Há exatamente um ano, adquiri um Título de Capitalização.
O Plano:
Pagar uma parcela por mês, durante 72 meses, no valor de R$15,00 e concorrer a prêmios semanais de 10 mil vezes o valor da parcela.
O boleto, que chega em casa pelo correio, vence todo dia 15. Quando meu salário atrasa (o que ultimamente não é muito difícil) eu empresto a grana de alguém, mas, nunca deixo de pagar a parcela em dia.
Pois bem. Neste mês, o boleto não chegou a minha casa.
Fui até o Correio da minha cidade, no departamento de distribuição de correspondências. A única coisa no meu endereço era uma carta de cobrança no nome de um cara chamado Samuel que morou na casa onde moro a pelo menos 200 anos atrás.
Então, o problema era com o banco.
Fui ao banco. Expliquei a situação pra mocinha que ajuda nos caixas eletrônicos e perguntei com quem eu poderia falar.
- Fala com a moça das mesas.
- Qual delas?
- Com a Sueli.
- Mas, qual daquelas três moças que estão nas mesas é a Sueli?
- A Sueli é japonesa.
- Obrigado.
Cheguei às mesas e havia duas japonesas e uma mestiça. Pegadinha?
Ainda não.
De repente, chega outra atendente, também japonesa. Agora sim era pegadinha.
- Sueli?
- Sim.
- Olha, eu adquiri um Título de Capitalização e neste mês o boleto não chegou a minha casa. Quero saber como faço pra retirar a segunda via.
- Você tem que ligar para um desses telefones. (Rabiscando rapidamente os números num pedaço de papel).
- Mas, eu não posso fazer isso aqui no banco?
- Não. Porque quando isso acontece não é problema do banco. Quem envia os boletos é uma financeira.
Tipo assim: quando fui adquirir o Título de Capitalização (as leitoras que me perdoem agora) a atendente só faltou me oferecer a “periquita” dela em cima da mesa. Agora, que eu estava com um problema, o banco simplesmente me dizia: o problema é seu! Mané!
- E pela internet? É possível tirar a segunda via?
- Ah... Acho que é sim. É sim...
Fui embora pra casa e entrei na internet. Quando fiz o plano, o banco tinha outro nome. Recentemente ele foi vendido a outro banco e a página referente ao Título de Capitalização que adquiri, deixou de existir.
Coloquei na busca: “Segunda via para boletos”.
Não havia essa opção para Títulos de Capitalização.
Tive vontade de colocar na busca: “Como explodir um banco”.
Mas, achei melhor tentar primeiro o telefone.
Liguei pro 0800:
“Este telefone só recebe chamadas de localidades fora do estado de São Paulo”.
Liguei pro outro número:
Primeiro uma propagandinha básica do banco. Depois, aquele lance das opções: aperte 1 para explodir o banco, aperte 2 se estiver com a intenção de cometer suicídio, aperte 3 para..., aperte 9 para falar com um de nossos atendentes.
Apertei 9...
Durante 5 minutos fiquei aguardando alguém me atender. Até que finalmente... A ligação caiu.
Tentei novamente.
Por 15 minutos fiquei ouvindo aquela musiquinha maldita:
“Parará... papá... papá... Juntooooooos...”
E a ligação caiu de novo.
“- Vou tentar pela última vez!” – pensei.
“Seu crédito é insuficiente para realizar chamadas, recarregue seu celular na bancas de jornal...”
Como estava prestes a explodir o banco, decidi voltar lá no dia seguinte, mais calmo.
No dia seguinte, cheguei ao banco faltando menos de 5 minutos para fechar.
Estava de uniforme de trabalho e com a minha mochila cheia de objetos metálicos. É claro que a porta giratória apitou feito uma louca.
- Seu guarda, não dá pra tirar tudo da mochila. Não tem como eu deixar ela aqui fora? Eu preciso entrar urgentemente!
O guarda me aparece com uma chave e diz:
- Você pode guardar a sua mochila ali naquele armário.
Corri até o armário. Coloquei a chave e ela não girava. Tentei umas 6 vezes e nada.
- O senhor tem certeza de que essa é a chave certa?
- Ah, desculpa. Não é essa chave não.
Ele entrou e pegou outra chave.
- Tenta essa.
Na primeira tentativa:
- Consegui!
Quando fui entrar pela porta giratória apareceu um funcionário.
- Desculpe, mas, o horário de atendimento já acabou.
Fiquei tão NERVOSO, tão PUTO, que por muito pouco eu não me tornei o primeiro homem-bomba da história a explodir sem explosivos.
Peguei minha mochila, devolvi a chave pro guarda e passei no trailer do mercado municipal onde pedi um suco de maracujá bem reforçado pra acalmar.
Peguei meu suco de maracujá e caminhei até a praça. Respirei profundamente três vezes seguidas e me senti bem mais calmo.
Sentei num banco e quando fui dar o primeiro gole no suco, uma pomba cagou dentro dele.
Definitivamente, não tenho sorte com bancos!