros. Mas, era a primeira vez que alguém a havia chamado de “travesti de silicone”.

Mas, não era por isso que ela se encontrava chorando numa cabine telefônica. E sim, porque não havia se encontrado com sua amante tão amada naquela noite: Celinha.

- E aquele homem ainda queria me beijar! Ai que horror!!!